Scars: Predatory; nasce mais um clássico do Thrash Metal
Resenha - Predatory - Scars
Por Thiago Barcellos
Postado em 22 de maio de 2020
Nota: 10
Em 1991 eu tinha meus 11 anos, e o contato que tinha com o metal era assistir os clipes do Metallica do black album na MTV (quando era um programa na TV aberta) e o cover de Orgasmatron que o Sepultura fez do Motorhead. E Enquanto eu começava minha paixão por esse estilo uns sujeitos de SP criavam o Scars, uma das mais icônicas bandas do Thrash Metal brasileiro.
Depois de rachar um Split com Distraught e o Zero Vision em 1994, um vídeo para a música "World Decay" tocava constante no Fúria Metal da MTV e pasmem chegou até render uma aparição no Fantástico na TV Globo.
Após rodar o Brasil em shows por alguns anos a banda entra em um hiato, e alternou retornos e novos hiatos por uns anos até que em 2005 retorna com o The Nether Hell, disco que conta com seis novas canções e inspiradas pelo livro "A Divina Comédia" de Dante Alighieri. O álbum é extremamente bem recebido por público e crítica, rendendo a banda vários shows marcantes, ao lado de gente como Destruction, Anthrax, Testament e outros.
Aí em 2008, após outra mudança de formação a banda retorna com Devilgod Alliance, outro álbum bem avaliado porém com poucos shows. Passaram mais alguns anos e após mais um hiato a banda ressurge com uma nova formação cheia de gás e lançam dois singles, Armageddon e Silent Force (que estão presentes como faixa bônus de Predatory). Ambos serviram de aperitivo para a pedrada que vem por aí, Pedratory. E é sobre este que falaremos agora.
A banda assinou com a Brutal Records, e essa maravilha terá distribuição pela Sony Music e será lançado mundialmente dia 07 de Agosto, mas vem com o amigo aqui que você vai ter uma noção do que vem por aí antes de todo mundo.
Primeiro de tudo, comecemos pela capa que é de cair o queixo. Lindíssima, e ilustra bem o conceito das letras do disco criadas por Régis, seu carismático vocalista. O que nos deixa ainda mais perplexos sobre a capa, é que é o primeiro trabalho nesse sentido do designer gráfico Luís Dourado. Imaginem as próximas capas desse camarada...
Agora sobre a música, o Scars gravou seu álbum definitivo. Tudo aqui é simplesmente perfeitamente encaixado, tudo em seu devido lugar. É um disco pensado, calculado para ser grandioso. É fácil perceber que as músicas foram tratadas com carinho, esmero e nenhuma delas está ali por estar. A maturidade musical que a banda alcançou é soberba, seu Thrash vigoroso recebeu doses de modernindade e soa fresco, ainda que recheado das características tradicionais do estilo.
Predatory é aberto pela faixa título, um míssel enviado por Régis & Cia que nos atinge em cheio, com sua introdução tribal com um baixo pesadão que explode num Thrash Metal direto, seco e com um ótimo refrão.
A segunda These Bloody Days é outra que entra rascante, thrashão para abrir roda de pogo na sala de casa (pois estamos em quarentena, certo?). Os vocais furiosos de Régis são o destaque, além dos solos alucinados que fazem jus ao ritmo da música.
Ancient Power dá continuidade e após uma introdução sussurada e bem climática entra um riffão que traz algo de Kreator à mente (aliás, uma influência presente em todo o disco) e é mais um thrash direto e com riffs incríveis que beiram o Death Metal e que alterna partes rápidas com outras mais lentas que não terão piedade do seu pescocinho.
Na quarta composição da bolacha vem Sad Darkness of The Soul, uma composição que mostra a variedade do álbum e ressalta a maturidade musical que o Scars atingiu. Mais arrastadona, algo como um Paradise Lost só que Thrash, com boas levadas de bateria e o riffs muito criativos da dupla Alex Zeraib e Thiago Oliveira (este que inclusive gravou o último registro musical do Warrel Dane, um dos meus vocalistas favoritos e que recém se juntou ao grupo).
E é dele a instrumental The Unsung Requiem, uma pequena peça melancólica, com melodias complexas e muita técnica jorrando bom gosto. Você pode ouví-la como fundo do vídeo que a banda fez recentemente mostrando o processo da criação da capa.
Aí entra Ghostly Shadows com melodias intrincadas e um riff palhetado que é um convite irrecusável ao bate-cabeça. Os vocais gritados aliados a riffs que alternam as palhetadas com ótimos fraseados permeam toda a música.
The 72 Faces of God acabou se tornando minha favorita em todo o disco. Não é a mais rápida nem a mais pesada, mas sua levada e riffs aliados a grandes e virtuosos solos te pega logo de cara, e os vocais raivosos novamente tornam aquela vontade de bater cabeça incontrolável. Grande música!
A surra continua com Beyond The Valley of Despair que começa com riffs palhetados e ótimas melodias de guitarra, vocalizações perfeitamente encaixadas à levada da música. Lá pro meio ela vira mais um bate-estaca fuderoso com levadas insanas de pedal duplo e solos mirabolantes.
A essa altura a grande maioria das bandas chegariam ao fim do álbum perdendo força, mas não é o caso aqui. O Scars guardou pro final uma pedrada chamada Violent Show, que é talvez a mais épica desse disco, pois traz nela todas as características que encontramos ao logo do disco: Peso, velocidade, melodia, criatividade, solos precisos e vocais nervosos tudo condensado em uma música. Essa música já nasce clássico do Thrash Metal.
Pessoal, o Thrash Metal brasileiro ganhou mais um representante crucial do estilo. Nesse álbum o Scars esbanja maturidade musical, criatividade e solidez, aliados a um trabalho gráfico nada menos que espetacular. Predatory faz frente a qualquer album gringo de Thrash gravado sei lá, nos últimos dez anos. Acha que estou exagerando? Espere pelo dia 07 de Agosto e volte aqui para me agradecer por ter te indicado o disco que provavelmente será uma constante nas votações para melhores do ano. De nada, meus amigos.
Ao Scars, parabéns pelo PUTA disco, e que venham os shows.
Tracklist:
Predatory
These Bloody Days
Ancient Power
Sad Darkness Of The Soul
The Unsung Requiem (Instrumental)
Ghostly Shadows
The 72 Faces Of God
Beyond The Valley Of Despair
Violent Show
Armageddon (Bônus)
Silent Force (Bônus)
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