Como uma canção do R.E.M. acabou mudando para sempre uma vertente do rock
Por Bruce William
Postado em 15 de março de 2025
O começo dos anos 90 foi marcado por profundas mudanças no rock, deixando para trás os excessos visuais e sonoros que dominaram a década anterior. O Nirvana ficou conhecido como o grande responsável por essa ruptura, mas, antes de Kurt Cobain e companhia entrarem em cena, outra banda já vinha plantando sementes de mudança: o R.E.M.
Com um estilo voltado para dentro de si e minimalista, eles começaram sua trajetória como uma típica banda indie, distante do glamour do mainstream. Apesar da fama de "grupo alternativo", a banda liderada por Michael Stipe sempre teve um talento particular para compor melodias inesquecíveis. E conforme aponta a Far Out, foi no álbum "Out of Time" (1991) que eles lançaram a música que revolucionaria o soft rock para sempre: "Losing My Religion".

Com uma sonoridade acústica, centrada na simplicidade do violão e do bandolim, a canção parecia ir na contramão do rock pomposo que até então reinava nas rádios e na MTV. "Losing My Religion" não era apenas uma música diferente; era também profundamente pessoal e emocionalmente vulnerável. Michael Stipe revelou um lado sensível pouco visto até então, retratando não uma crise religiosa, como muitos imaginaram, mas sim o desespero diante do fim de um relacionamento. "Losing my religion" é uma expressão do sul dos Estados Unidos que significa algo como "perder a paciência", mas na voz de Stipe, tornou-se símbolo de fragilidade emocional e autenticidade artística.

O sucesso estrondoso dessa canção provou que era possível criar hits sem apelar para grandes produções ou sintetizadores pesados. Em vez disso, abriu espaço para que bandas e artistas de soft rock investissem em uma abordagem mais direta, honesta e simples. Foi essa mudança que permitiu o surgimento de nomes como Sheryl Crow, com seu rock despojado e acústico, ou Hootie and the Blowfish, que transitavam com facilidade entre o rock, o pop e até o country.
Até mesmo artistas pop foram influenciados por essa transformação. É difícil imaginar Alanis Morissette lançando faixas emocionalmente cruas como "Perfect" ou Thom Yorke, do Radiohead, abrindo seu coração em "Fake Plastic Trees", sem a porta aberta por "Losing My Religion". A canção do R.E.M. mudou a forma como as pessoas encaravam a música pop e o soft rock, incentivando uma geração inteira a se despir de máscaras e cantar com o coração.

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