Titãs e o integrante que era visto como um líder mas saiu por estar em outra
Por Bruce William
Postado em 29 de novembro de 2022
O jornalista e historiador do Rock Nacional Júlio Ettore conta, em vídeo, como aconteceram as saídas de cada um dos integrantes do Titãs, que fará onze shows no próximo ano com os sobreviventes da formação clássica, contando com a participação da filha de Marcelo Fromer em algumas músicas.
Na parte em que fala sobre a saída do Arnaldo Antunes em 1992, Júlio explica que ela aconteceu na época em que a banda havia lançado o "Tudo ao mesmo tempo agora", que era um disco repleto de letras escatológicas. "É o disco que tem a clássica frase de Nando Reis, 'amor eu quero te ver cagar', e isso define um pouco (o disco), embora eu goste dessa música", diz Júlio, que conta ainda que o álbum estava sendo boicotado pelas rádios, shows estavam sendo cancelados, a banda estava num péssimo momento e o Arnaldo estava fazendo parceria com nomes da MPB, escrevia textos que eram elogiados. Ele estava, nas palavras de Júlio, "numa outra onda artística". Mas a imprensa enxergava Arnaldo como um líder dos Titãs e isso acabou gerando um pouco de problemas internos.
Até que no começo da gravação do próximo álbum, "Titanomaquia", o Arnaldo pediu a palavra: "Tenho um negócio para dizer: estou saindo dos Titãs. Eu já venho pensando nisso há algum tempo. Quero levar adiante um projeto pessoal que não vou conseguir encaixar aqui na banda, até porque não vou ter espaço para isso. O problema não é pessoal com ninguém, nem tem a ver com o som que a gente está fazendo. Mas eu estou perdendo o gosto pelo que faço com vocês e, ao mesmo tempo, venho me interessando cada vez mais por outro tipo de trabalho, que não tenho tempo para me dedicar paralelamente à banda". Estas falas estão no livro "Titãs - A vida até parece uma festa" de Hérica Marmo e Luiz André Alzer.
Aquela notícia foi como um murro na cara de cada um da banda, pois eles se achavam como se fossem uma família indissolúvel. Eles falam sobre isso em um vídeo reproduzido por Júlio, que depois mostra também o próprio Arnaldo explicando: "O motivo da minha saída não foi discordância estética, o motivo de minha saída é a indisponibilidade física de concluir tudo que eu estava querendo realizar". Mas o processo de saída não foi tranquilo, levou um tempo para que a banda assimilasse o que estava acontecendo, tanto que no dia seguinte o próprio Arnaldo chegou a dizer que ficaria até o final da gravação do disco e depois veriam o que fazer. Porém, percebendo que ele não estava mais interessado no que a banda estava fazendo, acabaram concluindo que era melhor ele sair de fato, e foi o que aconteceu.
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