Obscurity Vision: A banda domina a musicalidade black metal
Resenha - Dark Victory Day - Obscurity Vision
Por Ricardo Cunha
Postado em 24 de agosto de 2019
Nota: 8 ![]()
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Balneário Rincão, cidade litorânea de Santa Catarina que fica a 186 km ao sul de Florianópolis, na região de Criciúma, não era um lugar apropriado a uma cena do metal extremo até 1997, quando a Obscurity Vision foi idealizada pelos amigos Luiz Rodriguez (guitarrista) e Rafael Vicente (vocalista). A ideia era buscar no death metal e black metal o alicerce para um som rápido, brutal e que gerasse satisfação ao próprio grupo que, no ano 2000, se completou com Daniel Machado (baixo) e R. Nunes (bateria). O quarteto ensaiava suas músicas acrescentando muita melodia e, assim, o peso foi se adaptando à técnica.
Em 2002 a banda finaliza o seu primeiro trabalho de estúdio, a demo Obscurity Creation. A qualidade hospedada em uma produção crua e direta, fez o grupo se aproximar mais do black metal. 2003 chega e uma mudança importante acontece no lineup, Rafael se ausenta e, em seu lugar, assume Gil Souza. Isso durou até 2005. Após uma longa parada, o grupo retorna em 2010 com Luiz ocupando a bateria e seu irmão João Rodriguez a guitarra. Essa formação que ainda contava com Gil no vocal, trouxe Nery Bauer no baixo. Foi um período construtivo com shows e novas composições, mas que acabou em 2012.
Definitivamente a banda se ergue em 2016 e, com casa arrumada, Luiz Rodriguez retoma a posição de guitarrista e Luiz Tretin assume a bateria. Com o retorno de Rafael ao grupo a banda cai na estrada promovendo alguns shows até entrar em estúdio para a gravação do single I Can See, que foi incluído no relançamento da demo Obscurity Creation nesse mesmo ano. Descoberta por muitos bangers da Região Sul a banda viveu bons momentos conduzidos por este registro, que recebeu muitos elogios. "O grupo foca seus esforços na criação de uma forma brutal de death/black metal, mas adornada com melodias ótimas", resume Marcos Garcia do blog Heavy Metal Thunder. "I Can See" que se tornou carro-chefe da banda, foi produzida no estúdio A Todo Volume, em Forquilhinha/SC. No dia 11 de novembro de 2016, a música estreia no Youtube como lyric video e, de lá pra cá, cresce em número de acessos revelando o interesse do headbanger na música nebulosa da banda.
Com novas composições na bagagem, em 2017 o quinteto começa a trabalhar no primeiro full-length, mas sem deixar de lado a rotina de shows. O álbum sai em dezembro e é disponibilizado em dezenas de plataformas de streaming. Dark Victory Day ganhou vida com treze faixas sinônimas em talento, provindas da dedicação do grupo que fez o lançamento físico de forma independente. A música Violência ganhou videoclipe legendado e o álbum chegou com uma produção sem tanta "alegoria", mostrando a crueza dos riffs sujos e pegada valorizando o peso e velocidade, porém, destacando bem a melodia que sempre foi o ponto forte da banda.
2018 segue como ano de desafios e conquistas. As confirmações em grandes festivais undergrounds de Santa Catarina, como "Inferno Metal Fest" e "Brutal Metal Fest" deram mais visibilidade ao grupo que formou parceria com os selos Profanação Metálica Distro e Rono Abrasax Distro Rec. para a distribuição do álbum. Inevitavelmente, a OBSCURITY VISION cairia nas graças da cena extrema nacional, com notas de imprensa em veículos importantes do Brasil, como Roadie Crew, Arte Metal, Heavy Metal Thunder BR, Coletivo La Migra e Roadie Metal.
Devido à incompatibilidade de agenda, Nery teve de sair da banda, pois seu trabalho como produtor musical e outras funções começavam a conflitar com a rotina do grupo. Em seu lugar, o velho conhecido do cenário local, Thiago Junglaus (ex-Forest Of Demons) assume o baixo e já chega mostrando serviço na gravação do single inédito The Deception of Truth, lançado como videoclipe em setembro de 2018. Com o line-up redefinido, a banda assina com a Brauna Music Press para trabalho de representação. A OBSCURITY VISION segue marcando shows pelo Brasil e exterior, enquanto compõe novos "hinos" e promove o seu debut.
Dark Victory Day é um disco que coloca a banda, salvas as devidas proporções, no mesmo patamar de nomes como Lycanthropus, Tsjuder e UADA. Deve-se ter em mente que o essencial sobre a música da banda é que domina a musicalidade Black metal e, por isso, nada deve aos grandes nomes da cena underground mundial. Entretanto, um – apenas um – detalhe faz com que o disco não atinja a nota máxima nesta ocasião: a escolha do timbre da bateria que, para este que vos escreve, contrasta enormemente com os demais instrumentos. Todavia, nada que tire o "brilho negro" do disco em questão. O que se ver aqui é uma fúria poucas vezes vistas nos álbuns de estréia de qualquer banda nacional. Mas não apenas fúria, os caras sabem tocar e demonstram profissionalismo na execução. Afinal, não é por ser adepta de um estilo brutal que uma banda deve fazer as coisas de qualquer jeito. Na prática, este disco representa para mim, um trabalho no qual os músicos estão reunindo as condições para o que virá!
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