Lumina: para quem curte jazz e, principalmente, fusion
Resenha - Project - Lumina
Por Ricardo Seelig
Fonte: Collector's Room
Postado em 04 de fevereiro de 2009
Nota: 9 ![]()
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O Lumina é um trio de free jazz / fusion formado por instrumentistas experientes e acima de qualquer suspeita. Fazem parte do grupo o guitarrista Johny Murata (que também atua como compositor, arranjador, engenheiro de som e produtor, além de ser um músico disputadíssimo no cenário da world music), o baixista Sizão Machado (que já tocou com ícones como Chet Baker, Chico Buarque, Elis Regina, Airto Moreira e inúmeros outros) e o baterista Fabio Fernandes (também na Banda do Sol, e com passagens pelos conjuntos de Rogério Duprat e Hermeto Paschoal). Como se vê, todos com currículos extensos e muita estrada nas costas.

A banda surgiu de uma jam session entre Murata e Fernandes, que, entusiasmados com o resultado, decidiram entrar em estúdio para registrar suas composições. Para isso convocaram Sizão Machado, e o resultado é esse "Project", primeiro álbum do Lumina.
Totalmente instrumental, o trabalho transita com autentidade e conhecimento de causa pelos caminhos sinuosos do fusion, em construções harmônicas complexas, melodias inusitadas e alto apuro técnico nas performances. Johny Murata exala sensibilidade em notas que flutuam sobre as bases intricadas criadas por Sizão Machado e Fabio Fernandes.
A melodia de "Crystal Tower" evoluiu sobre escalas de acordes que hipnotizam o ouvinte. "Sahara" abre com um solo de bateria de Fernandes que me trouxe à mente o solo fenomenal de Elvin Jones em "Pursuance", faixa do clássico "A Love Supreme", lançado por John Coltrane em fevereiro de 1965. Em "Sahara" cada um dos três instrumentos parece, em um primeiro momento, seguir caminhos independentes, que na verdade se revelam entrelaçados de maneira univitelina, alcançando um resultado final não menos que soberbo.
A densa "Thar" nos transporta para outro mundo, enquanto "Lonely" cativa instantaneamente, além de conter a melhor performence de Sizão em todo o disco. A abertura apocalíptica de "Karakum" evolui para um exercício de instrospecção, com os músicos entregando notas que parecem se abraçar e girar pelo ar. O álbum se encerra com a demonstração de técnica explícita de "Atacama" e com os climas contrastantes de "Genesis".
"Project" traz oito faixas exemplares, em um resultado final que paira muito acima daquilo que o mercado brasileiro está acostumado a receber. Uma pequena observação deve ser feita em relação à produção do disco, que, se está longe de deixar a desejar, poderia, sem dúvida, explorar melhor os timbres dos instrumentos de Murata, Machado e Fernandes. Merece menção também a bela arte da capa, desenvolvida por Robson Piccin, que transmite de forma certeira o conceito do grupo.
Se você curte jazz e, principalmente, fusion, esta estreia do Lumina irá lhe agradar em cheio.
Faixas:
1. Crystal Tower - 8:22
2. Siberia - 4:29
3. Sahara - 4:48
4. Thar - 7:20
5. Lonely - 5:29
6. Karakum - 2:48
7. Atacama - 4:05
8. Genesis - 12:38
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