A "canção der-der-der" do Deep Purple que se transformou em um clássico do rock
Por Bruce William
Postado em 30 de setembro de 2025
A história é bastante conhecida, mas vamos repassar: em 1971, o Deep Purple foi até Montreux, na Suíça, para gravar o álbum "Machine Head" usando o estúdio móvel dos Rolling Stones. A ideia era sair do ambiente tradicional e buscar um som mais vibrante. A gravação, no entanto, começou em meio a uma confusão inesperada. Na noite anterior, enquanto assistiam a Frank Zappa no cassino local, alguém disparou um sinalizador que incendiou o teto. O prédio inteiro foi consumido pelas chamas, e os músicos acompanharam tudo do bar do hotel, assistindo o fogo transformar o cassino em ruínas.
Foi nesse cenário que Roger Glover, baixista da banda, acordou certa manhã com uma frase na cabeça: "smoke on the water" (em português, "fumaça sobre a água"). A expressão acabou se tornando o título de uma música que contaria exatamente o que havia acontecido em Montreux. Com Ritchie Blackmore criando um riff simples e marcante, Ian Gillan e Glover transformaram o episódio em letra, escrevendo quase como se fosse uma anotação de diário.

Antes de ganhar versos, porém, a faixa era chamada de forma bem menos glamourosa: "a canção der-der-der". O apelido veio da repetição característica do riff de Blackmore, que soava como uma sequência direta e fácil de memorizar, conta o The Guardian. No Pavillon Ballroom, local cedido por Claude Nobs, o organizador do festival de jazz que ajudou a salvar jovens durante o incêndio, a banda começou a experimentar com a ideia. Jon Lord reforçou o tema no órgão e Ian Paice criou uma bateria crescente, dando corpo ao que ainda parecia apenas um rascunho.
As gravações não foram tranquilas. Em um dos primeiros takes, a polícia apareceu exigindo que parassem, alegando que estavam tocando alto demais. Os roadies chegaram a segurar as portas para que terminassem a sessão. Mais tarde, já instalados no Grand Hotel, improvisaram um estúdio no corredor, usando colchões para isolar o som. Foi nesse ambiente improvisado que "Smoke on the Water" ganhou forma definitiva, registrando não apenas a música, mas também o caos e a urgência daquelas semanas.
Na época, a faixa não era vista como especial dentro do álbum. Segundo Ian Paice, era apenas mais uma música do "Machine Head". Mas a Warner, nos Estados Unidos, acreditou no potencial do riff e lançou uma versão editada para o rádio, reduzida para pouco mais de quatro minutos. Foi a aposta certeira: a canção explodiu, se tornou um clássico e acabou definindo o que seria lembrado como a identidade do Deep Purple.
Com o tempo, "Smoke on the Water" virou um momento obrigatório em qualquer show da banda. Na lendária apresentação em Osaka, registrada no "Made in Japan", o público acompanhou a batida com palmas, enquanto Ian Gillan soltava a frase que entrou para a história: "I want everything louder than everything else!" ("Eu quero tudo mais alto do que todo o resto!"). Décadas depois, Paice relembrou que ainda encontra pessoas ligadas ao incêndio original, como um chef do cassino que se apresentou a ele em um restaurante na Itália.
Montreux nunca esqueceu o episódio. Em uma das visitas seguintes, a banda encontrou placas à beira do lago com a frase "No smoking on the water", e até aviões soltando fumaça sobre a água em homenagem. Para o Purple, ficou a lembrança de como uma simples ideia - a "canção der-der-der" - acabou se transformando em uma das músicas mais conhecidas da história do rock.
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