Mumford & Sons: Trilha de filme independente americano
Resenha - Sigh no More - Mumford & Sons
Por Daniel Junior
Fonte: Aliterasom
Postado em 21 de fevereiro de 2011
A troca de informação no meio musical é muito importante. A gente vai descobrindo ou mesmo re-descobrindo boas bandas, bons artistas, coisas interessantes que surgem aqui e ali e que se alguém não tivesse indicado você poderia morrer sem jamais ter conhecido e foi através do twitter que eu ouvi falar de Mumford & Sons.
Mumford & Sons faz aquele tipo de som que lembra soundtrack de filme independente americano (embora a banda seja inglesa) em que você vê dunas, desertos, homens marcados por suor e dores da vida, mustangs em estado de putrefação e fenos passeando pela areia repleta de vento.
Ouvir "Sigh No More" em um mundo cada dia mais veloz e barulhento chega a ser um contra-ponto na lida e no dia. Não que seja necessário alguma paciência, mas imagine um disco todo feito com canções como Gloria (U2) ou mesmo como alguma música de bandas como Jars of Clay ou da artista Leigh Nash (Sixpence None The Richer). O disco soa bastante reflexivo na onda do novo folk rock british, mas não tome "reflexivo" como sonolento ou sem energia. Digamos que combustível do disco é diferente e autêntico.
Um bom exemplo disso é a canção "Little Lion Man" (faixa 7) que é vibrante e contagiante ao som de um banjo flamejante e do acompanhamento ritmico de um bumbo. A economia é uma das principais características da banda formada em 2007 e composta por Marcus Mumford (vocals, guitar, drums, mandolin), Ben Lovett (vocals, keyboards, accordion, drums), "Country" Winston Marshall (vocals, banjo, dobro), e Ted Dwane (vocals, string bass, drums).
"Timshel", a faixa seguinte lembra as ideias musicais de Belle & Sebastian. A equalização dos vocais é bem anos 60, com total foco no vocal principal e os backings funcionam como sombras da melodia. Apenas como sugestão: dê uma ouvida nos discos americanos mais contemporâneos onde existam bastante arranjos vocais e perceba o quanto de ‘peso’ que há na hora da mixagem. Existem tantas direções apontadas que um apaixonado por música com bastante acuidade fica perdido no meio de tanta informação. Neste ponto, gosto do jeito ‘inglês’ de se fazer soar, na qual o destaque musical, com o perdão da redundância, é somente da canção. O artista funciona como um mensageiro daquele tema.
Eu que estava sentindo falta de um piano nervoso, ele aparece na "Thistle & Weeds" (faixa 9). Juntamente com um violino, constroem um certo caos sonoro bastante glorioso e que pode levar ao ouvinte por querer saber o próximo capítulo da história que Munford está contando.
Você que gostaria de ouvir um som brando e repleto de mensagens interessantes, Mumford & Sons pode virar sua trilha sonora por um breve tempo (ou pela vida inteira). Mesmo que você não more nas dunas, no deserto…
Twitter do autor: @dcostajunior
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