O significado de "quem não tem colírio usa óculos escuro" cantado por Raul Seixas
Por Gustavo Maiato
Postado em 20 de novembro de 2024
A expressão "quem não tem colírio usa óculos escuro", cantada por Raul Seixas na música "Como Vovó Já Dizia", ilustra de forma irônica como as pessoas enfrentam dificuldades com soluções paliativas.
A frase é uma metáfora para a prática comum de camuflar problemas ao invés de resolvê-los de maneira eficaz. Em outras palavras, o refrão sugere que, diante da falta de uma solução adequada, muitas vezes recorre-se a uma saída improvisada, que apenas oculta o problema real.
Diversos intérpretes atribuem a essa expressão o sentido de uma crítica à sociedade. O uso de óculos escuros em vez de colírio simboliza a tendência das pessoas em esconder ou maquiar as dificuldades em vez de confrontá-las. Isso remete à ideia de que o indivíduo, assim como a sociedade, frequentemente escolhe evitar um exame profundo das questões que realmente afetam sua vida ou seu meio. Assim, as limitações e insatisfações são disfarçadas com "óculos escuros", ou seja, com medidas superficiais, sem buscar mudanças concretas.
Nicolas Teixeira Cabral, no site Quora, por exemplo, compara a expressão ao ditado "quem não tem cão caça com gato", reforçando que, na falta de recursos ideais, improvisa-se com o que está disponível. Em uma interpretação contextualizada, Cabral sugere que o colírio seria uma solução prática para olhos vermelhos – uma possível referência a quem usa maconha e recorre ao colírio para disfarçar o efeito colateral de olhos avermelhados. No entanto, na ausência do colírio, utiliza-se óculos escuros para ocultar o problema, numa espécie de improviso.
Outro ponto de vista é trazido pelo site Letras.Mus, que ressalta como a letra da música de Raul Seixas explora o conformismo em diferentes situações, além do refrão. O trecho "quem não tem papel dá o recado pelo muro" aponta para as limitações que conduzem a um meio alternativo de comunicação, enquanto "quem não tem presente se conforma com o futuro" sugere uma resignação perante a falta de perspectivas imediatas. Dessa forma, a música critica uma sociedade que se adapta a restrições, conformando-se com menos do que merece ou deseja.
Por fim, o site Wisdom Learnable dá sua opinião: "A frase deixa bem claro o confronto de fatos ideológicos que ficam implícitos na mensagem. Esse dialogismo que reflete àquilo que digo, a àquilo de quem a interpreta, que perpassa do eu para o outro, demonstra uma heterogeneidade de interpretação textual. Nessa perspectiva o autor faz referência a uma sociedade que não se permite enxergar os erros e as mazelas sociais, enquanto que pelo refrão quem não tem uma visão heterogênea que passa pelo campo da virtualidade do sentido interpretará ao pé-da-letra o sentido dessa mensagem que é uma pessoa que tem problema de visão e para não mostrar o problema usa os óculos escuros".
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