A resposta de Lobão após João Gordo o questionar sobre apoio a Jair Bolsonaro
Por Gustavo Maiato
Postado em 26 de abril de 2024
O cantor e compositor Lobão ficou muito associado ao seu apoio ao então candidato e presidente Jair Bolsonaro e à direita. Em entrevista a João Gordo no Superplá, o apresentador questionou essa postura. Confira o que Lobão disse.
"Eu sou um vira-casaca. Sou traidor. Caguei um balde. Na minha cabeça, artista brasileiro é obrigado a ser de esquerda. Eu não sou obrigado, sou ambidestro. Não sou porra nenhuma. Eu fui muito envolvido com o Lula, PT e MST. Mas tenho trânsito livre, não vou me botar em caixinha. Naquele momento, nunca fui fã do Bolsonaro, mas queria destruir o PT. Queria destituir. Não estava nem aí se era fascista ou não.
Eu achava que tinha que dar uma chance para essa nova direita que estava toda misturada. Eu chegava nos comícios e explicava que não podia apoiar golpe militar. Se querem construir uma direita moderna, tem que separar desses caras, mas ninguém conseguiu. Não tenho nada com tradição, família e propriedade. Fui perseguido por isso nos anos 1980 todo. Não tem lógica. Mas existiam intelectuais e pessoas interessantes naquele meio que queriam reinventar.
Chegou uma hora que pensei: ‘Detesto política’. Só reúne gente estúpida que querem enclausurar e reduzir. Conheci o pessoal do Partido Comunista lá atrás. Experimentei todo tipo que é droga. Não vou me furtar a isso. Falavam que rock é de esquerda. Não podem fazer isso. Eu não estava apoiando fascista. A grosso modo, pensando sobre o Lula. Ele apoiava o Maduro. Ele é tão escroto quanto outros, genocida. Qual a moral da coisa? Quando eu estava apoiando uma direita moderna, o problema é que você fazia um comício contra o PT e tinha gente que queria ditadura".
Lobão, rock, direita e esquerda
Conforme matéria de Bruce William diz com base em corte do podcast Corredor 5, Lobão afirmou também naquela ocasião que o rock não pode ser enquadrado em direita ou esquerda.
"O rock nunca foi aceito no Brasil, nem pela direita e nem pela esquerda": "Dentro do inconsciente coletivo, da mentalidade brasileira, o rock não é pra ser aceito no Brasil. E isso sempre foi assim no Brasil, desde a passeata contra a guitarra elétrica em 1967 até os dias de hoje", diz Lobão. "Eu era virgem, nunca tinha fumado maconha mas era cabeludo, tinha 13, 14 anos, passava na rua e recebia revista da polícia porque era maconheiro, marginal, porque estava carregando instrumento"."E você tinha a direita que estava no poder na época, os militares, todos contra o Rock, e tinha a esquerda também", prosseguiu Lobão.
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