O compositor "extremamente maligno" que Hetfield admira, e que o Metallica resolveu encarar
Por Bruce William
Postado em 22 de julho de 2025
James Hetfield sempre soube reconhecer a importância do lado sombrio da música. Desde os tempos em que o rock era visto como um gênero "perigoso" pelos padrões dos anos 1950, o fascínio pela escuridão acompanhou as transformações do gênero, até desembocar no heavy metal. E quando se trata de músicos que sabem explorar essa intensidade, Hetfield sabe muito bem quem se destaca, mesmo fora do universo tradicional do metal.
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O Metallica sempre teve o peso como base, mas nunca foi um grupo preso a um único estilo. Desde o início, a banda abriu espaço para influências que iam muito além das que os fãs esperavam. Parte disso veio de Cliff Burton, o baixista que nunca teve medo de sair da rota e apresentar nomes tão diversos quanto Lynyrd Skynyrd, Kate Bush, R.E.M. ou até mesmo Johann Sebastian Bach.
Essa mistura de referências ficou ainda mais clara quando o Metallica decidiu lançar "Garage Inc." em 1998. O disco de covers trouxe versões de clássicos do metal, como "It's Electric" e o medley de Mercyful Fate, mas também abriu espaço para Thin Lizzy, Bob Seger e até Lynyrd Skynyrd. O critério parecia simples: não importava o estilo, pois se a música tinha peso ou atitude, estava valendo.

Foi aí que veio a escolha mais inesperada: "Loverman", de Nick Cave. Para Hetfield, Cave era um nome que ia além de qualquer rótulo. Ele não se impressionava apenas com a voz grave do cantor australiano, mas com a forma como Cave conseguia transformar qualquer canção em algo quase macabro. "Cave é extremamente maligno, queira ele ou não. Eu simplesmente adoro a vibe dessa música, e sabia que a gente poderia fazer direito, que poderíamos fazer jus a ela", disse Hetfield.
O Metallica entregou uma versão que respeita a atmosfera sombria da original, mas sem perder o DNA da banda. Com guitarras carregadas e um clima tenso, a música acabou soando, inevitavelmente, como Metallica. E isso nem sempre agradou a quem esperava algo mais próximo do universo de Nick Cave.

Ainda assim, "Loverman" provou que o Metallica tinha coragem para explorar terrenos pouco óbvios e que, mesmo quando entravam em territórios distantes do metal, conseguiam manter a identidade intacta. Um risco que não trouxe novos fãs de Nick Cave, mas mostrou que a banda podia dar seu próprio peso até a músicas que vinham de mundos bem diferentes.
No fim das contas, Hetfield encontrou em Cave um reflexo do tipo de intensidade que sempre buscou. E a banda, mais uma vez, mostrou que não precisava de distorção máxima ou riffs tradicionais para soar tão sombria quanto queria.

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