Genesis: Caindo de boca no pop, com Duke
Resenha - Duke - Genesis
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 29 de janeiro de 2017
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Depois do inspirador êxito de And Then There Were Three (veja link para a resenha, após esta matéria), o Genesis deu um tempo. Mike Rutherford e Tony Banks lançaram álbuns-solo. Phil Collins participou de projetos de outros artistas e tentou, sem sucesso, juntar os pedaços de seu casamento. Chegou a sair do Genesis para viver no Canadá, mas, quando viu que a relação com Andrea estava falida, voltou para a Inglaterra e para a banda. A história da traição de sua primeira esposa – sempre contada na versão Collins – tematizaria canções por décadas. Nunca um chifre rendeu tanto $$$ na música pop!
Entre outubro e dezembro de 1979, os genesianos voavam para Estocolmo para gravar no Polar Studios. Em março de 1980, saiu Duke, consolidação da influência popeira de Phil Collins sobre a complicação progressiva de Mike e Tony. Quantitativamente, Duke ainda é dominado por composições de Banks-Rutherford, mas seu resultado comercial implicaria no predomínio de Phil nos anos vindouros.
Duke representa salto vital na gênese do Genesis oitentista, mais pop, agressivo, e que deixou as outras bandas prog comendo poeira. Supertramp virou pop também, mas na metade da década já não era nada comercialmente. O Yes praticamente idem. Genesis foi a única banda prog que popeou e permaneceu soberana nas paradas até os anos 90. E sempre foi malhada por isso.
O álbum mistura pop e prog em doses bastante eficazes. A ideia inicial de compor longa suíte ao estilo de Supper’s Ready foi abortada e as partes divididas e espalhadas pelo disco. Percebe-se a ligação entre algumas faixas pelas referências melódicas e pela repetição da letra de Guide Vocal no fim da viagem instrumental de Duke’s Travels.
Para conhecedores dos estilos de cada um dos três integrantes da banda não é difícil perceber que o desespero dedilhado de Alone Tonight é puro Mike Rutherford e que o fatalismo pessimista da outonal Heathaze é de Tony Banks. Quem mais aconselharia o ouvinte a jogar comida aos patos, caso encontrasse alguém pescando num rio seco, porque crente de que há água? É mais fácil isso, do que tentar convencê-lo do contrário.
A parcela pop de Duke abriu as portas de um público novo. Misunderstanding – contribuição de Collins, influenciada pelo chifre e pelos Beach Boys – estourou nos EUA. Turn It On Again – vibrante, meio rock de arena, típico produto 80’s – também, e virou clássico nos shows. A canção não é de Phil, mas foi ele quem deu o conselho de Midas enquanto ensaiavam: aumentar a velocidade da batida. O sucesso de vendas certamente elevou a influência do baterista; afinal, quem quereria remar contra a favorável maré das caixas registradoras?
Collins está totalmente à vontade nos vocais, embora a produção de David Hentschel, às vezes, faz a voz soar um pouco remota. O que funcionou bem em And Then There Were Three não repetiu o efeito em Duke.
Dando adeus ao Mellotron, aos longos solos de teclado e às filigranas de Selling England By the Pound, Duke levou o Genesis ao topo das paradas britânicas pela primeira vez. O grupo repetiria a façanha até os anos 90, abrangendo um público que muitas vezes desconhecia sua fase progressiva clássica, a não ser pelos resquícios ouvidos/vistos em shows.
No ano seguinte, 1981, o álbum-solo de estreia de Phil Collins estouraria nos dois lados do Atlântico, tornando-o um dos superstars mais atípicos da história do pop (baixinho, careca, trintão, quase sempre acima do peso e com barriguinha e cara de papai classe-média). Ele assumiria de vez a liderança do Genesis e a popice seguiria desenfreada. Muitos fãs antigos ficaram pelo caminho, mas a banda abria-se para um novo mundo, no início da década dos yuppies.
Tracklist:
1. Behind The Lines (5:43)
2. Duchess (6:25)
3. Guide Vocal (1:21)
4. Man Of Our Times (5:34)
5. Misunderstanding (3:13)
6. Heathaze (4:57)
7. Turn It On Again (3:46)
8. Alone Tonight (3:54)
9. Cul-De-Sac (5:06)
10. Please Don't Ask (4:00)
11. Duke's Travels (8:39)
12. Duke's End (3:08)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
Axl Rose é criticado por sua voz após Guns N' Roses homenagear Ozzy com cover no Brasil
O álbum "esquecido" do Iron Maiden nascido de um período sombrio de Steve Harris
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
A melhor música dos Beatles, segundo o Ultimate Classic Rock
Bryan Adams fará shows no Brasil em março de 2026; confira datas, locais e preços
Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
Regis Tadeu toma partido na briga entre Iron Maiden e Lobão: "Cafona para muitos"
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
O convite era só para Slash e Duff, mas virou uma homenagem do Guns N' Roses ao Sabbath e Ozzy
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
Os tipos de canções do Guns N' Roses que Axl afirma terem sido as "mais difíceis" de compor


A banda com a qual Phil Collins disse estar "no céu" ao trabalhar
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia
Designer relembra a criação da arte da capa do álbum "Nursery Cryme" - clássico do Genesis
Ex-Genesis, guitarrista Steve Hackett confirma dois shows no Brasil
O artista maravilhoso e problemático que Phil Collins disse que ninguém consegue cantar como
O álbum em que Phil Collins acredita ter atingido "o auge" como baterista
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental


