Witchery: na vanguarda da união entre o thrash e o black
Resenha - Witchkrieg - Witchery
Por Ricardo Seelig
Postado em 24 de outubro de 2010
Nota: 9
O Witchery sempre teve uma boa reputação entre os fãs de heavy metal, lançando discos consistentes, mas que nunca fizeram o grupo estourar – no próprio cenário metálico, não são poucos os bangers que conhecem a banda mais pela fama e pelos outros projetos que seus integrantes participam do que pelo seu próprio som. Isso tem tudo para mudar com "Witchkrieg", novo disco dos caras.
Dois pontos contribuem para essa mudança. O primeiro é o atual line-up do grupo. Nos vocais, o dono do posto é Erik Legion, ex-Marduk e Devian. Nas guitarras, a dupla Patrick Jensen (The Haunted, Brujeria, Satanic Slaughter) e Richard Rimfält. No baixo, o respeitadíssimo e pra lá de requisitado Sharlee D'Angelo, cuja banda principal é o Arch Enemy, e que conta no currículo com passagens por grupos como Spiritual Beggars, Mercyful Fate, Dismember e muitos outros. Fechando o time, Martin Axenrot (Opeth, Bloodbath, Nifelheim e outros) na bateria.
O segundo, e mais importante, ponto responsável por fazer de "Witchkrieg" um trabalho diferenciado é, claro, a música. As onze faixas do play esbanjam criatividade e peso, transitando com absoluta competência entre o thrash e o black metal.
Como se tudo isso já não bastasse, marcam presença no álbum vários músicos respeitadíssimos no universo do heavy metal. Kerry King, guitarrista do Slayer, sola na faixa de abertura, que dá nome ao CD. Hank Shermann (Mercyful Fate) bate ponto em "The God Who Fell From Earth", enquanto Andy La Rocque (King Diamond, Death) toca em "From Dead to Worse". A dupla das seis cordas do Exodus, Gary Holt e Lee Altus, diz presente em "The Reaver" e, fechando o time, Jim Durkin, ex-Death Angel, é o responsável pelo solo de "One Foot in the Grave".
A ótima faixa-título abre o disco com grandes riffs, vocais vindos diretamente das profundezas do inferno e um ótimo solo de Kerry King. "Wearer of Wolf's Skin" é a mais black do álbum, contando inclusive com muito bem-vindos blast beats. Já "The God Who Fell From Earth" é mais cadenciada e tem boas melodias de guitarra, que se alternam com criativas passagens mais atmosféricas.
A pesadíssima "Conqueror's Return" é um arregaço, com ótimas linhas vocais de Legion acompanhando as guitarras, e se situa no limite entre o thrash e o black metal. "The Return", com a participação da dupla de guitarristas do Exodus, é um thrash metal empolgante – basta fechar os olhos para visualizar rodas sendo abertas no meio do público.
O melhor momento do CD está em "From Dead to Worse". Com grandes melodias de guitarra, um refrão sensacional, mudanças de andamento criativas e passagens instrumentais iluminadas, é daquelas faixas que toda banda sonha criar um dia.
"Hellbound" deve agradar em cheio os fãs de thrash metal, enquanto "Witch Hunter" serve de exemplo perfeito de como a presença de um vocalista do quilate de Erik Legion faz toda a diferença. Sobre uma base que é puro metal tradicional Legion interpreta a letra com a sua ferocidade habitual, deixando claro que, se cantada por outro vocalista, "Witch Hunter" seria apenas uma música normal – aqui, ela é uma das melhores do disco.
A versão lançada no Brasil pela Paranoid Records vem com uma faixa bônus, "Hung, Drawn and Quartered", que poderia entrar facilmente no tracklist principal, já que tem qualidade de sobra para isso.
Merece destaque também a excelente arte gráfica, que leva o ouvinte em uma viagem aos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial.
"Witchkrieg" coloca o Witchery na vanguarda da união entre o thrash e o black metal, e é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores discos de 2010.
Se eu fosse você, comprava!
Faixas:
1 Witchkrieg
2 Wearer of Wolf's Skin
3 The God Who Fell From Earth
4 Conqueror's Return
5 The Reaver
6 From Dead to Worse
7 Devil Rides Out
8 One Foot in the Grave
9 Hellhound
10 Witch Hunter
11 Hung, Drawn and Quartered
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