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Saxon: Mais direto e pesado que seu antecessor

Resenha - Call to Arms - Saxon

Por Júlio André Gutheil
Postado em 20 de outubro de 2011

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Às vezes eu considero o Saxon como uma das bandas mais injustiçadas da New Wave of British Heavy Metal. Eles foram tão importantes para o movimentos quanto as bandas que mais conseguiram destaque na mídia, como o Iron Maiden num exemplo clássico. Discos como "Wheels of Steel" (1980), "Strong Arm of the Law" (1980), "Denim and Leather" (1981), "Power & The Glory" (1983) e "Crusader" (1985) são até hoje considerados fundamentais dentro da história do Heavy Metal, sendo exemplos dos mais puros e genuínos do estilo.

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Possivelmente a banda tenha caído num certo ostracismo na grande cena por causa de uma sequência de discos não tão bons, no final dos anos 80 e início dos 90, que pendiam ligeiramente para o Hard Rock que era o grande expoente da época. Não que tenham sido discos ruins, mas a alma do Saxon é Heavy Metal, simples mas de impacto. E quando resolveram voltar ao bom e velho metal no estilo inglês foram matadores, principalmente ao longo dos anos 2000, lançando verdadeiros petardos como "Lionheart" (2004), "Inner Sanctum" (2007) e "Into the Labyrinth" (2009).

E agora que adentramos em uma nova década o Saxon nos presenteia com mais um álbum muito bom. "Call to Arms" é menos pomposo que seu antecessor, mais direto, mais pesado. Na minha primeira audição do disco fiquei com a leve impressão de estar ouvindo um disco dos anos 80, só que melhor gravado e masterizado. De fato, tem um certo quê retrô permeando o trabalho, mas decididamente não pretende ser uma simples cópia do que foi feito no passado. Biff Byford, único membro fundador da banda, é um compositor muito competente e criativo, e tão apaixonado pelo Heavy Metal que jamais trairia a si mesmo e a seus fãs reciclando ideias deliberadamente.

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A abertura fica a cargo do metalzão clássico 'Hammer of the Gods'. Música de riffs cortantes, firmes e sem firulas, um solo muito bom e o baterista Nigel Glockler mandando muito bem. Também é o primeiro single, e conta com um vídeo muito interessante, filmado em uma praia britânica, que garantiu uma clima muito especial a ele. A seguir temos 'Back in 79', mais lenta, meio arrastada, mas bastante classuda e cheia de estilo. E o mais legal da música é um coral de fãs da banda no refrão da música. Eu achei uma ideia genial, e vendo o vídeo da gravação desse trecho se nota a alegria daquela galera participando de um álbum de sua banda favorita. Demais!

O nível continua lá em cima com 'Surviving Against the Odds', com seu riff contagiante e solo inspirado, tem uma batida empolgante e que dá uma vontade imensa de pular por aí.Um sonzaço! Logo depois vem uma com um quê meio místico, daquelas tradicionais da banda, com 'Mist of Avalon'. O que eu achei interessante nessa faixa é que ela é um metal bem normal, de guitarra afiada, baixo pesadão e bateria muito atuante, mas soa muito especial e diferenciada por causa desse tema arturiano que fascina muitos músicos britânicos. Um dos pontos altos do disco.

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A faixa-título é outra bem cadenciada, de riffs muito pesados, e que na minha opinião tem um pouquinho de Sabbath (mas pode ser só impressão minha mesmo). Nessa vibe um tanto monolítica e cheia de personalidade temos outro belíssimo destaque. A energia volta em alta com 'Chasing the Bullet', aquele tipo de música pra se ouvir numa viagem de moto por uma estrada num dia ensolarado, um Heavy Metal britânico genuíno e da melhor qualidade.

'Afterburner' me lembrou bastante a sonoridade do disco "Lionheart", bem mais acelerada que a média do disco todo e com um refrão mais melódico. As guitarras são matadoras e a bateria metralhante. Para bater cabeça! Na sequência chega uma que vai ser trilha de um vídeo-game, 'When Doomsday Come (Hybrid Theory)'. É uma boa música, de riffs mais discretos e construção um tanto simples, e não empolga tanto quanto outras. Mas de qualquer forma não faz feio e deve ser uma trilha interessante para o jogo.

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Uma canção de levada muito bacana esta 'No Rest for the Wicked', que tem guitarras venenosas e cadencaidas sem serem lentas, linhas de bateria consistentes e segurras, junto com o baixo discreto mais muito competente. Outra ótima faixa. Na finaleira do play temos 'Ballad of the Working Man', que não é bem uma balada, já que flerta um pouco com o Hard Rock, mas aquela coisa meio suja do metal oitentista, sendo assim uma faixa muito interessante original. O solo é maravilhoso! E para fechar o festa com classe temos uma versão orquestrada da faixa-título. Vi por aí alguns fãs dizendo que não gostaram muito disso, que essa coisa de orquestrações não é a praia do Saxon. Mas olha, pessoalemnte eu adorei a versão, e até achei mais interessante ainda que a original. Realmente ficou muito bom. A ideia não é nada original dentro do metal, mas tratando-se do Saxon ficou algo até surpreedente! (de forma positiva, claro).

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Uma coisa que se falava muito a respeito da sonoridade da banda era a respeito de a produção dos últimos três ou quatro álbuns ter ficado a cargo de Charlie Bauerfield, que tendo trabalhado com bandas como Blind Guardian e Gamma Ray teria deixado o Saxon soando como "metal alemão", com uma cara meio power/melódico que desgradava alguns fãs mais puristas. Mas dessa vez quem produziu o trabalho foi o próprio Biff, em parceria com Toby Jepson, e nisso se ouviu uma mudança considerável na forma como o disco soa, desta feita sendo 100% britânico. Não que isso seja melhor ou pior que do que quando Charlie trabalhava com a banda, é apenas uma curiosidade, e também uma prova de que Biff, o cabeça, não se prende a apenas um jeito de fazer música.

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Um amigo meu me disse: "Saxon é um daqueles 'mais do mesmo' que não fica chato nunca". E é exatamente isso. O Saxon não lança uma obra prima, um clássico definitivo, desde os anos 80, mas mesmo assim sempre nos brinda com álbuns maravilhosos e cheios de vigor, que talvez pequem em originalidade mais latente e evidente, mas que não deixam a desejar nem um pouco.

Um dos bons lançamentos de 2011 que não faria feio na prataleira de nínguem que curta o bom e velho Heavy metal da terra da rainha. No Brasil foi lançado pela Hellion Records por um preço muito camarada! Garante o teu que vale muito a pena!

O Saxon é:

Biff Byford – Vocais
Doug Scarratt – Guitarra
Paul Quinn – Guitarra
Nibbs Carter – Baixo
Nigel Glockler – Bateria

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Track List:

1. Hammer of the Gods (04:23)
2. Back in '79 (03:28)
3. Surviving Against the Odds (03:01)
4. Mists of Avalon (05:02)
5. Call to Arms (04:29)
6. Chasing the Bullet (04:14)
7. Afterburner (03:06)
8. When Doomsday Comes (Hybrid Theory) (04:29)
9. No Rest for the Wicked (03:09)
10. Ballad of the Working Man (03:48)
11. Call to Arms (orchestral version) (04:28)

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Sobre Júlio André Gutheil

Nascido em Feliz, interior do Rio Grande do Sul, de origem alemã e com 20 anos de idade. Grande fã de Blind Guardian, Paradise Lost e Opeth, além de outras várias bandas de diversos estilos distintos. Pretende cursar jornalismo e também se dedicar o máximo possível à crônica do mundo Heavy Metal. Escreve no blog www.metalmeltdowndiscos.blogspot.com. Twitter: @jagutheil.
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