Robert Smith comenta "Desintegration", o melancólico oitavo álbum do The Cure
Por André Garcia
Postado em 08 de setembro de 2022
O The Cure surgiu no final dos anos 70 e, ao longo da década seguinte, acompanhou os altos e baixos emocionais de seu instável frontman, Robert Smith. Após se tornar um ícone gótico com a sequência dos depressivos "Seventeen Seconds" (1980), "Faith" (1981) e "Pornography" (1982), foi detonado pela crítica com "The Top" (1984) e se tornou um astro pop como "The Head on the Door" (1985) e Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me" (1987).
Em 1989, entretanto, o vocalista entrou mais uma vez em depressão, insatisfeito com a proporção que a banda havia tomado. Com o sentimento de que aquele era o fim, em "Desintegration" Smith decidiu gravar um último grande álbum, e falava em acabar com o The Cure após seu lançamento. Em entrevista para a Rolling Stone, ele comentou aquele período de sua vida.
"Pode soar convencido, mas todo mundo queria um pedaço de mim. Eu estava lutando contra ser um pop star, a expectativa de ser maior que a vida a todo momento, e aquilo ferrou minha cabeça. Eu caí com tudo em depressão, e comecei a usar drogas de novo — alucinógenos. Quando fomos gravar o álbum, eu decidi ser tipo um monge, e que não falaria com ninguém. Aquilo foi meio pretensioso, realmente, olhando em retrospecto, mas eu desejava um ambiente ligeiramente desagradável."
"Todo mundo esperava que eu escrevesse músicas como 'Just Like Heaven'. Esperavam que fossemos continuar fazendo coisas leves e alegre com um ocasional toque sombrio, mas fizemos justamente o contrário. Eu escrevi 'Love Song' para Mary, minha esposa, como um presente de casamento, e a coloquei no álbum para ser algo meio romântico. Eu achava a música mais fraca do disco, mas do nada ela chegou a #2 nos Estados Unidos. Só não chegou ao topo por causa da Janet Jackson."
"Eu percebi naquela época que, apesar de todo meu esforço, nós viramos justamente o que eu não queria que virássemos: uma banda de stadium rock [risos]. A maior parte das minhas relações, dentro da banda e fora dela, desabaram. Chamar aquilo de 'Desintegration' foi meio que desafiar o destino — e o destino deu o troco. A ideia da banda como uma família ruiu também após 'Desintegration'. Foi o fim da era de ouro."
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