Black Moth: rock visceral com contexto histórico em terceiro disco
Resenha - Anatomical Venus - Black Moth
Por Fábio Laurandi
Fonte: earside.com
Postado em 09 de maio de 2018
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
No século XVIII, devido a certa escassez de cadáveres por questões éticas e religiosas, a comunidade científica europeia precisou encontrar maneiras diferentes de estudar o corpo humano e de passar seus conhecimentos para os estudantes de anatomia e biologia. Uma das formas encontradas foi a criação de modelos humanos femininos em tamanho real, feitos de cera e com cabelo natural, com aberturas em vários locais para que os órgãos pudessem ser remexidos e expostos. Todos eram inspirados em obras de arte e imagens mitológicas, revelando um padrão de beleza e sedução mesmo se tratando de falsos cadáveres para fins práticos e putrefatos. Estas figuras vêm chamando atenção de pesquisadores e de movimentos feministas atuais, que apontam a necessidade da mulher exercer um papel belo e sedutor até onde não há vida, mas apenas um simulacro dela. Os modelos em questão levavam em inglês o nome de Anatomical Venus e a discussão ainda promete render bastante nos meios sociais e acadêmicos. O que não deve gerar tanta discussão assim é o caráter belo e sedutor da música que o BLACK MOTH – banda sediada em Leeds, UK – criou neste terceiro álbum da carreira, inspirado tanto nos falsos cadáveres do século XVIII quanto nas questões levantadas pelas pesquisas atuais acerca dos mesmos.
Se você conhece os dois álbuns anteriores da banda, Anatomical Venus – lançado em março deste ano – te desafia o tempo inteiro a captar onde estão as semelhanças e as diferenças entre o trabalho atual e os antigos do grupo. Se você não conhece ainda nada do BLACK MOTH, dá uma conferida porque vale demais a pena! Falando nisso, Condemned To Hope – antecessor direto – é um tanto quanto mais direto e cru do que o disco aqui resenhado. A primeira música de cada um dos dois é sintomática disso, fazendo com que o antigo ouvinte da banda tenha uma surpresa com a faixa de abertura "Istra", que começa cadenciada e arrastada após uma introdução instrumental. O clima não é sempre esse, mas "Istra" consegue ser extremamente convidativa e atinge o ouvinte em cheio com seus riffs grudentos e aquela mudança de ritmo interno que favorece um descanso para o pescoço que já estava achando que seria balançado para frente e para trás por pelo menos cinco minutos.
O caldeirão de influências da banda é tão grande que fica difícil até mesmo apontar as principais. Arrisco que as mais clássicas ali seriam BLACK SABBATH na composição dos riffs e KYUSS na manutenção do ritmo. Mas percebe-se uma veia de garagem ou até de um som mais alternativo dos anos 90, com uma pegada punk e grunge. O vocal limpo de Harriet Hyde não engana a ninguém, pois ele apenas não é agressivo no que diz respeito ao aspecto técnico. A fúria contida em seu estilo cria uma atmosfera sombria que se une ao tema do disco e revela um adicional de influências doom a esse caldeirão do BLACK MOTH. Todo esse conjunto ainda é capaz de criar um ambiente psicodélico em muitas passagens, como nas velozes e excelentes "Sisters Of The Stone" e "A Thousand Arrows". A primeira, inclusive, destaca-se por possuir um riff de guitarra constante que acompanha o refrão junto a uma linha de baixo super pegajosa em um momento em que o ouvinte fica com vontade de seguir todos os elementos da música ao mesmo tempo e se vê carregado em uma viagem deliciosamente confusa.
"Pig Man", faixa que encerra o disco, destaca-se pela ousadia de incluir efeitos na voz de Hyde e convidar o ouvinte a continuar refletindo sobre os temas complexos e desafiantes abordados no disco.
As necessidades do homem têm limites? Essa é a pergunta mais ampla que fica depois de passear pelo trabalho lírico apresentado pela banda nesse disco, que se não é melhor é tão bom quanto o seu ótimo antecessor e apresenta a nova guitarrista do grupo – Federica Gialanze – já perfeitamente adaptada. Uma das canções mais arrastadas do álbum, "Severed Grace", possui um refrão grudento e sedutor que ecoaria a voz vinda de um dos modelos de cera que dão título ao trabalho. Anatomical Venus grita 'Come in, come in, come in' de forma altamente bela, sedutora e convidativa para que o ouvinte se delicie e se espante com o que tem para ouvir em mais esse petardo instigante e inspirador do BLACK MOTH, banda que encontrou um ótimo caminho para seguir e que já cumpre mais do promete.
Tracklist:
01. Istra
02. Moonbow
03. Sisters Of The Stone
04. Buried Hoards
05. Severed Grace
06. A Lovers Hate
07. Secret Queen
08. Tourmaline
09. A Thousand Arrows
10. Pig Man
Fonte: earside.com
http://earside.com/review-black-moth-anatomical-venus/
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
Move Concerts faz post sobre vinda do Iron Maiden ao Brasil em 2026
Dream Theater anuncia turnê que passará por 6 cidades no Brasil em 2026
O disco que Flea considera o maior de todos os tempos; "Tem tudo o que você pode querer"
Rafael Bittencourt comenta reunião de ex-membros do Angra e participação no Bangers Open Air
Helloween fará show em São Paulo em setembro de 2026; confira valores dos ingressos
Graham Bonnet confirma nome de música gravada com Bruce Dickinson
A banda de rock que deixava Brian May com inveja: "Ficávamos bastante irritados"
Quando David Gilmour salvou um show do Jimi Hendrix; "eles estavam muito nervosos"
Ex-presidente do Grêmio diz ter proposta para show do Rush em Porto Alegre
Mr.Bungle anuncia show solo em São Paulo
O clássico álbum ao vivo "At Budokan" que não foi gravado no Budokan
A maior banda, música, álbum e vocalista nacional e gringo de 1985, segundo a Bizz
Os 50 melhores álbuns de 2025 de acordo com a revista Kerrang!
Regis Tadeu indica disco "perfeito" para uma road trip: "Todo mundo detesta, mas é bom"
Supertramp: A bizarra coincidência entre o 11 de setembro e o álbum de 1979 da banda
"Eu nem sabia que Dave Grohl tinha um baterista", diz Ozzy Osbourne


"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional
"Rebirth", o maior sucesso da carreira do Angra, que será homenageado em show de reunião
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme



