Quando Roger Waters tentou seduzir Janis Joplin mas deu com os burros n'água
Por Bruce William
Postado em 05 de agosto de 2024
Para promover seu álbum de estreia, "The Piper at the Gates of Dawn", lançado em agosto de 1967, o Pink Floyd, então formado por Syd Barrett, Roger Waters, Nick Mason e Rick Wright, saiu mundo afora para uma série de shows. Conforme relata a Wikipedia, primeiro eles foram para a Irlanda e para a Escandinávia e, no final de outubro, a banda estava prestes a embarcar em sua primeira turnê pelos Estados Unidos, que seria um fracasso, principalmente por causa do colapso mental de Barrett.
O gerente da turnê, Andrew King, foi para Nova York para começar os preparativos, mas encontrou sérios problemas. Os vistos não chegaram, o que levou ao cancelamento das primeiras seis datas. A banda finalmente atravessou o Atlântico em 1º de novembro, mas as permissões de trabalho ainda não haviam sido obtidas, então eles se hospedaram em um hotel em Sausalito, Califórnia, ao norte de San Francisco. Então, após vários cancelamentos, a primeira apresentação nos EUA aconteceu em 4 de novembro no Winterland Ballroom, abrindo o show do Big Brother & the Holding Company, que contava com Janis Joplin no vocal.
"Foi um desastre incrível. Syd, nessa época, estava completamente fora de si", relembra Waters em declaração ao livro "The Early Years", de Barry Miles. "Estávamos em terceiro lugar na lista, depois de Big Brother and the Holding Company e Richie Havens". Waters não sabia, mas as bandas da Costa Oeste norte-americanas eram basicamente de blues e country, que apesar de terem o hábito de fazer longas jams movidas a ácido e baseados, tinham uma musicalidade bastante conservadora se comparados com o psicodelismo embebido de diversas influências do Pink Floyd, incluindo jazz e a música eletrônica da época.
Então Roger acabou ficando bastante decepcionado com o que viu: "Quando Big Brother começou a tocar, não acreditei. Eu esperava algo fora do comum, mas era um rock country bluesy. Fiquei surpreso. Esperava que fossem muito mais diferentes. Era meio que 'chunka, chunka, chunka' com Janis Joplin cantando blues. Eu esperava algo realmente extraordinário, alucinante. Comparado a algumas coisas que as bandas inglesas estavam fazendo na época, era entediante, como por exemplo, The Who ou o Cream".

Quando Roger Waters tentou seduzir Janis Joplin com uma garrafa de uísque
Apesar de não ter gostado do que ouviu, Waters gostou do que viu e se interessou em conhecer melhor aquela cantora intensa no palco, e para tanto ele resolveu recorrer a uma estratégia que ele mesmo admitiu, entre risos, durante conversa com Ray Waddell para a Billboard em 2013. Mas vamos ver como tudo aconteceu no delicioso relato feito pelo jornalista e crítico musical Regis Tadeu a partir dos 14 minutos e vinte segundos do vídeo que ganhou o nome "Pink Floyd: Aposto que Você Não Sabe - Parte 1".
"Era muito comum naquela época você ter na noite três ou quatro bandas se apresentando", começa Regis, explicando que essas casas de shows eram do Bill Graham, empresário muito conhecido na época. E a atração principal de um desses shows era a Janis Joplin. "Só que ela era ainda a vocalista daquele grupo, o Big Brother & The Holding Co, mas ela já estava prestes a entrar no estrelato individual, claro, ela era a alguma da banda. E o Roger Waters ficou com muito tesão pela Janis Joplin - olha que coisa incrível isso, ele queria dar uma faturada".
Regis então relata que Roger ficou sabendo que a Janis era praticamente viciada em uma bebida chamada Southern Comfort, então ele foi até um supermercado e comprou uma garrafa da bebida. Depois da apresentação do Floyd ele ficou do lado palco com a garrafa. "Daí no intervalo de uma música ele chegou pra ela e falou: 'Você quer dar um gole?', querendo fazer aquela sedução barata, né? E sedução barata de inglês ainda!", diz Regis com um sorriso irônico no rosto.
Janis pegou a garrafa e a banda tocou uma seis ou sete músicas, conta Regis. "E quando ela saiu do palco, entregou a garrafa vazia pro Roger Waters. Ela tinha matado uma garrafa em seis, sete músicas, e o que aconteceu? Ela se mandou. E o Roger Waters ficou ali, que nem um bobalhão. E ele foi alvo da gozação dos outros caras da banda durante meses. Menos de Syd Barrett que estava muito doido e não percebeu nada".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Show do AC/DC no Brasil não terá Pista Premium; confira possíveis preços
Download Festival anuncia mais de 90 atrações para edição 2026
O disco do Metallica que para James Hetfield ainda não foi compreendido; "vai chegar a hora"
A música do Kiss que Paul Stanley sempre vai lamentar; "não tem substância alguma"
Os álbuns esquecidos dos anos 90 que soam melhores agora
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
O clássico do metal que é presença constante nos shows de três bandas diferentes
Os melhores guitarristas da atualidade, segundo Regis Tadeu (inclui brasileiro)
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
A banda com quem Ronnie James Dio jamais tocaria de novo; "não fazia mais sentido pra mim"
Tuomas Holopainen explica o real (e sombrio) significado de "Nemo", clássico do Nightwish
Greyson Nekrutman mostra seu talento em medley de "Chaos A.D.", clássico do Sepultura
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Kerry King (Slayer) escolhe seu preferido entre Metallica e Megadeth
A banda que Dave Grohl acha "indiscutivelmente a mais influente" de sua geração

O artista que Roger Waters diz ter mudado o rock, mas alguns torcem o nariz
Cantor brega Falcão conta a Danilo Gentili treta com Roger Waters do Pink Floyd
O álbum do Pink Floyd que David Gilmour acabou detestando por causa do Roger Waters
David Gilmour responde se voltará a trabalhar com Roger Waters no Pink Floyd
Os 12 dias em que o Pink Floyd foi um quinteto
O conselho da mãe de Roger Waters que não vale mais, segundo Humberto Gessinger
A opinião de Roger Waters sobre o Radiohead em seu auge criativo
Saída de Roger Waters do Pink Floyd em 1985 foi libertadora, diz David Gilmour


