Octavision: supergrupo prog faz sólida estreia com toques armênios
Resenha - Coexist - Octavision
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 15 de janeiro de 2021
Nota: 9
No fechar das cortinas de 2020, um supergrupo internacional de nome Octavision lançou Coexist, um revigorante álbum de metal progressivo contendo tudo que o gênero oferece de bom. E perdeu uma grande chance de constar entre os melhores do ano...
É que 29 de dezembro é uma das últimas datas que eu escolheria para lançar um disco (afirmação curiosíssima, pois minha resenha anterior foi sobre algo lançado em 1º de janeiro, data igualmente peculiar). É tarde demais para constar nas listas de destaques do ano (muitas das quais são, estranhamente, publicadas já em novembro) e cedo demais para ser considerado em 2021.
Mas enfim, fato é que, após anos e anos, o supergrupo Octavision finalmente pariu seu primeiro filho. Desde 2016, o responsável pela iniciativa, o guitarrista armênio Hovak Alaverdyan, vem tentando lançar a obra, alterando datas e fazendo promessas, ficando a mercê das agendas dos encorpados músicos convidados para a empreitada.
E bota "encorpados" nisso: o projeto reúne medalhões como Victor Wooten e Billy Sheehan no baixo, Ara "Murzo" Torosyan e Steve Weingart nos teclados e Jeff Scott Soto nos vocais (embora só haja letras em duas das sete faixas). Na bateria, o não tão conhecido Roman Lomtadze. E completando o time, Avo Margaryan no blul (uma flauta típica armênia).
Sendo o líder um - exímio - guitarrista, era natural que a música aqui tivesse bastante foco em riffs e licks. Hovak ficou bem à vontade em sua própria "casa", mostrando-se um compositor e instrumentista do mais alto calibre. Mas ele abriu bastante espaço para os outros membros mostrarem sua virtuosidade, especialmente os tecladistas.
O baixo, mesmo empunhado por dois dos maiores nomes do instrumento, não foi tão valorizado na mixagem e acabou em alguns momentos soterrado pelos outros canais, o que de alguma forma não impediu os dois mestres de mostrarem, uma vez mais, porque são tão requisitados.
As faixas de Coexist são tão coesas que não faz sentido comentar uma por uma, exceto a "balada" de nome "Stormbringer". Digo "balada" assim, entre aspas, porque não é uma música melosa nem nada do tipo, e sim uma peça que decida quase metade de sua duração a passagens acústicas, algumas das quais lindamente conduzidas por um violoncelo. A outra metade é engrossada pela guitarra, mas sem toda a agressividade das suas companheiras.
Além da infeliz data de lançamento, o único outro pecado do álbum foi ter tido um uso apenas tímido dos elementos armênios que foram prometidos. Sim, as escalas não usuais na música ocidental são marcantes e realçam ainda mais o lado "progressivo" da banda, e há momentos memoráveis como todas as intervenções de Avo e o solo de kanun pela musicista Anahit Artushyan em "Three Lives". Mas nomes como Myrath e Amaseffer fazem incursões bem mais densas no riquíssimo mundo da música oriental.
Sendo Jeff e Billy integrantes de outro supergrupo de metal progressivo (Sons of Apollo), as comparações serão inevitáveis, se bem que bobas. O Octavision entrega mais do que se esperaria dele, enquanto que o Sons of Apollo, com todo o seu som avassalador, nunca parece atingir a totalidade da soma de seus cinco integrantes.
Tivesse o álbum sido lançado mais cedo, com certeza teria constado em alguma lista de melhores lançamentos do ano (ao menos na minha, tinha lugar garantido). Mas como não foi, fica aqui minha primeira resenha de heavy metal de 2021 para um grande disco do gênero de 2020.
Abaixo, o clipe da faixa-título:
Track-list:
1. "Mindwar"
2. "Coexist"
3. "Proctagon"
4. "Apocalyptus"
5. "Three Lives"
6. "Stormbringer"
7. "So It Begins"
FONTE: Sinfonia de Ideias
http://bit.ly/octavision
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