Resenha - Playground of the Damned - Manilla Road
Por Diogo Muniz
Postado em 20 de dezembro de 2020
O ano é 2011, e após sua ultima turnê o Manilla Road se firmou com a seguinte formação: Mark Shelton (guitarra e vocal), Bryan Patrick (vocal), Cory Christner (bateria) e Vince Goleman (baixo). Foi nessa época que eu conheci o Manilla Road, navegando despretensiosamente na internet, e ao me deparar com o som dos caras foi amor à primeira audição. Fiquei alucinado com o som da banda e lembro que na época compartilhei com todos os meus amigos os links dos vídeos deles nas minhas redes sociais, com o intuito de divulgar ao máximo essa raridade. Digo que se trata de uma raridade, pois aqui no Brasil o Manilla Road é praticamente desconhecido do grande público, e geralmente quem conhece aprova o som da banda.
 
Assim como eu usei a internet para conhecer e divulgar a banda, o Manilla Road também reconheceu o potencial do alcance que a internet oferecia - tanto que posteriormente o próprio Mark Shelton confirmou em entrevistas que a banda havia aumentado consideravelmente sua base de fãs graças à internet. Fazendo uso dessa nova ferramenta, o grupo tratou de fazer vídeos divulgando o seu próximo e vindouro trabalho, batizado de "Playground of the Damned"
 
Após lançar dois discos inteiramente voltados para temáticas históricas e mitológicas, em "Playground of the Damned" a banda retomou a temática de horror/terror. A capa do disco já nos dá uma pista do clima sombrio que permeia o seu conteúdo, nos apresentando uma figura horrenda em um cenário de total destruição em uma imagem quase monocromática.
A faixa de abertura, "Jackhammer", já começa sem firulas, com riffs bem colocados e o baixo bem na cara. Aqui temos Mark Shelton, com uma voz que vem envelhecendo como vinho desde "Atlantis Rising", assumindo os vocais. O refrão é sombrio e arrastado, dando a pista de como será a abordagem lírica e musical do disco.
Alternando os vocais, temos Bryan Patrick conduzindo "Into the Maelstrom", uma canção pesada, arrastada e marcada por uma batida tribal.
 
"Playground of the Damned", a faixa-título, é uma música em mid-tempo, porém um pouco mais acelerada (e com mais viradas de bateria) que as anteriores. A letra aborda a humanidade como sendo uma raça amaldiçoada por si mesma. Vale a pena mencionar o solo de guitarra que é conduzido por uma base que flerta com música oriental.
"Grindhouse" tem uma introdução com um toque em dedilhado que até sugere a presença da fórmula do Manilla Road, mas em seguida o que se ouve é uma música pesada, sendo uma das mais aceleradas do disco. Com vocais sinistros, a dupla Mark Shelton e Bryan Patrick canta sobre uma câmara de tortura, sem economizar nas descrições tenebrosas.
Uma das músicas mais interessantes do disco é "Abattoir de la Mort", que apresenta boas variações de andamento, sendo também uma das mais trabalhadas tecnicamente. Bryan Patrick assume os vocais nas partes pesadas, enquanto Mark Shelton recita as partes mais lentas. A guitarra e o baixo estão bem entrosados em suas partes. O som da bateria, entretanto, está muito estranho (irei falar disso mais à frente), sendo o som mais estranho de todo o disco apesar de estar sendo muito bem executada por Cory Christner.
 
Uma belíssima introdução no violão nos leva para "Fire of Ashurbanipal", que além de aliviar o clima pesado do disco também foge um pouco da temática de horror. É uma das músicas com as mais belas e marcantes passagens instrumentais de todo o disco. A voz de Mark Shelton mais uma vez dá todo um charme e emoção para o refrão. Em outras palavras, uma parada obrigatória.
Uma música feita para bater cabeça é a melhor descrição para "Brethren of the Hammer", um dos grandes destaques do disco e que se tornou obrigatória nos shows da banda, com um refrão de arena, feito para a galera cantar junto. A letra basicamente é um chamado para reunir os irmãos de batalha, a irmandade do martelo. Emocionante e épica,
 
A fórmula do Manilla Road não poderia faltar, e ela foi aplicada em "Art of War", faixa que encerra o disco. Com uma introdução serena e introspectiva, a música gradativamente vai ganhando tons sombrios com metáforas igualmente sombrias, que ganham mais profundidade com a voz marcante de Mark Shelton. Uma canção que encerra o disco de maneira digna e emocionante.
Em "Playground of the Damned" a banda resolveu apostar em canções um pouco mais diretas que nos discos anteriores, mas o know how adquirido fez a banda nos brindar com canções mais diretas e ao mesmo tempo bem trabalhadas. A parte instrumental, como sempre, está impecável do ponto de vista de execução, com todos os instrumentos muito bem colocados e entrosados. Entretanto a produção do disco deixou um pouco a desejar, principalmente em relação à bateria que está com um som muito estranho, soando abafada em algumas músicas e seca em outras. Mesmo assim o trabalho de Cory Christner nas baquetas é digno de elogios. Vale a pena mencionar também o trabalho vocal de Bryan Patrick que está mais a solto e a vontade, nos mostrando o seu verdadeiro potencial.
 
Como dito anteriormente, "Playground of the Damned" é um pouco mais direto, e mesmo com alguns pontos fracos é um trabalho bastante coeso e agradável de ouvir.
Tracklist:
Jackhammer
Into the Maelstrom
Playground of the Damned
Grindhouse
Abbatoir de la Mort
Fire of Ashurbanipal
Brethren of the Hammer
Art of War
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