A música "errada" que levou o Soundgarden a outro patamar; "há algo fora do lugar"
Por Bruce William
Postado em 02 de novembro de 2025
O Soundgarden sempre caminhou ajustando as próprias peças. Em vez de repetir uma fórmula que alguém já tivesse usado, a banda descobriu que dava para crescer testando limites, ao mesmo tempo sem espantar quem ligava o rádio. Esse entendimento não veio de uma vez; foi aparecendo música a música, enquanto eles aprendiam onde estava a força do grupo.
Um marco desse processo foi notar como a escrita do agora saudoso Chris Cornell podia conviver com arranjos mais "cantautor" sem desmontar a banda. Kim Thayil foi direto ao ponto ao lembrar do impacto de "Black Hole Sun": "Já tínhamos singles antes. Mas esse foi facilmente o nosso maior hit. Era mais singer/songwriter. O Chris foi nessa direção de cara de cantor e compositor, e a banda aceitou mais por causa do sucesso dessas coisas em vez do rock mais orientado à guitarra. Era um rock de acompanhamento vocal, com alguma guitarra. Então passamos a usar um pouco mais disso", disse o guitarrista, conforme publicado pela Far Out.

Em paralelo, o grupo afiou outra característica: fazer rock pesado com métricas esquisitas que soam naturais. Nada de exibicionismo rítmico; a ideia era deixar a música fluir e, ainda assim, manter a arquitetura torta por baixo. E foi nesse espírito que "By Crooked Steps" virou uma aula prática. Cornell explicou o truque: "É algo que o Soundgarden faz de um jeito único. Já tivemos singles de sucesso em 6/4 e ninguém percebeu. Ou com compassos e mudanças rítmicas estranhas às vezes, principalmente em músicas que tocam no rádio. 'By Crooked Steps' é assim, especialmente pelo modo como o vocal canta por cima dos riffs de guitarra. Parece quase uma música de rock reta, mas há algo fora do lugar."
Esse "fora do lugar" é o segredo: a banda mascara a irregularidade com linhas de voz que conduzem o ouvido, enquanto a base conduz acentos inesperados. Para quem escuta, a faixa soa familiar; para quem analisa, há uma engenharia que mantém a tensão sem quebrar a canção.
O resultado foi um degrau a mais na carreira: aprender a esconder a complexidade à vista. Entre um refrão memorável e um compasso torto bem colocado, o Soundgarden achou um caminho próprio e, como disse Cornell, fez isso de um jeito que pouca gente percebe, mas muda tudo para quem toca e para quem escuta.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



As músicas do Iron Maiden que Dave Murray não gosta: "Poderia ter soado melhor"
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
Ramones e a complexidade técnica por trás da sua estética
Como foi para David Gilmour trabalhar nos álbuns solos de Syd Barrett nos anos 1970
O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
A única música do Led Zeppelin que Geddy Lee conseguia tocar: "Padrão repetitivo"
A banda que deixou o Rage Against The Machine no chinelo tocando depois deles em festival
Valores dos ingressos para último show do Megadeth no Brasil são divulgados; confira
"Ace Frehley não teve qualquer influência sobre mim", diz George Lynch
A música favorita de todos os tempos de Brian Johnson, vocalista do AC/DC
O guitarrista que Steve Vai diz que nem Jimi Hendrix conseguiria superar
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Inferno Metal Festival anuncia as primeiras 26 bandas da edição de 2026


A música "errada" que levou o Soundgarden a outro patamar; "há algo fora do lugar"
Quando Chris Cornell descobriu que cantar sozinho era melhor que com gente vendo
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
A banda grunge que para Bruce Dickinson era o "Led Zeppelin dos tempos modernos"


