Regis Tadeu e o álbum que quase acabou com o Rush há muitas décadas
Por Bruce William
Postado em 30 de setembro de 2025
Em um vídeo publicado no youtube, Regis Tadeu recorda a fase mais complicada da carreira do Rush. O crítico relembra que "Caress of Steel", terceiro álbum da banda, lançado em setembro de 1975, quase enterrou o futuro do trio. As vendas foram baixíssimas, os shows da turnê esvaziaram, e a gravadora Mercury passou a cogitar encerrar o contrato. "Essa história parece inacreditável, pelo menos nos dias atuais, né? Mas ela não só realmente aconteceu, como também se tornou um belo exemplo de como a teimosia artística pode ser tão surpreendente quanto a própria vida".

O contexto era de ousadia. Após a entrada de Neil Peart em "Fly by Night", o grupo decidiu investir pesado no rock progressivo, inspirado por Yes, Genesis e King Crimson. O disco trazia apenas cinco faixas: no lado A, músicas curtas como "Bastille Day", "I Think I'm Going Bald" e "Lakeside Park", além da extensa "The Necromancer"; no lado B, a suíte épica "The Fountain of Lamneth", com quase 20 minutos. "É um álbum curto, com apenas cinco faixas, mas muito denso em ideias", destacou Regis.


O problema é que a ousadia foi mal recebida. A crítica norte-americana já demonstrava cansaço com o progressivo e classificou o Rush como pretensioso. Os fãs, que esperavam o hard rock direto dos dois discos anteriores, se perderam diante das longas suítes e arranjos complexos. Regis resume: "O 'Caress of Steel' fracassou de modo retumbante na época". A turnê chegou a ser apelidada pela própria banda de "Down the Tubes Tour" (que significa algo que está indo por água abaixo), em referência ao fiasco de público.
A pressão da gravadora Mercury foi imediata: o Rush deveria compor canções mais curtas e radiofônicas ou estaria fora do cast. Muitas bandas teriam cedido, mas o trio preferiu arriscar tudo em um novo álbum, apostando no progressivo em alto nível. A escolha resultou no clássico "2112", lançado em 1976, que garantiu a sobrevivência do grupo e se tornou um divisor de águas.

Hoje, Regis defende que "Caress of Steel" é um verdadeiro tesouro subestimadíssimo, um disco marcado pelo timing errado e pela miopia da crítica e do público. Para ele, a obra não deve ser vista como erro, mas como o momento em que o Rush bancou sua dignidade artística e estabeleceu as bases para a virada histórica que veio logo depois.
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