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Zombie Cookbook: sangue, fedor e carniça para todos vocês

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 07 de janeiro de 2013

Foi com o EP "Cine Trash" que esses zumbis de Joinville (SC) mostraram sua cara em 2011. Agora o Zombie Cookbook liberou seu primeiro álbum completo, o caprichadíssimo "Outside The Grave", com muito Thrash e Heavy Metal extremo. O Whiplash.Net preparou o formol e foi conversar com o pessoal para saber das novidades. Escondam seus cérebros e confiram aí!

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Whiplash.Net: Olá pessoal, é um prazer falar com vocês novamente! Em 2011 o Zombie Cookbook marcou sua estreia com o EP 7" "CineTrash", lançado pelo selo norte-americano Fudgeworthy Records. Passado esse tempo, que balanço vocês fazem deste início de carreira?

Dr. Stinky: Cara, o que dizer... Está tudo sendo maravilhoso, lançamos o "Outside The Grave", tivemos o retorno do Guinea Pig (guitarra) graças àquela bruxa que conseguiu juntar os braços dele novamente! Fizemos shows fantásticos, conhecemos ZumBangers mais fantásticos ainda. Foi um ano cheio de tensão e alegria no mundo dos mortos, ahah!

Horace Bones: Parece que as coisas estão realmente acontecendo, o pessoal tem procurado o ZCB e tem gostado bastante, e isso está fazendo a gente seguir em frente com mais decomposições!

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Whiplash.Net: Ainda que seja totalmente old school, "Outside The Grave" está um pouco mais polido. Neste período entre um registro e outro, quais as maiores diferenças sentidas na realização deste novo trabalho?

Dr. Stinky: A meu ver, o Guinea na banda deu um brilho a mais... Conseguimos compor mais arranjos em duas guitarras, trabalhar melhor os solos, não que não tínhamos isso antes, mas podemos fazer tudo com mais calma, com outra cabeça pensante (que até nas diferenças acaba fechando com nossa ideia inicial), tivemos também a atuação direta do Felipe Lisciel que fez toda a pré-produção, condução da gravação e pós-produção do álbum. Acho que o amadurecimento do Zombie Cookbook também conta um pouco, pois voltamos a ser os moleques vivos dos anos 90.

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Horace Bones: Esses fatores ajudaram a moldar o "Outside The Grave", além da participação de todos os membros nas composições. Tivemos mais ideias, conseguimos trabalhar melhor os arranjos e vimos que era hora de gravar. Mas o "Outside The Grave" foi o primeiro passo, acredito que as músicas que temos trabalhado ultimamente estão mais Zombie Cookbook, tem mais a cara do que queríamos desde o começo!!! Logo estaremos desenterrando esses lançamentos...

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Whiplash.Net: Falando em 'old school', como chegaram ao produtor Felipe Lisciel e o estúdio carioca Fuzz?

Horace Bones: Através de outro morto, o orkut!! Xeretando em dicas e aulas de Home Studio, achei o Lisciel e ele estava procurando bandas para mixar, para os vídeos dele... Já tinha até acabado a procura, mas mandei nossas músicas e ele já entrou em contato que queria mixar, porque era o tipo de banda que ele estava procurando, não pelo estilo, mas pela dinâmica da banda de cada um tocar mesmo seu instrumento e não montar em programas e plugins. Aí acabou surgindo uma parceria legal para trabalhar com a gente no "Outside The Grave".

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Whiplash.Net: Dr. Stinky interpreta as canções com uma particularidade e insanidade palpáveis, são quase teatrais, mas bem naturais. Afinal, quais são suas influências?

Dr. Stinky: Hahah, valew brother. Então, minhas influências são várias! Gosto demais do Mike Patton, do Michale Graves (ex-Misfits), aí tem o Nicke Andersson, o David Vincent e Peter Tagtgren. Mas têm aquelas, as mais notáveis que todo mundo comenta, que são o Martin Van Drunen, John Tardy, Chuck Schuldiner e Patrick Mameli... Eu sempre tento variar ao máximo a voz, com graves, agudos, escarrar bastante os médios, os efeitos (pitch shifter, flange, delas, reverbs e mais reverbs), às vezes uso bastante dos recursos dos graves também para a voz do Horace aparecer bem e fazermos um duo de vozes.

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Whiplash.Net: O encarte de "Outside The Grave" tem tudo a ver com o contexto da banda, e a quadrinização do ilustrador Charles da Silva ficou ótima. Até onde o Zombie Cookbook se envolveu nos detalhes da história em quadrinhos? Aliás, o chapéu de 'mestre-cuca' na cabeça do Dr. Stink foi f...

Dr. Stinky: Bom, o Charles era meu sócio quando éramos vivos, então temos uma intimidade com ele e foi legal. Nos envolvemos pra caralho, fizemos sessões de fotos, ajudamos na arte, foi um mutirão para deixar tudo tinindo. O Charles e o Igor (Sherlock e Watson, haha!) estão mais do que de parabéns, sem eles o CD perderia toda a graça. O lance do chapéu e das roupas de cozinheiro, os aventais, etc, veio do Igor e do Charles, eles nos deram uma espécie de consultoria, já que os dois são proprietários de uma marca de roupas. A partir de agora, do lançamento do "Outside", pretendemos tocar com os aparatos de cozinheiro.

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Horace Bones: A arte surpreendeu até a gente, ficou muito melhor do que tínhamos imaginado. Agora vamos ter que queimar muitos neurônios para manter a qualidade de nossas artes, então a parceria com eles vai durar muito ainda! Assim esperamos e, em último caso, transformaremos eles em zumbis!!!

Whiplash.Net: Outside The Grave" foi patrocinado pela Fundação de Cultura de Joinville, mas a procuradoria geral da cidade ficou desconcertada quando sacou que estavam financiando um bando de zumbis, o que gerou dificuldades para o lançamento do disco. Conta um pouco dessa história aí! De que forma eles abordaram a questão com vocês?

Dr. Stinky: O lance foi o seguinte, nosso CD é para um público de faixa etária adulta, não é indicado para crianças, adolescentes, etc, e isso está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. Então, tivemos que colocar um selo de indicação de faixa etária. A abordagem deles foi bem tranquila... Desde o começo eles sabiam do projeto e onde ia parar, então foi mais uma cereja no topo do bolo, saca? Para a gente até foi bom, pois deu mais visibilidade à banda, deu até um bafafá quando rolou isso. O que vier, fazendo barulho, podreira e nojeira, pra nós tá mais do que bom!

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Whiplash.Net: Quais foram as dificuldades para efetivar uma nova parceria entre o Zombie Cookbook e a Fudgeworthy Records para o lançamento de "Outside The Grave"? O novo disco tem chances de ser lançado no exterior?

Horace Bones: Nem chegamos a pensar na Fudgeworthy para o lançamento do CD, já tínhamos uma gravadora da França interessada, mas nesse meio tempo tentamos o apoio da Fundação Cultural e conseguimos. Isso foi melhor porque tudo saiu do jeito que a gente queria.

Horace Bones: E tem chances, sim, de sair no exterior! Temos uma gravadora do EUA interessada em lançar, mas ainda estamos pensando muito bem. Na verdade, queríamos lançar o "Outside The Grave" em vinil antes e depois vamos ver o que acontece. O primeiro passo para o vinil até já foi dado, vai ser por parceria de selos, então se algum selo tiver interesse pode entrar em contato com a gente.

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Whiplash.Net E quais os planos para 2013? Ouvi notícias sobre um split 7" com o Offal... O que mais vem por aí?

Dr. Stinky: Sim, vamos lançar este split com nossos brothers do coração, e vai ser uma puta honra ter esse material em conjunto com eles. Estamos organizando um split com a Rancid Flesh (Goregrind de Fortaleza, CE) também, que queremos lançar em 7" (GRAVADORAS GRAVADORAS GRAVADORAS... ahah) e é isso. Divulgar ao máximo o "Outside The Grave", tocar em lugares novos, conhecer novos bangers e zumbificar a massa!

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Whiplash.Net: Áudio analógico, som calcado nos velhos tempos, quadrinhos e filmes B são evidências de que o Zombie Cookbook é amante das velharias. Sem traçar diferenças, mas existe algo que te deixa com muita saudade da cena metálica do final dos anos 80?

Dr. Stinky: Sim, conversamos isso direto... A galera odiava quando só tocava os Whitesnake, Guns, Skid Row, né? Mas, pô, nessa época isso é o que se tinha no mainstream, ou seja, era rock´n´roll, o rock, o hard, o heavy estavam na moda! Então, você ligava a rádio era rock, ligava a TV, a MTV, principalmente, era rock, era rock/hard/metal pra todo lado.

Dr. Stinky: Hoje as coisas estão voltando, de um modo diferente, claro, as pessoas não estão habituadas ainda com esse modo diferente, agora está ocorrendo uma transição. O modo de se ouvir as coisas, os artistas lançam músicas e clips, isso não necessariamente estará em um full-length, saca? Você não vê, por exemplo, o lançamento de CD de estúdio na TV, só CDs ao vivo, capiche? A indústria fonográfica em si tá passando por uma transição junto com a música, e o nosso objetivo é trazer um pouco de água na boca daquela nostalgia que a galera tinha/tem ao abrir um LP, colocar a agulha com cuidado pra não riscar, girar o botão de volume até o 11 e ficar batendo cabeça ouvindo o som.

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Horace Bones: A sensação de quando você comprava um disco... Você comprava pela banda, pelo som, pela arte, pelo encarte, pelo pacote físico todo, você colocava para tocar e curtia de uma forma diferente, mais intensa. Hoje isso se perdeu no meio dos downloads, mesmo quando você compra um CD, uma das primeiras coisas que você faz é rippar para mp3 para escutar no celular, em pendrive... Culpa da vida corrida também!

Whiplash.Net: Pessoal, hora de retornar à tumba... O Whiplash.Net agradece pela entrevista e deseja boa sorte a todos. O espaço é do Zombie Cookbook para as considerações finais, ok?

Dr. Stinky: É isso aí, zumbangers!!! Nos vemos pelos cantos mórbidos do Brasil em 2013! Sangue, fedor e carniça para todos vocês! Obrigado Ben e Whiplash.Net por mais uma vez batermos esse papo SUPIMPA!!! HAHA! Abração, brodaaaaa!

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Horace Bones: Abraço gorefreaks... Lembrem-se que, quando não tiver mais lugar no inferno, os mortos andarão pela Terra. E, enquanto isso não acontece, vocês podem assistir aos filmes do Rodrigo Aragão e do Petter Baiestorf. Zumbizada na cabeça!

Contato:
http://www.myspace.com/zombiecookbook
http://soundcloud.com/zombie-cookbook

DIS-MEMBROS DA BANDA:
Dr. Stinky – Mestre Canibal (Vocal)
Horace Bones – Exumação em 06 cordas e Laringite (Guitarra/Vocal)
Guinea Pig – Podreira em 06 cordas (Guitarra)
Hellsoldier – Covas Rasas (Baixo)
Dr. Freudstein – Marcha Fúnebre (Bateria)

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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