A música do Pink Floyd inspirada no roubo de roupas íntimas da mãe de Roger Waters
Por André Garcia
Postado em 01 de janeiro de 2025
No filme Desconstruindo Harry Woody Allen interpreta um escritor (como [quase] sempre) que desperta a ira das pessoas a seu redor por incluir em suas histórias coisas íntimas que elas confidenciaram a ele. Isso realmente acontece com escritores (eu mesmo fiz muito no meu livro, Liber IMP), mas também acontece com compositores.
Tanto escritores quanto compositores são como jornalistas de tudo aquilo que não tem importância o bastante para virar notícia.
No livro Nos Bastidores do Pink Floyd, Mark Blake revela que uma das músicas mais controversas do Pink Floyd pode ter surgido de um acontecimento embaraçoso que Roger Waters confidenciou a Syd Barrett.
"Arnold Layne", single de estreia do Pink Floyd, lançado em 1967, chamou atenção não só por sua soberba sonoridade de rock psicodélico, mas também pela letra. Letra essa que fala sobre um homem que rouba roupas íntimas femininas para vestir, e que acaba na cadeia por isso.
Segundo o livro "a letra foi presumidamente inspirada em um incidente real ocorrido em Cambridge, em que um ladrão de identidade desconhecida roubou [roupas] do varal de Mary Waters [mãe de Roger Waters]. Roger havia contado essa história a Syd."
Pelo teor da letra, "Arnold Layne" acabou banida nas rádios:
"'Arnold Layne' chegou ao top 20 no Reino Unido, mas foi banida pela Radio Carolina e Radio London por seu suposto conteúdo de risco. 'Não entendemos o motivo de terem ficado tão perturbados', disse Waters ao Disco and Music Echo. 'É só uma música sobre as roupas de um fetichista, que obviamente não bate bem das ideias. É uma canção simples e direta sobre um tipo de comportamento humano."
É curioso observar como Roger Waters já enxergava as músicas do Pink Floyd sob essa ótica de reflexão sobre o comportamento humano. Ótica essa que nortearia os maiores trabalhos da banda na década seguinte, como "The Dark Side of the Moon" (1973), "Animals" (1977) e "The Wall" (1979).
De qualquer forma, fica a lição: se você não quer que algo vá parar num livro ou numa música, é melhor não contar a um escritor ou compositor.
FONTE: Livro Nos Bastidores do Pink Floyd, de Mark Blake
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