Genesis: a Gênese da era Collins
Resenha - A Trick of the Tail - Genesis
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 14 de agosto de 2015
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Genesis sem Peter Gabriel era conceito duro de compreender, nos idos de 1975. Phil Collins, Mike Rutherford, Tony Banks e Steve Hackett não passavam de músicos de apoio para o exuberante vocalista, na visão de muitos. Assim, apostava-se no sumiço da banda. Internamente, os músicos sentiam a pressão de não apenas seguirem sem Peter, mas acharem substituto à altura para um (já) ícone do rock progressivo. Fãs e imprensa estavam mais do que nunca de olho no Genesis.
Conta-se que os testes pra vocalista passaram de 4 centenas. Uma tarde, Phil Collins cantarolou Squonk para um candidato que não acertava de jeito nenhum. Naquele momento, a epifania: por que não aproveitar alguém da banda? Phil assumira o vocal principal em Nursery Cryme e Selling England By the Pound (ambos resenhados no Whiplash, veja links ao fim desta resenha), além de fazer harmonias e backing vocals pra Gabriel no estúdio e no palco. O timbre dos 2 era parecido e um membro da banda talvez angariasse as simpatias dos fãs mais facilmente do que um forasteiro.
Iniciava-se a "era Collins", que traria megaestrelato, desprezo dos críticos e cisão entre os fãs. Pergunta comum entre devotos genesianos: você prefere Peter Gabriel ou Phil Collins?
Em fevereiro de 76, saiu A Trick of the Tail, primeiro álbum da formação Collins-Banks-Rutherford-Hackett e único da fase Collins recebido com generosidade pela imprensa. Ao vivo, muitos fãs responderam bem ao novo vocalista. O baterista-cantor conta que num show no Canadá, um fã vestido com uma das fantasias de Gabriel permaneceu em pé na boca do palco durante metade do show, até indicar que Phil estava aprovado.
Phil não quis competir com a teatralidade fantasiada de Gabriel e optou por uma persona de palco mais brincalhona e próxima ao público. As misteriosas letras gabriélicas cederam lugar a fantasias e tentativas de humor. Não há como negar que as de Peter eram superiores.
Pra bateria nos shows, o Genesis contratou Bill Brufford (ex-Yes) e depois acertou-se com Chester Thompson, que permaneceu décadas com o grupo e com Phil em sua carreira solo. 2 bateras garantiam um duelo instrumental em alguns momentos do espetáculo, que marcou as carreiras do grupo e de Phil.
A Trick of the Tail parece sucessor de Selling England By the Pound e não de The Lamb Lies Down on Broadway (resenha ao fim desta matéria), tornando esse último, meio que um álbum "sozinho" na discografia. Um certo tipo de humor inglês e temas fantásticos, acoplados com instrumentação preciosista, marcam a marcha ré do Genesis.
A responsabilidade do primeiro álbum pós-Gabriel exigia uma faixa de abertura genial, concretizada em Dance on a Volcano. Quase 6 minutos de ritmo crescente com seção rítmica urgente, camadas de guitarras e sintetizadores e um instrumental final de tirar o fôlego de fãs de prog sinfônico: um galope ascendente em direção á cratera. Defeito? Ser curto demais!
Em chaves diferentes, Entangled e Robbery, Assault and Battery mostram a vertente cômica meio nonsense adotada pelos rapazes. A primeira é sobre tratamentos psiquiátricos e seus preços exorbitantes. Ao instrumental onírico dominado por cordas da primeira parte, Tony Banks sobrepõe um solo de Mellotron que deve ter sido composto em outra dimensão. Robbery... é um exercício em humor-negro e múltiplos pontos de vista e entonações vocais, bem ao estilo dos álbuns pré-The Lamb. A letra fala sobre um bandido que se aproveita dos furos do sistema judiciário e o instrumental "pra cima" torna tudo muito irônico. O final, brincando com os canais das caixas de som, é uma maravilha!
Ripples tira a banda do terreno do fantástico e fala sobre o processo de envelhecimento, comparando-o com ondas concêntricas em um lago. A instrumentação entre o folk e o clássico, reproduz o efeito dos círculos. Aos 4 minutos e tanto, um daqueles solos chorados da guitarra de Hackett, que fazem valer a pena estar vivo. Mad Man Moon é puro Tony Banks com letra de conto de fadas e instrumentação grandiloquente, com muito piano e mudanças rítmicas e líricas.
A Trick of the Tail atingiu o terceiro lugar na parada britânica e a turnê mundial tirou o Genesis do vermelho financeiramente. Mas, era 1976 e a Inglaterra estava prestes a ser sacudida pela rebelião punk, que colocaria o Genesis na posição de "careta", da qual jamais sairia.
Tracklist
1. Dance on a Volcano (5:53)
2. Entangled (6:28)
3. Squonk (6:27)
4. Mad Man Moon (7:35)
5. Robbery, Assault & Battery (6:15)
6. Ripples (8:03)
7. A Trick of the Tail (4:34)
8. Los Endos (5:46)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
Helloween retorna ao Brasil em setembro de 2026
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
O pior disco do Anthrax, segundo a Metal Hammer
A melhor música de "Let It Be", segundo John Lennon; "ela se sustenta até sem melodia"
O pior álbum que Dio gravou ao longo de sua carreira, segundo a Classic Rock
A música solo que Ozzy Osbourne não curtia, mas que os fãs viviam pedindo ao vivo
A banda de metal extremo que é referência para Mark Tremonti (Creed, Alter Bridge)
O rockstar brasileiro que até as músicas ruins são divertidas, segundo Regis Tadeu
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
O clássico do Queen que Elton John achou título péssimo: "Vocês vão lançar isso?"
Marcie Free, uma das maiores vozes do AOR, morre aos 71 anos
A opinião de Slash sobre o anúncio da volta do Rush em 2026
Dave Grohl elege o maior compositor de "nossa geração"; "ele foi abençoado com um dom"

A banda com a qual Phil Collins disse estar "no céu" ao trabalhar
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia
Designer relembra a criação da arte da capa do álbum "Nursery Cryme" - clássico do Genesis
Ex-Genesis, guitarrista Steve Hackett confirma dois shows no Brasil
O artista maravilhoso e problemático que Phil Collins disse que ninguém consegue cantar como
O álbum em que Phil Collins acredita ter atingido "o auge" como baterista
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental


