Eric Clapton comenta a lenda do pacto com o diabo feito por Robert Johnson
Por André Garcia
Postado em 27 de junho de 2022
Herói de nomes como Jimi Hendrix, Brian May, Eddie Van Halen e Stevie Ray Vaughan, desde os anos 60 Eric Clapton era não apenas reconhecido como grande guitarrista, mas chamado de "Deus". Com seus fraseados melódicos e conhecimento enciclopédico de blues, com bandas como Cream e Blind Faith, e depois como artista solo, ele se tornou um dos mais conhecidos músicos do século.
E uma das maiores influências do Slowhand, como ele disse em 1990, é Robert Johnson: "Robert Johnson, para mim, é o mais importante músico de blues que já existiu. Ele era fiel, absolutamente, a sua própria visão. Até a profundidade que eu alcancei na música nos últimos 30 anos, eu jamais encontrei qualquer coisa tão profundamente cheia de sentimentos quanto Robert Johnson. Sua música permanece sendo o mais poderoso lamento que eu acredito que se possa encontrar na voz humana — eu sempre senti que ela parecia ecoar algo."
Conforme publicado pela Far Out Magazine, em entrevista para a Music Radar, em 2004, o guitarrista britânico foi perguntado sobre Robert Johnson. Mais especificamente, sobre a lenda de que ele vendeu sua alma num pacto com o diabo em troca de suas habilidades musicais — e pagou por elas com a vida. Ao ser perguntado se aquela história o interessava, especialmente faixas como "Hellhound On My Trail" [cão do inferno no meu rastro] e "Me and The Devil Blues" [Eu e o Diabo Blues], Eric Clapton respondeu.
"Mais provável que ele estivesse falando sobre uma namorada, ou problema em geral. Acredito que 'Hellhound On My Trail' seja isso. Quando eu era mais novo, 'Hellhound [On My Trail]' me dava medo quando eu ouvia. A ideia de que ele estava realmente cantando sobre ser perseguido por demônios era demais para mim. Por um tempo eu realmente não conseguia lidar com aquilo."
"Depois eu comecei a pensar naquilo como uma metáfora para problemas. Eu acredito em presença maligna. Acredito ser possível conceber algo tão mau que pode levar ao outro mundo — um mundo onde não há esperança. Eu acho que aquela foi a intenção dele. E quando ele cantou sobre crossroads [encruzilhadas], uma encruzilhada é uma escolha de que caminho seguir. É a escolha moral que você faz todos os dias."
Robert Johnson morreu em 16 de agosto de 1938, aos 27 anos, de causas desconhecidas. Quase 30 anos depois, o historiador Gayle Dean Wardow conseguiu localizar sua certidão de óbito, mas, como não foi feita a autópsia, ela não possuía causa da morte. As especulações mais frequentes são de que ele tenha morrido de sífilis, envenenado por um marido traído ou, claro, que o demônio cobrou o pacto.
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