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As duas músicas muito pesadas do Machine Head que falam sobre racismo

Por Mateus Ribeiro
Postado em 16 de agosto de 2024

"Burn My Eyes" é o primeiro registro de estúdio da banda californiana Machine Head. Pesado e cheio de raiva, "Burn My Eyes" é um trabalho emblemático e inovador, que mostrou ao mundo um som agressivo e furioso, feito a partir de uma interessante mistura de elementos distintos: Thrash Metal, Groove Metal, Hip-Hop, Punk Rock e Hardcore.

Além da violência sonora, outro ponto de "Burn My Eyes" que merece ser destacado é o conteúdo lírico. O debut do Machine Head apresenta letras interessantes, como pode ser conferido em "A Thousand Lies", uma das músicas mais interessantes do trabalho em questão.

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"Tínhamos acabado de entrar na primeira guerra do Iraque [Guerra do Golfo, travada no início da década de 1990], então Bush pai era presidente, e aquela música foi uma declaração anti-guerra e anti-racismo realmente forte. Estávamos ouvindo muito Punk Rock na época e praticando em um espaço compartilhado com cinco bandas Punk, então era muito político e isso estava realmente se infiltrando no que estávamos fazendo, com certeza", relatou o guitarrista/vocalista Robb Flynn, durante entrevista especial concedida à revista Kerrang.

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Na mesma entrevista, Flynn falou sobre "A Nation On Fire", outra faixa de "Burn My Eyes" que aborda o racismo.

"Assim como ‘Davidian’, [a letra da música] era um reflexo da condição americana e de um bairro bastante complicado em que morávamos. Estávamos em guerra e era sobre racismo. Há uma letra [que diz]: ‘You tell me peace, well I hear gunshots all night’ (‘Você me diz paz, bem, eu ouço tiros a noite toda’) e eu era acordado por pessoas a um quarteirão de distância, disparando armas para o alto. Foi uma época muito louca", contou Flynn, que se inspirou em um terrível acontecimento para escrever a letra de "A Nation On Fire".

"Os distúrbios de Los Angeles tinham acabado de acontecer, após o julgamento de Rodney King, e esses tumultos aconteceram em todos os lugares; eles aconteceram em toda Oakland e em toda Berkeley, e eu me lembro quando escrevi a letra dessa música, eu estava morando em Berkeley e ouvi que toda essa merda estava explodindo. Eu tinha uma mountain bike, não tinha carro na época e lembro-me de andar de mountain bike até a Telegraph Avenue, porque as notícias diziam que as pessoas estavam se rebelando na Telegraph Avenue."

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Citados por Flynn, os distúrbios se desenrolaram depois que alguns policiais que haviam espancado Rodney King (um rapaz negro) foram absolvidos. Segundo a Wikipedia, as manifestações duraram seis dias e 63 pessoas morreram, enquanto mais de 2300 ficaram feridas.

Apesar do clima tenso, Robb Flynn encarou as manifestações de perto, como ele mesmo contou na sequência de seu depoimento. "Em vez de fazer a coisa inteligente, que era ficar na porra da casa, eu pulei na minha mountain bike (...). Eu literalmente andei de mountain bike nesse tumulto que estava acontecendo na Telegraph Avenue, porque eu queria me sentir vivo e absorver esse momento louco na hora. Foi uma loucura! Havia pessoas incendiando carros de polícia e gás lacrimogêneo entre manifestantes e policiais. Fui perseguido por uma gangue de manifestantes e depois fui direto para uma gangue de policiais, e eles estavam me perseguindo. Estava literalmente pedalando pela minha vida e as pessoas estavam me atacando. Foi uma loucura. Depois disso, todas aquelas letras de ‘A Nation On Fire’ simplesmente saíram jorrando".

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O primeiro disco do Machine Head foi gravado por Robb Flynn (guitarra/vocal), Logan Mader (guitarra), Adam Duce (baixo) e Chris Kontos (bateria). Para ler mais sobre esse clássico, confira a matéria a seguir.

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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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