Muñoz: álbum acerta na improvável combinação de stoner e percussão africana
Resenha - Nekomata - Muñoz
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 14 de abril de 2020
Nota: 8
O stoner rock não se resume a riffs crus, vocais entorpecidos e atmosferas desérticas e eu posso provar. Como? Com Nekomata, terceiro disco da dupla mineiro-catarinense Muñoz.
Formado pelos irmãos Mauro (vocais, guitarra, baixo, sintetizador) e Samuel Fontoura (bateria, percussão), o duo sempre fez exatamente o som que descrevi no parágrafo acima. Com este álbum, porém, eles elevam tudo a um novo patamar, e essa elevação foi um verdadeiro salto, e não apenas uma ida de um degrau para o seguinte.
Como dito, até o lançamento anterior, Smokestack (2016), a dupla já era dos melhores exemplos de stoner rock nacional que poderíamos pinçar. Mas aqui eles ultrapassam os limites do gênero e incorporam ritmos diversos para harmonizar com suas guitarras cruas e vocais psicodélicos.
O resultado é um dos trabalhos mais autênticos, criativos e primorosos do rock nacional em 2019. A sensação é a de estarmos ouvindo um rito tribal com guitarras elétricas ou algo do tipo.
Claro que a definição acima é muito aberta e poderia englobar bandas tão distintas quanto Sepultura e The Hu. Então vamos afunilar um pouco o conceito e dizer que o Muñoz incorporou ritmos brasileiros e africanos para criar uma espécie de "BaianaSystem encontra Far From Alaska", especialmente no que diz respeito à percussão - departamento que ganha mais espaço do que nunca na música deles.
A trilogia de abertura segura essa levada sem muito descanso. O ritmo desacelera na faixa-título e é retomado em "Deep Sleep" e "Collapse". O auge da viagem sonora, sem dúvidas, é a sétima faixa, "Estamira", que começa "normal" (para os padrões do grupo) e desemboca numa verdadeira orgia musical.
A relativamente crua "Sentinela" (talvez a menos experimental) faz a ponte com "Tyrant Times" e tudo se encerra na morna "Blue Cat & the Eternal Rat".
"Nekomata" é uma criatura do folclore japonês na qual gatos domésticos se transformam após viverem muito tempo - tal como o Muñoz, que já roda por aí há quase uma década e virou um nome dos mais interessantes do rock nacional recente.
Abaixo, a faixa "Planet End":
Track-list:
1. "Planet End"
2. "Vodum
3. "Oru"
4. "Nekomata"
5. "Deep Sleep"
6. "Collapse"
7. "Estamira"
8. "Sentinela"
9. "Tyrant Times"
10. "Blue Cat & the Eternal Bat"
Fonte: Sinfonia de Ideias
https://bit.ly/muñoz2019
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps