Alírio Netto: Sonoridade suave e distante do rock em estreia solo
Resenha - João de Deus - Alírio Netto
Por Ricardo Seelig
Fonte: Collector's Room
Postado em 27 de janeiro de 2017
Alírio Netto possui uma longa folha corrida de serviços prestados ao metal nacional. Vocalista das bandas Khallice e Age of Artemis, construiu uma carreira sólida e conquistou admiradores em todo o país graças à técnica vocal diferenciada que sempre possuiu. Mais recentemente, Alírio fez parte do casting da versão brasileira do musical Jesus Cristo Superstar interpretando o papel de Judas Iscariotes, e também do musical We Will Rock You, onde interpreta o papel de Galileo nessa celebração à obra do Queen.
"João de Deus" é o primeiro disco solo de Alírio Netto e foi lançado no final de 2016, mais precisamente dia 15 de dezembro, pela TRM Records. Ao contrário do que fez em toda a sua carreira, aqui Netto explora outro lado de sua personalidade musical, cantando em português e apostando em uma sonoridade bem mais suave. O disco foi produzido pelos irmãos Falaschi - Edu e Tito - e conta com participações especiais de Felipe Andreoli (Angra), Marcelo Barbosa (Angra), Tiago Mineiro e Milton Guedes (Rita Lee, Lulu Santos), além do próprio Tito Falaschi. Vale citar que o ex-vocalista do Angra, Edu Falaschi, além de assinar a produção também participa da composição de duas faixas, "Viver (One Love)" e "Nada Mais Importa".
Musicalmente, é tudo muito bem feito e produzido, com tudo no lugar. A voz de Alírio surge cristalina e perfeita em cada faixa, realçando a capacidade do músico. As participações especiais são marcantes, como o belo solo de Marcelo Barbosa em "João de Deus, o piano de Tiago Mineiro em "Retratos" e o sax de Milton Guedes em "Nada Mais Importa".
Quando aposta em uma sonoridade descaradamente pop, Alírio consegue fazer isso com bom gosto e alcança resultados agradáveis, como podemos conferir em "Viver (One Love)", "O Palhaço" e "Nada Mais Importa". No entanto, confesso que não curti muito as canções mais lentas como "De Sol a Sol" (versão de uma música do cantor mexicano Erik Rubin), "Retratos" e "Segredos", que mesmo mantendo a excelência instrumental e interpretativa presente nas demais faixas do disco, acabaram soando excessivamente melosas aos meus ouvidos.
Trilhando de maneira corajosa um caminho totalmente oposto a tudo o que fez em sua carreira até agora, Alírio Netto mostra em "João de Deus" a capacidade que possui de experimentar novas sonoridades mantendo a qualidade que sempre marcou a sua carreira. É um trabalho que não agradará a todos os ouvidos, principalmente aos mais acostumados com sonoridades relacionadas ao rock.
Pessoalmente, achei um disco apenas mediano, mas acredito que quem é adepto de um som mais suave tem tudo pra curtir.
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