Abacab: Phil Collins assume o comando do Genesis
Resenha - Abacab - Genesis
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 14 de fevereiro de 2017
Nota: 7 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Com Duke (link para a resenha, ao final desta), o Genesis sentiu o doce sabor do sucesso de massa. O batera-vocalista Phil Collins escalara o Everest das paradas com sua estreia solo de 1981, Face Value. Mike Rutherford e Tony Banks tinham motivos para seguir com a transformação da banda, senão pela tentação da grana, pelo perigo mesmo, porque bandas prog eram demitidas como moscas pelas gravadoras. Abacab (setembro de 1981) definitivamente marcou a transição do Romantismo prog para uma espécie de Modernismo rock de arena.
O nome meio dadaísta não significa nada. Originalmente, a faixa-título era dividida em seções batizadas com letras. Muda aqui, corta lá; num momento a ordem das seções era a,b,a,c,a,b.
Até a capa fugiu ao padrão progressivo-mitológico de Selling England By The Pound ou Trick of the Tail (links para as resenhas, ao final desta). A arte abstrata dava ar mais moderno ao grupo, que queria competir com seus pares reinantes da New Wave e do pós-punk. E não é que se deram bem? Abacab ficou meses nas paradas e colocou a banda no circuito das turnês em grandes estádios. Collins e Co. – com suas caras de semipapais comuns – rivalizavam a adulação popular com os gatinhos do Duran Duran ou do Spandau Ballet.
Abacab deixa para trás os rococós progressivos, os longos solos de teclado e abraça sonoridade mais agressiva, onde bateria e vocais estão em proeminência. Embora os membros sempre hajam negado, Collins assumia a chefia. A produção abandona meios-tons pantanosos para se tornar representante típica do lustre da época. Redondinha, bem ao gosto dos ascendentes yuppies.
Os sete minutos da faixa-título são desnecessários. A tentativa de soar meio metal até traz bons momentos (não metais), mas a pouca variação no instrumental enjoa após o quarto minuto. No Reply At All é delícia funkeada, com metais do Earth, Wind and Fire, então no auge de seu reinado. Nada a ver com o trabalho prévio do Genesis, enfurecendo fãs antigos, que vaiavam a banda em alguns shows da turnê de Abacab, quando material do álbum era executado. Até o sotaque de Phil está mais americanizado para garantir maior aceitação no mercadão ianque. Note como ele pronuncia can’t nessa faixa e compare com o can’t britânico dos sete minutos prog que valem a pena de Dodo/Lurker.
Confiante e avalizado pelo grande público, Phil bota a alma para fora quando canta. A produção, o sucesso e a experiência desabrocharam vocalista seguro e versátil. Ele abre o berreiro na rutherfordiana balada Like it or Not e faz diversas vozes em Dodo/Lurker e na ótima Me And Sarah Jane, que poderia ser definida como Tony Banks sobrevoa a Jamaica no inverno. Salpicos de reggae num puro clima Tony.
Em Man on the Corner, o Genesis prova que aprendera tanto de produção que pôde assumir a tarefa nesse álbum. O instrumental vai se adensando conforme o pathos aumenta, culminando com a poderosa bateria e os gritos de Collins. A necessidade/vontade de se contemporanizar resulta no maior tropeço, a infantiloide Who Dunnit. Punkosa, tentando ser palhaça, com letra besta. Constrangedora.
O Genesis entrara para vencer no jogo pop oitentista. Perdeu fãs "históricos", mas ganhou legião de admiradores de última hora, que desconheceriam para sempre a era Gabriel ou mesmo os primeiros álbuns da Collins. Abacab colocou o grupo na linha de frente. Parecia outro, se comparado ao Genesis de cinco anos antes. Era outro universo, se voltássemos sete anos e tomássemos The Lamb Lies Down on Broadway (link para a resenha, ao final desta).
Abacab foi o último álbum a merecer algum respeito pela crítica. Os próximos seriam massacrados, mas Banks, Collins e Rutherford imperariam pelos dez anos seguintes.
Tracklist
1. Abacab (7:01)
2. No Reply At All (4:40)
3. Me And Sarah Jane (5:59)
4. Keep It Dark (4:31)
5. Dodo / Lurker (7:28)
6. Who Dunnit? (3:22)
7. Man On The Corner (4:26)
8. Like It Or Not (4:57)
9. Another Record (4:28)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
Axl Rose ouviu pedido de faixa "esquecida" no show de Floripa e contou história no microfone
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
A melhor música dos Beatles, segundo o Ultimate Classic Rock
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
Slash quebra silêncio sobre surto de Axl Rose em Buenos Aires e defende baterista
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
O convite era só para Slash e Duff, mas virou uma homenagem do Guns N' Roses ao Sabbath e Ozzy
Janela de transferências do metal: A epopeia do Trivium em busca de um novo baterista
Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
O que realmente fez Bill Ward sair do Black Sabbath após "Heaven & Hell", segundo Dio
Os 11 melhores discos de rock progressivo dos anos 1970, segundo a Loudwire
Krisiun celebra o aniversário do clássico "Apocalyptic Revelation", gravado em apenas uma semana

A banda com a qual Phil Collins disse estar "no céu" ao trabalhar
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia
Designer relembra a criação da arte da capa do álbum "Nursery Cryme" - clássico do Genesis
Ex-Genesis, guitarrista Steve Hackett confirma dois shows no Brasil
O artista maravilhoso e problemático que Phil Collins disse que ninguém consegue cantar como
O álbum em que Phil Collins acredita ter atingido "o auge" como baterista
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental


