A reflexão de Ronnie James Dio sobre o papel da religião e o mal em sua música
Por André Garcia
Postado em 07 de novembro de 2022
"Your death could not kill our love for you", escreveu o Roxy Music na música "2HB", algo que pode ser traduzido como "Sua morte não pôde matar nosso amor por você". Ronnie James Dio foi um desses artistas maiores que a vida, que seguem sendo lembrados e amados mesmo anos após sua morte.
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Afinal de contas, ele não só participou de alguns dos melhores álbuns do Black Sabbath e Rainbow como ainda teve uma carreira solo para lá de respeitada.
Em 2004, Dio foi entrevistado pelo músico e antropólogo Sam Dunn para o documentário Metal: Uma Jornada pelo Mundo do Heavy Metal, lançado no ano seguinte. "A gente queria falar sobre as igrejas queimadas na Noruega, e o papel de Satã e o satanismo no metal" disse Sam anos depois. "Mas Ronnie levou o assunto para outro nível, e me fez perceber que o metal tem muito a dizer sobre religião — a diferença entre o bem e o mal, Deus e o diabo."
Em vídeo disponível no YouTube, entre outras coisas, ele falou sobre como a religião e os simbolismos relacionados ao mal o influenciaram por toda sua longa carreira dedicada ao heavy metal.
"O papel da religião na minha música vai para um lado mais de descontentamento. Para mim qualquer religião é ótima por dar a algumas pessoas força para seguir em frente com a meta definitiva de chegar ao Nirvana (ou paraíso) por terem sido pessoas boas. Não dá para querer mais que isso! Religião deveria ser ensinar o amor, deveria ser ensinar que há algo mais elevado em algum lugar para reduzir nosso sentimento de autoimportância."
"Eu sempre lidei com a religião desse jeito: é uma coisa boa, mas às vezes os ensinamentos são distorcidos. 'Não matarás' e 'olho por olho'? Acho que não. É por isso que para mim o mundo se resume a 'Heaven & Hell' — aquela música era sobre isso, o fato de que, em minha mente, eu vivo o paraíso e vivo o inferno. Deus e o diabo são inerentes a todos nós. A escolha é nossa, seguir o caminho do bem ou o caminho do mal."
"Religião é ensinada tão errado, na minha opinião, que eu uso como um exemplo para a humanidade. Já usei outros temas também, mas religião é um daqueles que melhor funcionam."
"Se você vai escrever algo gótico, provavelmente não vai falar sobre o término do seu relacionamento, então o assunto fica mais direcionado. Certamente o mal é um grande assunto. O mal é o escuro. O mal é algo que conhecemos, mas não sabemos o porquê. Como nunca encontramos o diabo, é uma coisa que fica a cargo da imaginação. Com Deus é a mesma coisa. A não ser que você acredite que seja um cara branco sentado de roupão em uma cadeira. Poderia ser um oriental, uma mulher, sei lá."
"A questão é que os temas relacionados ao mal são tão mais interessantes para a música que fazemos. Por causa dos tons menores, que são os mais usados no metal. É difícil escrever uma música inteira em tom menor e falar sobre coisas alegres. É um veículo, um bom veículo."
"No meu caso em particular, eu segui outro caminho. Eu sempre quis ser aquele que alerta as pessoas de que há o bem, há um mal, e que você pode escolher, e o melhor provavelmente é não ser mal. [Escrever músicas dizendo] 'É isso o que o mal pode fazer com você', 'É isso o que o mal fez com as pessoas que conheço'. Aí depende da sua visão de mal. Droga é mal. Autoindulgência demais é mal. Andar com pessoas más vai fazer de você uma pessoa má. É com esses temas que tento trabalhar de forma sombria. Eu não vou dizer que o diabo está esgueirando na esquina. Não sou um dos que vão para esse lado. Esse é o problema. Pessoas levaram o metal para esse extremo, socialmente, mas eu sempre busquei não fazer isso."
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