A música do The Who que Keith Moon não conseguiu tocar; "Tivemos que chamar outro baterista"
Por Bruce William
Postado em 30 de junho de 2025
Energia, caos e carisma eram as marcas registradas de Keith Moon. Basta assistir a uma performance ao vivo do The Who para entender por que ele parecia ter nascido exclusivamente para aquilo. Imaginar Moon trabalhando em qualquer outra coisa além de tocar bateria já beira o absurdo, o cara era dinamite pura atrás dos tambores.
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Mas havia um problema: Moon fazia as coisas do jeito Moon. Ele era incapaz de seguir padrões convencionais ou tocar de forma contida. Seu estilo era baseado na espontaneidade, recheado de viradas, explosões e uma urgência permanente de se destacar. Isso fazia dele um monstro nos palcos, mas às vezes também criava complicações sérias no estúdio.
Em 1977, o The Who gravava seu oitavo álbum, "Who Are You", e algumas faixas exigiam uma abordagem mais técnica e menos visceral. A banda estava flertando com elementos do rock progressivo, exigindo ritmos menos impulsivos e mais controlados. Foi nesse ponto que Keith Moon - literalmente - travou.
A faixa que trouxe o problema foi "Music Must Change", que exigia um compasso em 3/4, uma batida mais fluida e compassada, fora do padrão caótico que Moon costumava executar com maestria. Segundo Roger Daltrey, o baterista simplesmente não conseguia tocar a música. "Keith não conseguia tocar bateria nela. Era em três por quatro. Keith só sabia tocar do jeito dele, estilo Moon, e só", disse o vocalista em entrevista ao Howard Stern em 2015 (via Far Out).

Diante do impasse, a solução foi drástica: Moon foi substituído por um músico de sessão. O baterista reserva nunca foi creditado oficialmente no disco, mas é ele quem aparece na faixa, ainda que os elementos percussivos tenham sido minimizados na gravação final.
A ironia é que "Who Are You" acabaria sendo o último álbum com a participação de Keith Moon. Poucas semanas após o lançamento, em setembro de 1978, ele morreu aos 32 anos. Mesmo com os problemas nos bastidores, o disco marca o fim de uma era para a banda, e o último registro oficial de um dos bateristas mais intensos da história do rock.
No fim, nem toda genialidade é versátil. E nem toda bateria aceita ser tocada aos socos e explosões. Keith Moon era um gênio do caos, mas isso também significava que certas estruturas simplesmente não cabiam em seu repertório. Quando a música exigia precisão matemática ou contenção rítmica, ele parecia travar, como um motor potente que não sabe funcionar em marcha lenta. Ainda assim, mesmo sem conseguir tocar "Music Must Change", sua presença continua sendo o coração selvagem do The Who, e talvez justamente por isso, tão insubstituível quanto limitado.

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