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Motorhead: edição comemorativa de luxo do primeiro disco

Resenha - Motörhead - Motörhead

Por Mário Pescada
Postado em 06 de março de 2018

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

O ano era 1975: Lemmy havia sido chutado do HAWKWIND de onde vinha crescendo e ocupando seu espaço. Logo ele, que fora contratado para ficar apenas seis meses, já escrevia material e assumia alguns vocais, o que acabou gerando ciúmes em alguns membros, especialmente do fundador Dave Brock. Depois de ter sido detido portando sulfato de anfetamina no Canadá (ao contrário do que muita gente fala, não foi cocaína ou heroína), surgiu ali a deixa perfeita para pôr Lemmy para fora da banda.

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Vida que segue, rancores de lado (nem tanto assim) e Lemmy decide então formar sua própria banda: nascia ali o MOTORHEAD, nome inspirado na sua última música escrita no HAWKWIND (o trema veio anos depois e por pouco a banda não se chamou Bastard). A formação original era Lemmy no baixo e vocais, Lucas Fox na bateria e Larry Wallis na guitarra, com visual jaqueta de couro preta, jeans, botas e cintos de bala. O objetivo: se vingar musicalmente dos seus ex-companheiros. A missão: ser "a banda de rock n´roll mais suja do mundo".

Porém, pouco tempo depois Lucas pula fora e entra para seu lugar o jovem baterista, ex-skinhead e hooligan do Leeds United, Phil "Philty Animal" Taylor que, de tabela, acaba trazendo o amigo e guitarrista "Fast Eddie" Clarke - a ideia era ser um quarteto, mas parece que Larry não curtiu muito. Estava formado o trio matador Lemmy, Phil "Philty Animal" Taylor e "Fast Eddie" Clarke!

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Com um começo bem árduo, a banda tinha que enfrentar o descrédito da mídia especializada que lhe dava pouca atenção (chegaram inclusive a batizar a banda como "A Pior Banda Do Mundo"), o grave momento de recessão econômica que a Inglaterra enfrentava, as poucas apresentações disponíveis, falta de grana, etc., enfim, as coisas não estavam nada fáceis e por pouco, muito pouco, a banda não acabou. Chegaram até mesmo a marcar o que seria o último show da banda, no Marquee, porém, os deuses do rock resolveram dar uma força e o resto é história.

Aqui cabe explicar um rolo da época: seus dois primeiros discos foram lançados fora do tempo em que efetivamente foram gravados devido a problemas contratuais entre gravadoras, assim como primeiro ao vivo da banda, o quase desconhecido "What´s Words Worth? Live Recorded" (1978). "On Parole" foi gravado primeiro do que "Motorhead" e incluiu a participação dos ex-membros citados antes em algumas faixas, porém "Motorhead" foi lançado antes dele, por isso há alguns embates entre fãs sobre quem veio primeiro. Fato é que o álbum homônimo foi o primeiro a chegar as lojas, enquanto que "On Parole" só seria liberado anos depois para aproveitar o então sucesso alcançado nos anos 80.

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Voltando ao disco, "Motorhead" (1977) é basicamente um "On Parole" regravado com a inclusão de outros covers, incluindo aí material do HAWKWIND. Temos ótimos registros aqui: a faixa-título "Motorhead", a dançante "Vibrator", "Iron Horse / Born To Lose" com seu andamento arrastado, "Keep Us On The Road" com solos de guitarra e baixo, "The Watcher" com sua pegada minimalista cheia de efeitos psicodélicos e o rock da pesada "The Train Kept A-Rollin'".

O disco atingiu a posição 43 no Top 75 do Reino Unido, um importante termômetro da época. A crítica (enfim) gostou e as coisas começaram a dar certo.

A versão nacional lançada pela Hellion Records é um prato cheio aos fãs: digipack de luxo com o mascote Snaggletooth impresso em prateado, 1 faixa single B-side, 4 faixas do matador EP "Beer Drinkers & Hellraisers' (escutem a faixa tema cover do ZZ TOP e me digam se não ficou matadora), 7 faixas bônus com versões diferentes encontradas 35 anos após o lançamento do álbum, encarte de 24 páginas com fotos da época incluindo os agradecimentos de cada um e a história detalhada do nascimento desta banda antológica.

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Um álbum cru, com muito rock n´roll clássico, verdadeiro item indispensável na coleção de qualquer fã da banda!

Formação:
Lemmy Kilmister - baixo e vocais
"Fast Eddie" Clarke - guitarra
Phil "Philty Animal" Taylor - bateria

Faixas:
01 Motörhead (HAWKWIND cover)
02 Vibrator
03 Lost Johnny (HAWKWIND cover)
04 Iron Horse / Born To Lose
05 White Line Fever
06 Keep Us On The Road
07 The Watcher (HAWKWIND cover)
08 The Train Kept A-Rollin' (TINY BRADSHAW cover)
Bonus Tracks:
09 City Kids (single B-side 1977)
Beer Drinkers And Hell Raisers EP
10 Beer Drinkers And Hell Raisers (ZZ TOP cover)
11 On Parole
12 Instro
13 I'm Your Witchdoctor (JOHN MAYALL & THE BLUESBREAKERS cover)
Material inédito
14 Lost Johnny (Mix 2)
15 City Kids (Mix 1)
16 Im Your Witch Doctor (Alternative mix)
17 The Watcher (Mix 3)
18 White Line Fever (Mix 7)
19 Keep Us On The Road (Mix 1)
20 Motörhead (Alternative vocal & guitar solo)

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Sobre Mário Pescada

Mineiro, leitor compulsivo, ouvinte de todas as vertentes do rock - do blues ao grindcore. Valoriza mais a honestidade e entrega em cima do palco do que a técnica. Guarda os flyers dos shows que vai como se fossem relíquias.
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