O motivo que fazia John Lennon e Paul McCartney zombarem das composições de Ringo Starr
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de outubro de 2023
Ringo Starr recentemente compartilhou insights sobre os motivos pelos quais John Lennon e Paul McCartney frequentemente zombavam de suas tentativas de composição em uma conversa com o PBS NewsHour (via Kark Post). Revelando um detalhe pouco conhecido, Starr mencionou:
"Muitos não percebem que quando eu compartilhei minhas músicas pela primeira vez com a banda, eles riam alto. Basicamente, eu tinha mexido em uma música existente e a apresentava como minha."
Descrevendo a reação dos Beatles, ele continuou: "Era basicamente a música de outra pessoa com algumas palavras alteradas. A resposta deles? Um sarcástico 'Claro, Ringo', seguido de risos. Felizmente, cresci a partir disso. George Harrison foi incrivelmente solidário, chegando até a produzir meus singles iniciais. Sou eternamente grato a ele".
As dinâmicas dentro dos Beatles eram complexas. Enquanto Lennon e McCartney dominavam a composição, Starr e George Harrison frequentemente se sentiam separados. Em uma entrevista de 2021 para o The New Yorker, McCartney reconheceu que inadvertidamente marginalizaram Harrison, levando-o a sair momentaneamente de uma sessão de gravação. McCartney lembrou:
"Eu mencionei uma vez ao John que a composição deveria ser principalmente nossa coisa. Não excluímos explicitamente o George, mas a mensagem estava clara."
A sombra de Lennon e McCartney se estendia até mesmo às empreitadas solo dos outros Beatles. Harrison comentou anteriormente sobre a crítica de Lennon ao seu álbum solo, 'All Things Must Pass', dizendo:
"John foi inicialmente desdenhoso. Mas depois, ele visitou minha casa quando eu estava fora. Um amigo mútuo me contou que John viu a capa do álbum e comentou, 'Lançar um álbum triplo? E com aquela foto de capa? Parece que ele está imitando um ofegante Leon Russell’".
Beatles e Ringo Starr
Em uma matéria de Igor Miranda, explora-se a complexa relação entre os Beatles e Ringo Starr, revelando aspectos pouco conhecidos sobre as tensões internas que quase levaram alguns membros a deixar a icônica banda. Em 1968, Ringo Starr e, no ano seguinte, George Harrison chegaram a sair temporariamente, apenas para retornarem mais tarde.
Ringo ficou fora da banda por cerca de duas semanas, de 22 de agosto a 4 de setembro de 1968, durante as gravações do famoso "White Album". Em uma entrevista para o livro "Anthology", Ringo relembra o incidente:
"Senti que não estava tocando muito bem, e enquanto os outros três músicos estavam muito felizes, eu não estava. Fui visitar John (Lennon), que estava morando em meu apartamento, e disse: 'estou saindo da banda porque não estou tocando bem e não me sinto amado enquanto vocês três estão próximos'. E John respondeu: 'eu pensei que éramos vocês três!'. Fui até Paul (McCartney) e disse a mesma coisa, e ele também respondeu: 'eu pensei que éramos vocês três!'. Nem me dei ao trabalho de ir até George (Harrison). Apenas falei: 'estou tirando uma folga'. Levei meus filhos para Sardenha."
A razão por trás da saída de Ringo nunca ficou totalmente clara, mas foi resultado de uma série de situações, exacerbadas pelo clima tenso e pelo desgaste de seis anos de trabalho intenso.
Durante as sessões de gravação, as desavenças entre os músicos eram evidentes, como relatou o engenheiro de som Peter Vince. "As coisas estavam ficando complicadas nas sessões dos Beatles naquela época. O pessoal do estúdio era convidado a se retirar. Eles diziam, 'vá tomar um lanche' ou 'vá beber alguma coisa', e você sabia que era porque eles teriam discussões pesadas e não queriam ninguém por perto."
A gota d'água ocorreu durante a gravação de "Back In The U.S.S.R.", de Paul McCartney, em uma sessão que se estendeu da noite até a madrugada seguinte, resultando em uma intensa discussão cujo conteúdo permanece um mistério.
Ringo, contudo, não ficou afastado da música durante esse período. Na ilha de Sardenha, compôs "Octopus's Garden", que mais tarde seria lançada no álbum "Abbey Road" (1969).
O retorno de Ringo foi marcado por um gesto tocante. McCartney, Lennon e Harrison enviaram um telegrama expressando que o consideravam o melhor baterista de rock n' roll do mundo e que o amavam. Sensível a essas palavras, Ringo aceitou o convite e retornou em 4 de setembro, a tempo de participar dos clipes de "Hey Jude" e "Revolution".
No estúdio Abbey Road, encontrou seu kit de bateria decorado com flores, uma criação artesanal de George Harrison, com a mensagem: "Bem-vindo de volta, Ringo." Esse episódio simbolizou não apenas o retorno do baterista talentoso, mas também a resiliência e a união que, no final, prevaleceram nos Beatles.
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