O primeiro disco pirata da história do rock
Por Emanuel Seagal
Postado em 15 de julho de 2024
Embora seja recente o conceito de bootleg, uma gravação de áudio ou vídeo de um artista lançado de forma não autorizada, sua história remete até os dias de William Shakespeare, quando foram publicadas de forma não oficial as transcrições de suas obras. O conceito de direito autoral foi abordado seriamente apenas em 1886, com a Convenção de Berna, onde dez países europeus concordaram com princípios legais para o reconhecimento do direito de autor.
Nos anos sessenta já era possível encontrar discos não oficiais, normalmente de gravações ao vivo de artistas do jazz, mas o marco zero dos bootlegs no rock ocorreu somente em julho de 1969, com o disco "The Great White Wonder", que continha gravações inéditas do Bob Dylan. Na época de sua gravação, o músico estava afastado dos shows, pois se recuperava de um acidente de moto, e gravou diversas músicas com a The Band, também conhecida pelo nome The Hawks. Essas demos foram feitas apenas com o intuito de vender canções para outros artistas gravarem, mas quando a faixa "This Wheel's on Fire" passou a tocar no rádio o interesse do público foi aumentando e gerou uma matéria da revista Rolling Stone que pedia pelo lançamento dessas músicas. Elas foram lançadas, mas apenas em 1975, sob o nome "The Basement Tapes".
Dois membros da indústria da música então criaram a "gravadora" Trademark For Quality, e lançaram "The Great White Onder", que contava com uma salada de gravações do Bob Dylan, incluindo gravações recentes, faixas gravadas em estúdio e músicas gravadas em ensaio no início de sua carreira. Este disco até hoje é reconhecido como o primeiro bootleg, ou "o primeiro disco pirata do rock", que deu início a uma série de bootlegs do Bob Dylan e outros artistas.
Nos anos seguintes pode-se observar um aumento na produção de discos piratas na América do Norte e também Europa. Nem os Beatles escaparam, pois a apresentação ao vivo de John Lennon e a Plastic Ono Band no Canadá foi lançada em bootleg, e assim como ocorreu com Bob Dylan, o material ganhou uma versão oficial da gravadora, intitulado "Live Peace in Toronto '69".
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