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"72 Seasons" é Metal para ser curtido por quem não está mais na virada dos 20 anos de idade

Resenha - 72 Seasons - Metallica

Por Bruce William
Postado em 14 de abril de 2023

O que significa exatamente ser uma das maiores bandas de heavy metal do mundo em 2023? Surgido nos anos setenta e consolidado na década seguinte, o gênero desde o começo se caracterizou por ter um som pesado, geralmente com guitarras distorcidas, bateria marcante e vocais fortes e potentes, com temas ligados ao ocultismo, mitologia, e até mesmo abordando coisas díspares como guerra e amor, que foram cada vez mais sendo aprimorados e, principalmente, "radicalizados" ao longo dos anos. Não que necessariamente todo e qualquer trabalho do gênero traga tudo ao mesmo tempo, claro. Na verdade, na maior parte das vezes vários destes elementos não estão presentes.

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Foto: Reprodução
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Independente de definições, ser uma das maiores bandas de heavy metal em 2023 significa que a banda que se propõe ou é levada a este patamar deve ser uma das mais populares e bem-sucedidas em termos de vendas de álbuns, ingressos para shows, visualizações em plataformas digitais e reconhecimento geral do público e da indústria musical. Indo mais além: isso envolve muitos outros fatores, incluindo a qualidade da música, a habilidade dos instrumentistas, a originalidade, a consistência ao longo do tempo, a capacidade de evoluir e se adaptar às tendências do mercado e a capacidade de se conectar com o público.

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E dentre as poucas bandas que se qualificam para tal se encontra o Metallica. Formado no começo dos anos oitenta, o grupo foi responsável por lançar algumas das maiores obras do gênero ao longo de sua carreira que já passou de quatro décadas, trabalhos como "Ride the Lightning" de 1984, "... And Justice For All" de 1987, o "Black Album" de 1991 e, principalmente, o "Master of Puppets" de 1986, considerado como unanimidade um dos maiores álbuns de metal de todos os tempos, impossível uma lista de "dez maiores álbuns" do gênero não conter este trabalho.

Eis que agora temos mais uma adição ao catálogo não tão grande do Metallica, já que é apenas seu 11º álbum de estúdio: "72 Seasons", que chega quase sete anos após seu antecessor, "Hardwired... To Self-Destruct" e, assim como todos os discos lançados pela banda após o "Black Album", vai receber manifestação de amor e ódio em proporções épicas, com milhares enaltecendo seus "predicados absolutos" enquanto outros milhares vão detonar sem dó nem piedade o que julgam como "defeitos imperdoáveis".

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No meio do caminho entre estes dois extremos está a grande maioria que vai preferir enxergar o copo "meio cheio", já que o "72 Seasons" traz todos os elementos que associamos ao Metallica, em músicas longas com peso e melodia da medida certa, executadas com a competência de músicos experientes em uma produção digna do tamanho da banda. Não que "72 Seasons" seja perfeito, na verdade está muito longe disso, mas o álbum parece soar mais natural e sincero do que seus antecessores imediatos, com James Hetfield escrevendo algumas das melhores e mais profundas letras da carreira, e os caras da banda parecendo estar se divertindo bastante, diferente de um "Death Magnetic", por exemplo, que mostra uma banda bastante difusa e perdida em seus pesadelos. "72 Seasons" soa muito mais descontraído e autêntico, ao mesmo tempo feito com carinho, responsabilidade e uma paixão contida, madura.

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A longa duração do "72 Seasons" paradoxalmente pode ser um problema por gerar, a princípio, um certo cansaço que faz parecer existir uma certa "uniformidade" música após música. Isto acontece pois ao invés de investir na velocidade - coisa que a banda já deixou pra trás há décadas - o Metallica apresenta aqui um trabalho recheado de riffs que são sim cativantes mas tocados de uma forma desacelerada, que fazem você bater cabeça e tentar acompanhar as letras, mas sem que você termine a audição com o pescoço em frangalhos. "72 Seasons" é Metal para ser ouvido e curtido por quem não está mais na virada dos vinte anos de idade há muitos anos, assim como estão os próprios caras da banda. O que claro, não impede que alguém com metade dessa idade aprecie bastante.

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A questão da duração parece, na verdade, transformar "72 Seasons" num daqueles discos que precisam ser ouvidos várias vezes para que sejam reveladas sutilezas que não foram percebidas numa "passadinha rápida"; como exemplo do que aconteceu comigo, em particular, está a faixa que fecha o álbum, "Inomorata": ouvi todo o álbum esperando algo épico como desfecho, já que são mais de onze minutos, e me decepcionei pois a música começou e terminou sem que nada se destacasse nos meus ouvidos; mas bastou ouvir algumas vezes para perceber detalhes que fizeram a música ir "crescendo", a ponto dela ser considerada, no momento, a minha favorita do álbum.

Se lançado nos anos oitenta, "72 Seasons" hoje seria um dos grandes clássicos da história do metal. Como está saindo agora em 2023 vai ser candidato a "apenas" mais um álbum do Metallica, que vai causar "polêmicas controladas", ser objeto de "análises profundas", os haters vão deitar e rolar jogando músicas ao limbo da excreção enquanto os fanboys elevam as mesmas à categorias de clássicas absolutas etc. Ou seja, "72 Seasons" é mais uma prova que o Metallica é uma das maiores bandas de heavy metal que temos em 2023. E deve continuar sendo por vários anos ainda!

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Sobre Bruce William

Quando Socram chegou no Whiplash.net era tudo mato, JPA lhe entregou uma foice e disse "go ahead!". Usou vários nomes, chegou a hora do "verdadeiro". Nunca teve pretensão de se dizer jornalista, no máximo historiador do rock, já que é formado na área. Continua apaixonado por uma Fuchsbau, que fica mais linda a cada dia que passa ♥. Na foto com a Melody, que já virou estrelinha...
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