O artista que é contraponto ao rock "papai e mamãe" de Cely Campello, segundo Raul Seixas
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de maio de 2025
Em entrevista à revista Bizz de janeiro de 1986, Raul Seixas, então divulgando o disco "Metrô Linha 743", deixou claro seu desdém por um tipo de rock que, segundo ele, havia perdido seu papel revolucionário.
"O que se faz rock’n’roll por aí, pra mim, ele morreu em 59", declarou, ao comentar o estado da música da época. Para Raul, o rock verdadeiro era aquele que tinha nascido como "um comportamento", ligado a ícones como James Dean, mas que, ao longo dos anos, havia sido "tomado pela indústria" e se transformado em produto de fábrica, com artistas como Chubby Checker e músicas como "Hava Naguila".

Nesse contexto, o cantor baiano citou Cely Campello como exemplo de uma abordagem domesticada do gênero. "Acho que voltamos àquela época de Cely e Tony Campello, em que se fazia rock ‘papai e mamãe’", disparou. Para ele, aquele tipo de som, romântico e polido, não representava o verdadeiro espírito do rock. Cely, que ficou conhecida como a "Rainha do Rock Brasileiro", estourou no fim dos anos 1950 com sucessos como "Estúpido Cupido" e "Banho de Lua", adaptando canções internacionais em versões leves para o público jovem da época.
Raul, por outro lado, exaltou um nome contemporâneo que, em sua visão, resgatava o espírito autêntico do gênero. "Mas tem o Kid Vinil querendo fazer um rock mais autêntico. Ele entende muito de rock", elogiou. Kid Vinil, cantor e radialista que liderou a banda Magazine nos anos 1980, era uma figura central da cena do rock paulista. Com visual irreverente e repertório que misturava crítica social e irreverência, era uma das vozes mais representativas da juventude alternativa naquele período.
Raul Seixas e "Metrô Linha 743"
Com "Metrô Linha 743", Raul Seixas tentava reforçar essa linha de ruptura. "Estou fazendo meu trabalho", disse, explicando que o álbum havia sido aprovado pela gravadora "depois de muita briga", e que ele havia até aceitado "uma quantia menor de dinheiro para pesquisar filmes de pornochanchada", como forma de manter sua liberdade criativa. O disco, marcado por faixas como "Rock das Aranhas" e "Metrô Linha 743", busca justamente criticar a ordem e desafiar convenções — uma postura bem distante da leveza e do romantismo de décadas anteriores.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 5 discos de rock que Regis Tadeu coloca no topo; "não tem uma música ruim"
A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
Wolfgang Van Halen diz que as pessoas estão começando a levar seu trabalho a sério
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Novo álbum do Violator é eleito um dos melhores discos de thrash metal de 2025 pelo Loudwire
Metal Hammer inclui banda brasileira em lista de melhores álbuns obscuros de 2025
Cinco bandas que, sem querer, deram origem a subgêneros do rock e do metal
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
O músico que Ritchie Blackmore considera "entediante e muito difícil de tocar"
AC/DC, Maiden e festivais de R$ 3 mil: 1 em cada 4 brasileiros já se endividou por shows
Site de ingressos usa imagem do Lamb of God para divulgar show cristão
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
Metal Hammer aponta "Satanized", do Ghost, como a melhor música de heavy metal de 2025
O melhor álbum de thrash metal lançado em 2025, segundo o Loudwire

O hit de Raul Seixas que ele precisou compor rápido após 30% do álbum ser censurado
Opus 666 - o disco internacional de Raul Seixas que foi gestado, mas não nasceu
O dia que Raul Seixas e Wanderléa foram ao programa da Hebe Camargo celebrar amizade


