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Evergrey: Danem-se os rótulos, o que importa é boa música

Resenha - Glorious Collision - Evergrey

Por Sérgio Fernandes
Postado em 12 de julho de 2011

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Desde o lançamento de "Torn" em 2008, o Evergrey passou por momentos conturbados e crises. Por conta desses problemas, Jonas Ekdah (bateria), Henrik Danhage (guitarra e backing vocals) e Jari Kainulainen (baixo) abandonaram o barco, deixando Tom Englund (único membro da formação original) e Rikard Zander (tecladista, e na banda desde 2002). Os dois chegaram a cogitar o fim das atividades da banda, mas em 2010 o Evergrey ressurge com nova formação. Agora fazem parte do grupo Marcus Jidell (guitarra e backing vocals), Johan Niemann (baixo e backing vocals) e Hannes Van Dahl (bateria) e a banda acaba de lançar o ótimo "Glorious Collision".

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Classificar o som do Evergrey nunca foi tarefa das mais fáceis, porém parece que se chegou ao consenso de classifica-los como uma banda de "prog metal". Bom, o grupo realmente carrega algumas das características desse estilo, mas vai muito além das quebradas de tempo, escalas complexas e músicas longas. A banda nunca deixou de colocar altas doses de "feeling" e um peso cavalar em suas composições, elementos que aliados a técnica apurada de seus membros sempre funcionou de maneira altamente satisfatória em prol das músicas do grupo. Porém, desde "Monday morning apocalypse" de 2006, o Evergrey vinha apostando em uma sonoridade um pouco mais direta e acessível aos ouvidos pouco acostumados com o metal progressivo, o que, obviamente, não agradou alguns fãs, mas, por outro lado trouxe novos adeptos ao som da banda. Esse mesmo direcionamento é mantido em "Glorious Collision", só que trazendo alguns novos elementos ao som do grupo, provavelmente por conta da chegada dos três novos membros.

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Difícil destacar apenas uma música, pois o trabalho todo é muito linear e mantém a qualidade e o interesse do ouvinte do início ao fim, mas é possível citar "Leave it behind" (com ótimos arranjos de teclado e programação, dando um toque moderno à música), "Frozen" (com uma intro matadora!), "Wrong" (que remete a bandas americanas que fazem um som pop e pesado como o "Nickelback" e o "Alter Bridge"), "Restoring the loss" (direta e com um ótimo refrão), "To fit the mold" (com um ótimo breakdown no verso) e "... And the distance" (que conta com a belíssima voz de Carina Englund, que já participou de quase todos os álbuns do Evergrey e é esposa de Tom Englund).

A maior característica do grupo é sem sombra de dúvidas a voz do líder e membro fundador Tom Englund. Com um leve toque "soul" em sua interpretação, Englund é, com certeza, um dos melhores (e mais subestimados) vocalistas da última geração do metal mundial, sempre injetando uma grande dose de sentimento, agressividade e melodia na medida certa às músicas do Evergrey, além de ser um grande guitarrista. Em "Glorious Collision" não foi diferente, e Tom toma rédea também de grande parte das composições do álbum e de todas as letras do mesmo.

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Único membro remanescente, ao lado de Englund do Evergrey, Rikard Zander fez todo o trabalho de teclados e programações do álbum, de maneira a imprimir todos os climas necessários às músicas do CD, colocando bem vindos toques de modernidade no som da banda, vide o interlúdio da já citada "Leave it behind", música de abertura do álbum.

Os fãs mais antigos da banda podem ficar tranquilos: Marcus Jidell faz um ótimo trabalho nas 6 cordas e substitui Henrik Danhage de maneira irretocável, mantendo o peso e a pegada características do grupo. É possível notar que Marcus teve um grande espaço para trabalhar sua técnica nas composições das músicas e soube aproveitar bem a chance, com solos muito bem encaixados e ótimos riffs, tudo sempre trabalhando em prol das canções e sem masturbações de ego (o tipo de mentalidade que falta a muitos guitarristas do estilo...).

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A cozinha do álbum, a cargo de Johan Niemann e Hannes Van Dahl é um destaque a parte. Com uma timbragem maravilhosa e um peso absurdo baixo e bateria aqui soam como deveria soar sempre nos CDs de metal e rock em geral: de maneira orgânica, visceral e pesada, mas sempre em harmonia com os outros instrumentos, que também têm uma sonoridade perfeita para o estilo.

Ouvindo o álbum você não tem nenhuma dúvida de que são músicos reais (e muito competentes) que gravaram as canções e toda aquela atmosfera e energia de um show foi capturada com muito êxito. Um resultado difícil de ser alcançado, ainda mais em tempos de "triggers", "samplers" e edições com auxílios de programas de áudio cada vez mais presentes nas gravações atuais. Realmente, um dos melhores trabalhos de produção dos últimos anos em um CD de qualquer estilo de rock e metal! Palmas para Tom Englund mais uma vez, que também foi encarregado da produção e gravação do CD.

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Em suma, "Glorious Collision" é um ótimo álbum. Se é de "prog", "power", "dark", "symphonic", "melodic" ou "sei lá mais o que" metal cabe a cada um que ouvi-lo decidir de acordo com seu repertório. O que importa mesmo que que nele você encontrará boa música, que é o que vale quando falamos de música. Ou, pelo menos, é o que deveria valer...

Evergrey
Tom S. Englund - vocals e guitarra
Rikard Zander - teclado e backing vocals
Marcus Jidell – guitarra e backing vocals
Johan Niemann – baixo e backing vocals
Hannes Van Dahl - bateria

Glorious Collision
Track list
1. "Leave It Behind Us" - 5:09
2. "You" - 6:23
3. "Wrong" - 5:14
4. "Frozen" - 5:01
5. "Restoring the Loss" - 4:46
6. "To Fit the Mold" - 5:24
7. "Out of Reach" - 3:43
8. "The Phantom Letters" - 5:31
9. "The Disease..." - 4:13
10. "It Comes from Within" - 4:25
11. "Free" - 3:45
12. "I'm Drowning Alone" - 4:17
13. "...And the Distance" - 3:47
14. "...And the Distance (Carina Englund Version)" - 3:47 (bonus track)

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Sobre Sérgio Fernandes

Paulistano desde abril de 1988, Sérgio Fernandes é baterista da banda CARAPUÇA (www.youtube.com/tvcarapuca), diretor de imagem e produtor multimídia do portal Terra e formado em Rádio e TV pela UNISA em São Paulo no ano de 2009. Ouve rock desde pequeno por influência de seus pais. Entre suas bandas preferidas estão Sepultura, Rolling Stones, Rancid, Muse, Fresno, Slayer e qualquer outra que toque algo que lhe agradar os ouvidos, nunca se fechando a gêneros e estilo, mantendo a mente aberta a novas experiências sonoras. E-mail para críticas e sugestões: [email protected].
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