Myrkur relembra misoginia e como se divertiu provocando radicais do black metal
Por Emanuel Seagal
Postado em 30 de agosto de 2022
A cantora e multi-instrumentista Amalie Bruun é conhecida pelo seu projeto de folk/black metal Myrkur, que com pouco mais de cinco anos conta com três álbuns lançados pela gravadora Relapse Records, participações em grandes festivais e até mesmo uma colaboração em outro projeto pouco comum, o Me And That Man, liderado por Adam "Nergal" Darski (Behemoth).
Muito antes da existência de Myrkur e qualquer aventura no cenário do metal, gênero pelo qual se apaixonou através do álbum "Transilvanian Hunger", do Darkthrone, Amalie formou o Ex Cops, grupo que não teve sucesso expressivo e seu maior destaque foi a gravação de um álbum com Billy Corgan, ícone do Smashing Pumpkins. Enquanto estava em Nova York com o grupo, ela dividia seu tempo trabalhando como modelo, e eventualmente mencionava, de forma tímida, sua paixão pelo metal. Segundo a cantora, em conversa com Dave Everley, da revista Metal Hammer, as pessoas achavam "muito estranho", mas longe de todos ela começou a trabalhar na sua estreia no mundo metálico, compondo melodias folk no violino.
Em 2014 Myrkur lançou seu primeiro EP, auto-intitulado, pela Relapse Records, inicialmente com sua identidade mantida em sigilo, porém quando o público descobriu sua identidade e sua vida em Nova York em uma banda indie pop, Amalie foi atacada pelos fãs do black metal. "Eu não tinha a menor ideia (da reação negativa). 'Por que estou sendo odiada por pessoas que não me conhecem? Pelo menos me conheçam'", relembrou.
Segundo a cantora, uma das coisas que incomodaram fãs foi o fato dela ter trabalhado com Kris "Garm" Rygg, frontman do Ulver. "Acredito que isso deixou muita gente put* porque trabalhei com artistas do black metal escandinavo que eles admiravam. Penso que isso foi muito irritante e provocante para esse público", afirmou. Ela ponderou também sobre o fato de ser uma mulher fazendo tudo isso: "Acho que é o fato de eu não seguir as regras que as mulheres do metal deveriam seguir. Eu não sou a primeira mulher no metal, apenas fiz as coisas do meu jeito."
Apesar do ódio inicial, Myrkur também aprendeu a se divertir, provocando os fãs raivosos. "Quando percebi o quão pouco era preciso para incomodá-los, eu me diverti um pouco. Eu sabia que se postasse uma foto com Attila, do Mayhem, eles começariam a reclamar", relembrou, com um sutil sorriso no rosto.
Myrkur lançou em 2020 seu terceiro álbum, "Folkesange", que se afastou do metal e abraçou o folk, porém para seu novo disco, ainda sem previsão de lançamento, Amalie afirma que será "um outro disco metal, com guitarras e distorção."
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