O vocalista que Jimmy Page percebeu que podia cantar qualquer coisa; "privilégio de trabalhar"
Por Bruce William
Postado em 08 de outubro de 2025
Jimmy Page sempre foi mais do que um guitarrista virtuoso, ele era um verdadeiro canivete suíço musical. Capaz de transformar qualquer ideia em som, ele dominava desde o violão de 12 cordas até o theremin, e parecia ter um talento natural para extrair peso e melodia de qualquer instrumento. Ainda assim, Page sabia que, no rock, nenhum guitarrista brilha sozinho e que o vocalista também tem um peso imenso para transformar uma boa banda em uma grande banda.
Depois da morte de John Bonham, em 1980, Page não via sentido em continuar o Led Zeppelin. Além da perda do amigo, seria impensável seguir sem Robert Plant, cuja voz havia se tornado sinônimo do grupo. O guitarrista atravessou um período difícil, e só começou a se reerguer quando se uniu a Paul Rodgers (Bad Company) no projeto The Firm.


A parceria com Rodgers trouxe novo ânimo, mas o entusiasmo não durou muito. Após uma performance decepcionante no Live Aid, Page decidiu seguir em frente, experimentando novas ideias que resultariam em "Outrider" (1988), seu único álbum solo completo. Entre os convidados, um nome se destacou: o cantor e multi-instrumentista John Miles, conhecido por seu trabalho no rock progressivo.

Miles não foi chamado para substituir Plant, ele era apenas um colaborador, mas sua versatilidade impressionou profundamente Page. Em declaração resgatada pela Far Out, o guitarrista afirmou: "Tive o privilégio de trabalhar com John Miles, que era fenomenal, porque podia cantar as partes de Chris Farlowe, Robert Plant, Paul Rodgers e, claro, as dele mesmo."
Para Page, Miles tinha algo raro: a capacidade de adaptar a própria voz a qualquer estilo sem perder identidade. Mas mesmo encantado com seu talento, Page acabou seguindo outros caminhos, incluindo o álbum "Coverdale–Page" (1993), parceria com David Coverdale, do Whitesnake. O disco soava, em muitos momentos, como uma continuação natural do Zeppelin, o que não era coincidência, já que o próprio Page havia ajudado a criar aquele estilo anos antes.

Ainda assim, Jimmy Page nunca deixou de reconhecer o talento de John Miles. Mesmo que a parceria entre os dois tenha sido curta, ela deixou uma impressão profunda no guitarrista. Para Page, Miles reunia algo raro: técnica, sensibilidade e uma versatilidade que o tornava capaz de enfrentar qualquer desafio vocal. Ele enxergava no cantor alguém que podia dar vida a praticamente qualquer composição - fosse algo de Robert Plant, Paul Rodgers ou dele próprio. Anos depois, Page resumiria a admiração com uma frase simples, mas reveladora: foi "um privilégio trabalhar com John Miles".

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