Review do novo álbum da Vario Chroma, "Infinite Canvas"
Resenha - Infinite Canvas - Vario Chroma
Por Wender Brás de Medeiros
Postado em 29 de abril de 2025
A banda mineira de progressivo Vario Chroma, lança em 28 de abril de 2025 seu novo álbum Infitine Canvas, que embora não seja o primeiro trabalho da banda, é considerado pelos seus integrantes a sua verdadeira estreia. Trago então minhas impressões ao ouvir esse trabalho.
O álbum inicia com No Way Back, uma música que em algo em sua musicalidade me lembra trabalhos de TesseracT, talvez esteja aí uma das influências da banda, entretanto com um vocal um tanto mais agressivo em algumas passagens. A música traz um tom introspectivo em sua letra falando sobre questionamentos internos de inadequação, tom este que persistirá por todas as músicas do álbum.

Em seguida temos Faint Echo vem quase como uma continuação da primeira música mas agora deixando mais evidente uma influência de Gojira, é como se houvesse uma raiva contida que vem crescendo na introdução e que é segurada assim que os vocais iniciam, aqui mais melódicos harmonizando com a atmosfera criada pela guitarra que se contrapõem ao ritmo da agitado da bateria que é como um coração taquicárdico de ansiedade, o que particularmente me dá a sensação de angústia quando algo está por acontecer, quando você está à beira de explodir mas tentando se manter calmo. A melodia segue num crescendo com o vocal ficando mais expressivo ao passar da música pontuada com momentos de calmaria que encerra num grito contido.

A terceira música é Allegory of You, a segunda mais longa do álbum com 7:53 minutos, ela traz elementos que me remetem ao Sepultura dos álbuns Machine Messia, Dante e Quadra. A música inicia com a sensação de fuga até a beira de um abismo, onde você para e pensa por um segundo antes de saltar, a tensão inicial dá espaço a um breve interlúdio de calmaria antes de se ver em queda, a letra é profunda e traz alguém que encara suas próprias sombras numa alegoria do olhar de outro alguém vendo seu próprio reflexo sombrio. O vocal mistura angústia e agressividade, os instrumentos trazem o peso dramático de estar nessa espiral descendente de encarar seus próprios demônios, entrando no terço final da música temos uma guitarra limpa e harmônica que depois se transforma em um ótimo solo que culmina em um último retorno do vocal quase catártico no sentimento que passa.

Sandstorm, quarta música do álbum, inicia com um riff que nos primeiros segundos me traz lembranças de Doom Metal mas logo vira para algo mais cadenciado como um Death Metal, me deixando com um retrogosto dos trabalhos do Nick Holmes em Paradise Lost e Bloodbath, a partir do momento em que o vocal entra sinto uma forte influência de Meshuggah no ritmo que se segue até o fim da faixa, que também traz uma temática introspectiva a respeito das capacidade de enfrentar problemas.
The Caravan inicia como a música com mais influências de progressivos como Polyphia e Queensryche, sendo essa a música mais leve do álbum, demonstrando um trabalho bem técnico em seu instrumental bem trabalhado que quer ser exposto ao máximo sem os disfarces que as distorções pesadas podem proporcionar. Ela é uma continuação de calmaria após a tempestade de Sanstorm, uma música que exige mais contemplação para absorver toda a sua complexidade e sutileza.

A sexta música, Purge, ganha mais velocidade e peso mas mantém a essência Prog, me deixando aqui com a sensação de ouvir algo de Opeth com refrões de Dream Theater. A guitarra segue sendo muito bem trabalhada e temos um belo trabalho de percussão ao qual julgo que caberia um solo de bateria no interlúdio que ocorre por volta do terceiro minuto da música, que é seguido por um breakdown que numa apresentação ao vivo conduziria perfeitamente a um mosh. A música encerra com uma interessante quebra de expectativas, pois ela dá a sensação de que encerrará após esse momento de peso para retornar ao um refrão no minuto final, como se ela tivesse dois finais, caberia aqui uma "versão rádio" mais curta e uma versão estendida como extra numa coletânea futura?

A última faixa, traz a música título do álbum, Infinite Canvas com seus surpreendentes nove minutos, é realmente uma tela sem fim por onde os músicos pintam com melodias bem trabalhadas. Essa é a música mais melódica de todo o álbum, com elementos demais para ser absorvida ouvindo casualmente, essa é uma música que exige que você pare para degustar, é como observar uma tela num museu, não pode ser feita rapidamente, o que é um contraponto interessante com o momento atual da música em que tudo é efêmero, feito para ser consumido quase que de forma descartável.
Embora o álbum parece ter sido todo pensado para se comunicar entre as músicas que não apenas mantém temáticas e atmosferas complementares, percebo que elas também podem e devem ser apreciadas separadamente. Uma recomendação que deixaria seria essa, degustar o álbum aos poucos uma música por vez, sentindo e percebendo seus nuances e depois ouvir todo o álbum de uma vez, prestando atenção em como as músicas se comunicam.

Este é até aqui o trabalho que mais marca a identidade da banda e foi feito para ser apreciado com a calma que você deveria ter ao ver grandes telas como Guernica.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps