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Van Halen: O melhor set de músicas da era Lee Roth

Resenha - Tokyo Dome In Concert - Van Halen

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 27 de setembro de 2015

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Após muitos e muitos anos com promessas de retorno e imbróglios, o Van Halen finalmente resolveu retornar em 2012 com o álbum A Different Kind of Truth. Agora em 2015, a banda veterana finalmente lança seu mais novo álbum ao vivo, Tokyo Dome Live in Concert. Eu sempre fui um grande fã do grupo de Hard Rock, tenho toda a discografia da banda, e antes que alguém se pergunte, minha formação favorita do grupo é com Sammy Hagar. No entanto, não fiquei triste com o retorno de David Lee Roth, muito pelo contrário. Mas creio que a banda levou tanto tempo para retornar que acabou se desgastando da memória coletiva das pessoas.

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Contudo, para o fã que sempre esteve frustrado por não existir um álbum ao vivo da banda com Lee Roth, tão grande e importante quanto o Live: Right Here Right Now (1993), gravado na época de Hagar, aqui está a grande oportunidade de adquirir este discaço ao vivo, embora ele não tenha sido tão divulgado por aqui no Brasil justamente pela razão que apontei anteriormente, de o Van Halen ter demorado tempo demais para pensar em se reunir, o que acredito, fez com que as pessoas de forma geral fossem meio que largando mão de querer esperar a tão sonhada volta do grupo, o que é muito triste, pois a banda em seus anos de auge, foi uma das melhores e maiores do mundo, tendo causado uma comoção enorme quando desembarcou pela primeira vez aqui no Brasil em 1984. Quem é mais novo, pode perguntar para qualquer fã de Rock mais velho hoje em dia e confirmar.

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O show que a banda gravou em Tokyo não só é bom e descontraído (apesar desta capa bem feinha do disco), como também conta com todo o carisma que Lee Roth sempre teve e com a performance sempre ótima que se espera dos irmãos Van Halen, Eddie e Alex, apesar de um tropecinho ou outro. A diferença agora é não termos mais os baixos de Michael Anthony, sendo o baixista substituído aqui pelo filho de Eddie, Wolfgang Van Halen, que também substituiu Anthony no disco de 2012. E o garoto até que manda muito bem, não me levem a mal, mas acho essa atitude meio nepotista de Eddie de querer que o filho faça parte do negócio da família, meio forçada demais, parece até vingancinha contra Anthony, porque na hora que a batata assou o baixista resolveu ficar do lado de Hagar.

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Mas vamos falar do que rolou no show. Um adendo antes: Lee Roth gravou estas músicas em seus 20 e poucos anos de idade, que correspondem ao período de 1979 a 1984, ou seja, dos 25 aos 30 anos; portanto, é impressionante que hoje, com exatos 60 anos, o vocalista ainda consiga cantá-las nas tonalidades originais em que foram gravadas. Pouquíssimos outros vocalistas conseguem chegar à terceira idade inteiraços, com suas cordas vocais em dia, e isso é digno de respeito! E parece que desta vez o cantor voltou para ficar, uma vez que já havia tentado um retorno em 1996 na compilação Best Of – Volume I, que acabou rendendo duas músicas inéditas, mas não rolou.

Deixando as rusgas que teve no passado com a banda, Lee Roth volta a demonstrar toda sua animação, carisma e trejeitos de verdadeiro showman que é para o animadíssimo público japonês, cantando clássicos da banda como "Unchained", com uma introdução destruidora de Eddie, "Runnin' With The Devil" do primeiro álbum da banda, "I'm the One" e um numerozinho vocal "pa-pa... shoo-be-doo-ah" à capela de toda a banda, mostrando que Wolfie (como é chamado carinhosamente) também consegue ser um backing vocal eficiente como papai Eddie.

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A coisa esquenta também quando fazem uma dobradinha com "Everybody Wants Some!!" e "Somebody Get Me A Doctor", proporcionando ao pessoal mais velho uma verdadeira sensação de nostalgia, e mostrando à galera mais nova e que era jovem demais em 1984 para saber sequer o que a banda representava, o ilimitado poder de fogo que o grupo ainda detém, mesmo com um integrante diferente desta formação clássica.

O disco 1 ainda conta com as covers de costume que a banda gosta tanto de executar, como as músicas "Oh, Pretty Woman" de Roy Orbison, tema do filme Pretty Woman (Uma Linda Mulher) com Julia Roberts e Richard Gere, e também o classicaço "You Really Got Me" do The Kinks, cuja regravação ficou bem mais conhecida pela versão do Van Halen em seu disco de estreia. Este primeiro disco da caixa ainda nos traz as inéditas "She's The Woman", "Tattoo" e "China Town", do disco de 2012.

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Um ponto que eu não curti aqui foi justamente este minimalismo em relação ao material novo. Músicas novas como as ótimas "Blood and Fire" e "Stay Frosty" para mim mereciam estar presentes. O outro ponto que eu não curti, parece até meio óbvio, mas vou falar: nunca mais poderemos ouvir músicas da época de Hagar sendo executadas pela banda, o que me entristece imensamente.

Eu conheci o Van Halen através do álbum 5150 (1986), já com Hagar nos vocais, tenho até camiseta do disco e o vinil, e adquiri um sentimento nostálgico por essa formação da banda, então não escutar mais estes clássicos dessa época do grupo para mim é de uma tristeza sem tamanho. Cresci ouvindo "Why Can't This Be Love", "Dreams", "When It's Love", "Poundcake", "Right Now", e se não pudesse escutar mais estes clássicos, seria não somente como se parte de minha juventude tivesse morrido, mas como se parte da banda também tivesse morrido. Felizmente Hagar ainda as canta em sua carreira solo; mas que seria bacana vê-lo cantá-las com os irmãos Van Halen, isso seria.

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Enfim, passemos para o disco 2. Nada de inéditas aqui, somente sons "da nata" como se diz em italiano, só os clássicos. É a minha parte favorita do show também porque há nela muitas músicas do álbum 1984 (1984), como "I'll Wait", a sempre animadíssima e divertida "Hot for Teacher", "Panama" e o grande clássico "Jump" que fecha o show; sabe, aquele disco da criança com asas fumando um cigarrinho, meu álbum favorito da era Lee Roth por várias razões, inclusive por "Jump".

Outros clássicos que marcam presença aqui também são "Dance the Night Away", a divertida "And the Cradle Will Rock..." com um riffzinho de "Smoke on the Water" aqui no show, a acelerada "Romeo Delight", a ótima "Mean Street" uma das minhas favoritas da era Lee Roth inclusive, o irresistível Blues Rock "Ice Cream Man", a essencial "Ain't Talkin' 'bout Love" e a instrumental "Eruption", um dos exercícios de guitarra mais famosos do mundo e que aqui excede os 8 minutos de duração porque Eddie vai emendando improvisos no meio, como a instrumental "Cathedral", provando que ainda e um dos melhores e mais relevantes guitarristas de todos os tempos.

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E é aí que eu me pergunto de novo por que cargas d'água o cara não pode tocar pelo menos alguma faixa instrumental da era Hagar, como a excelente "Baluchitherium", que eu acho a melhor instrumental que a banda já fez? Nem que seja para o cara lembrar um pouquinho de fãs como eu, que adora essa fase? Mas não, não pode ter música da era do Hagar! Que saco!

Bom, mas tomando o show pelo que ele é, um retorno ao passado glorioso da banda com algumas incursões novas, este talvez seja o melhor set de músicas da era do Lee Roth que já fizeram. Eu realmente não posso dizer que seja o melhor set da banda, porque pra mim isso incluiria músicas da era Hagar, como já mencionei. Mas fica o feito pelo não feito, essa é a chance que todo fã estava esperando de ter um show completo dos caras com todos os clássicos de 1979 a 1984, mais algo novo de 2012. Claro que eu acho isso o máximo, e óbvio que, como fã eu mais do que recomendo esse show. Lee Roth brinca com a plateia japonesa, se aventura a falar um pouco de japonês, faz as suas brincadeiras de sempre e esbanja carisma.

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É apenas uma pena que isso tenha acontecido tão tarde, quando o mundo meio que já se esqueceu do Van Halen. Mas eu torço para que se lembrem de novo deles, e que mais discos aconteçam no futuro, como fã, estarei torcendo por isso. E claro, por uma chance de vê-los aqui no Brasil, uma vez que eu só tinha 4 anos quando vieram aqui em 1984.

Tokyo Dome In Concert (2015)
(Van Halen)

Tracklist:
Disco 1:
01. Unchained
02. Runnin' With the Devil
03. She's the Woman
04. I'm the One
05. Tattoo
06. Everybody Wants Some!!
07. Somebody Get Me a Doctor
08. China Town
09. Hear About It Later
10. (Oh) Pretty Woman (cover Roy Orbison)
11. Me & You (Drum Solo)
12. You Really Got Me (cover The Kinks)

Disco 2:
01. Dance the Night Away
02. I'll Wait
03. And the Cradle Will Rock...
04. Hot for Teacher
05. Women in Love...
06. Romeo Delight
07. Mean Street
08. Beautiful Girls
09. Ice Cream Man
10. Panama
11. Eruption / Cathedral
13. Ain't Talkin' 'Bout Love
14. Jump

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Selo: Warner Bros.

Van Halen é:
David Lee Roth: voz, violão
Eddie Van Halen: guitarra
Wolfgang Van Halen: baixo
Alex Van Halen: bateria

Discografia anterior:
- A Different Kind of Truth (2012)
- Van Halen III (1998)
- Balance (1995)
- For Unlawful Carnal Knowledge (1991)
- OU812 (1988)
- 5150 (1986)
- 1984 (1984)
- Diver Down (1982)
- Fair Warning (1981)
- Women and Children First (1980)
- Van Halen II (1979)
- Van Halen (1978)

Website: www.van-halen.com

(Para mais informações sobre música, filmes, HQs, livros, games e um monte de tralhas, acesse também meu blog:
acienciadaopiniao.blogspot.com.br)

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
Mais matérias de Ricardo Pagliaro Thomaz.

 
 
 
 

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