A banda que moldou o Rush quase que a sua imagem e semelhança
Por Bruce William
Postado em 30 de maio de 2025
Nos primórdios do Rush, havia quem achasse que a banda não passava de mais uma imitação do Led Zeppelin. Músicas como "Finding My Way" e "Working Man" carregavam o peso e a energia que estavam em alta na época, e Geddy Lee sabia disso. Mas também sabia que havia outro nível a ser alcançado, algo que ia além da fórmula padrão do hard rock.
A virada veio com a entrada de Neil Peart, que trouxe letras mais densas e estruturas complexas. O grupo passou a investir em composições longas, com temas narrativos e mudanças rítmicas que deixavam para trás a abordagem direta das bandas de bar. Mas essa ambição não surgiu do nada. Para Geddy, o verdadeiro modelo já existia desde os anos 60, e se chamava Cream.


Mesmo com apenas três integrantes, o Cream mostrou que era possível tocar com agressividade e sofisticação ao mesmo tempo. Para Geddy, Clapton, Bruce e Baker eram mais do que uma banda influente. "Eles foram realmente a primeira banda de músicos extraordinários que se juntaram. Para mim, eram o primeiro grupo de pura virtuosidade. Eram o supergrupo por excelência — e um trio, o modelo perfeito", disse Geddy, em fala publicada na Far Out.

Na adolescência, Geddy e seus colegas mergulharam nas músicas do Cream. "Nos nossos primeiros dias, tocando em cafés e centros comunitários, a gente se esbaldava nas músicas do Cream por dias, por causa da forma como tocavam — era tudo sobre isso." O interesse ia muito além da sonoridade: era uma escola prática sobre técnica, dinâmica e interação entre músicos.
Enquanto outras bandas se apoiavam em formações maiores, com arranjos grandiosos, o Cream fazia isso com um número mínimo de pessoas. Para Geddy, esse era o desafio ideal: tirar o máximo de som de uma formação enxuta. Isso se refletiria no Rush, onde ele assumiu vocais, baixo e teclados, muitas vezes ao mesmo tempo — equilibrando virtuosismo e melodia sem sacrificar nenhum dos dois.

Mesmo com um timbre bem mais agudo que o de Jack Bruce, Geddy buscava a mesma entrega intensa. Ao contrário do Cream, que mantinha um pé firme no blues, o Rush logo ultrapassou essa barreira. Com discos como "2112" e "A Farewell to Kings", criaram um som cerebral, teatral e quase matemático, mas ainda assim visceral nos palcos.
Para Geddy Lee, o Cream foi mais que influência: foi um ponto de partida. O trio britânico mostrou o caminho, e o Rush soube como seguir adiante, expandindo as possibilidades de um power trio até os limites da técnica e da imaginação.

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