"O anarquismo e o black metal ficam muito bem juntos", afirma Heretoir
Por Emanuel Seagal
Postado em 15 de março de 2024
A banda alemã de post-black metal Heretoir, que virá ao Brasil no final de março durante sua turnê latino-americana para promover seu terceiro álbum, "Nightsphere", concedeu uma entrevista ao site Groundcast, onde falou sobre as diferenças entre a cena post-black metal e a do black metal tradicional, e a visão política do grupo, que difere do estereótipo frequentemente associado ao black metal devido ao grande número de bandas com letras ou ligações fascistas.
"Para mim a cena do post-black metal é bastante aberta comparada aos padrões do Black Metal. Muitas pessoas do crust, hardcore e punk podem ser encontradas nela. Músicos que se sentem repelidos por alguns elementos do black metal old school podem se expressar na cena do Post-BM e encontrar maneiras musicais de reinterpretar o black metal. Essa evolução é extremamente valiosa e muito importante. Não tenho certeza se a cena do black metal como um todo é realmente tão contrária ao Post-BM. Acho que muitas coisas mudaram nos últimos dez anos ou mais", comentou o baixista Nathanael.
O quinteto, formado em 2006, já tocou em diversos festivais na Europa, ao lado de nomes como Katatonia, God is an Astronaut, Alcest e Agalloch, além de excursionar com bandas como Killswitch Engage, Enslaved, Der Weg einer Freiheit, Kalmah, Les Discrets e Ghost Bath. Em sua formação contam com ex-membros do Thränenkind e King Apathyr, grupos com letras anarquistas e antifascistas, o que levou o entrevistador a questionar o que Nathanael pensa a respeito da cena RABM (Red and Anarchist Black Metal).
"Acredito que o RABM e a cena do black metal anarquista são um contraponto importante e não deve ser subestimado em relação ao NSBM. O black metal é um gênero importante no metal e acho bom para a cena que bandas anarquistas toquem em festivais conhecidos e alcancem um público cada vez maior. O anarquismo e muitas das mensagens centrais originais do black metal se encaixam muito bem. Não ser governado e dominado por outros, viver livre das amarras das estruturas de poder estabelecidas, rejeitar religiões e suas ideologias opressivas, e buscar e seguir o próprio caminho autodeterminado na vida são todos temas centrais tanto no anarquismo quanto no black metal", explicou. Ele acrescentou: Mikhail Bakunin, um dos pensadores mais importantes, chamou Satanás de 'o rebelde eterno' e libertador da humanidade’ em sua obra 'Deus e o Estado'. Portanto, acho que o anarquismo e o black metal ficam muito bem juntos."
Confira a entrevista completa no site do Groundcast.
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