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Metallica: Provando que podia seguir sem Cliff Burton

Resenha - ... And Justice For All - Metallica

Por Marcos Garcia
Postado em 24 de janeiro de 2012

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

1988 foi um ano que trouxe certa acalmada no underground brasileiro em relação ao ano anterior, mesmo porque parecia que a mania extrema de radicalismo Death/Black/Thrash enjoou muita gente, e muitos saíram da cena para nunca mais voltar. Fora do Brasil, o ano foi subsequente a outro que trouxe mudanças brutas, quando várias bandas do Death e do Black migraram para o Thrash. E para os fãs do METALLICA, 1987 foi um ano de muita apreensão, já ninguém sabia o que esperar da banda sem Cliff (acreditava-se que a banda mudaria de estilo), o EP de covers ‘Garage Days Re-Revisited’ mexeu com alguns ânimos mais extremos, e sem mencionar que eles, pelo que foi noticiado em várias revistas especializadas (inclusive a falecida revista Metal daqui) teriam feito feio em grandes festivais em 1987, fora James ter quebrado seu braço mais uma vez andando de skate.

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Mas poucos sabem que enquanto as dúvidas eram muitas, a banda estava na luta entre 28 de Janeiro e 01 de Maio de 1988 nos One on One Studios, em Los Angeles, CA, ralando no novo disco, que a princípio teve a co-produção de Mike Clink (que estava com o nome em evidência graças ao seu trabalho no ‘Appetite for Destruction’ do GUNS N’ROSES), pois Flemming Rasmussen estava ocupado. Mas como as coisas não andaram muito bem com Mike, ele foi trocado por Flemming assim que este ficou livre. E em 25 de Agosto do mesmo ano, sai aquele que foi considerado ‘The Shake of the Year’ de 1988, ‘...And Justice for All’ (cujo nome é uma referência irônica à Constituição Norte-Americana, cujo primeiro artigo diz ‘Liberty and Justice for All’, ou seja, ‘Liberdade e Justiça para Todos’).

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A parte visual do LP é maravilhosa, com Doris (nome dado pelos fãs à imagem da Justiça que está na capa) sendo quedada por cordas amarradas nela, com os seios expostos e dinheiro caindo dos pratos que ela ostenta, deixando claro que o conceito abordado no disco é o da crítica azeda contra várias formas de sacanagem cometidas em nome do próprio benefício, pois as letras da banda nunca foram tão fortes e diretas dessa forma antes, pois a banda sempre havia preferido uma linguagem mais subjetiva. E esse fato ainda fica mais ressaltado pela arte negra usada no encarte, deixando um clima bem denso.

A produção sonora é ainda mais seca do que a do ‘Master of Puppets’, chegando ao ponto do baixo de Jason ficar inaudível, sabendo-se que ele está presente pelo peso do LP, ressaltado mais ainda pelo approach usado pela banda em sua música, já que as faixas são quase todas longas, lentas e pesadas, mas com o aspecto técnico muito mais à mostra que no LP anterior. São mais de 60 minutos de música em dois discos (sim, o vinil é duplo). Mas, mesmo assim, o disco é considerado como a obra-prima da banda pela maioria de seus fãs antigos, ao ponto de muitos dizerem que a sensação após ouvir o disco é que não havia nada antes, e nada haveria depois.

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O disco abre com a arrasa-quarteirão ‘Blackened’, bem cadenciada, assim como a matadora ‘...And Justice for All’, esta com tempos quebrados e um trabalho de bateria absurdamente técnico. ‘Eye of the Beholder’ é outra canção lenta e bem tocada, mas de uma agressividade bruta, inclusive em sua letra. ‘One’, hino dos fãs, é mais uma semi-balada extremamente bem feita, com uma estrutura musical que privilegia a técnica de Lars nos bumbos e o canto de James, ora melódico, ora agressivo. Em ‘The Shortest Straw’, mais técnica e peso abusivos, embora o andamento não seja tão cadenciado quanto em ‘Harvester of Sorrow’, onde peso e certo sentimento de angústia ou raiva. Em ‘The Frayed Ends of Sanity’ é uma faixa pesada, mas musicalmente destoa um pouco do resto do disco, lembrando alguns elementos do ‘Master of Puppets’. Em ‘To Live is to Die’, vemos mais uma instrumental longa e bem pesada, sendo seguida pelo fechamento do disco em ‘Dyers Eve’, uma faixa rápida, pesada, técnica e que raras vezes foi tocada ao vivo.

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Com este LP, o METALLICA acabou com as dúvidas sobre sua capacidade de ir adiante sem Cliff (por mais que muitos detratores digam o contrário), que poderia ser um gigante ao lado dos nomes fortes do Metal e de fazer frente ao Hard Rock (que já começava a dar sinais de cansaço) em matéria de vendagens.

Um fato curioso da época foi que a banda foi indicada em 1989 para o Grammy Awards, que perdeu para o JETHRO TULL, causando indignação de muitos pelo fato das bandas concorrerem a um mesmo prêmio que, em tese, é destinado a bandas de Metal. Ainda neste ano, em setembro, o METALLICA pisou no Brasil pela primeira vez, para duas apresentações matadoras, uma em SP e outra no RJ (sim, este que vos escreve esteve mo Maracananzinho em uma quarta-feira para ver a banda).

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Bem, a série de resenhas prometidas termina neste disco, pois a partir daqui, está em outra matéria que sai em breve, pondo a banda no banco dos réus.

Tracklist:

01. Blackened
02. ...And Justice for All
03. Eye of the Beholder
04. One
05. The Shortest Straw
06. Harvester of Sorrow
07. The Frayed Ends of Sanity
08. To Live Is to Die
09. Dyers Eve

Formação:

James Hetfield – Vocais, guitarra base, guitarras acústicas (segundo solo em 08)
Kirk Hammet – Guitarra solo
Jason Newsteed – Baixo
Lars Ülrich – Bateria

Contatos:
http://www.metallica.com

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Sobre Marcos Garcia

Marcos Garcia é Mestrando em Geofísica na área de Clima Espacial, Bacharel e Licenciado em Física, professor, escritor e apreciador de todas as subdivisões de Metal, tendo sempre carinho pelas bandas mais jovens e desconhecidas do público, e acredita no Underground como forma de cultura e educação alternativas. Ainda possui seu próprio blog, o Metal Samsara, e encara a vida pela máxima de Buda "esqueça o passado, não pense no futuro, concentre-se apenas no presente".
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