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Watain: cru, ríspido e sem espaço para teclados

Resenha - Sworn To The Dark - Watain

Por Marcelo Ferraresso
Postado em 16 de junho de 2007

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Oriundos da cidade de Uppsala na Suécia, o WATAIN foi formado no ano de 1998. No mesmo ano, lançaram a demo "Go Fuck your Jewish God" (ótimo nome pra quem quer causar horror e irritação em muitas pessoas) que deixava clara a intenção da banda em promover o (não tão) velho Black Metal; aquele que a primeira geração Norueguesa fazia no começo da cena; cru, ríspido e sem espaço para teclados e coisas do gênero.

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Depois de um ano, o WATAIN lançou o EP intitulado "The Essence of Black Purity" através da Swedish Grimrune Productions, e rapidamente assinou um contrato de dois álbuns com a gravadora Francesa (especializada em Black Metal) Drakkar. Dois verdadeiros esporros sonoros recheados de blasfêmias sairiam: "Rabid Death’s Curse" lançado em 2000, e "Casus Luciferi" de 2003.

Quase quatro anos após o último lançamento, o trio formado por Erik Danielsson (vocais e baixo), P. Forsberg (guitarras) e H. Jonsson (bateria) lança seu terceiro full-lenght, "Sworn to the Dark".

O WATAIN já havia mostrado qualidade nos lançamentos anteriores (quem já ouviu "Devil’s Blood" do penúltimo álbum, sabe do que estou falando), mas a qualidade das composições desse "Sworn to the Dark" tem algo de realmente impressionante.

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A pancadaria começa com "Legions of the Black Light", que definitivamente foi a melhor escolha para a abertura da obra. Porrada! Clima tenso, muitas mudanças de andamento, letras furiosas ("Now oh God oh wrath / unchained in you to burn! / Rape and destruct!") que fazem jorrar todo o sentimento anticristão do trio. A faixa é praticamente um prelúdio do que está por vir, mesclando todos os elementos que aparecerão no resto do álbum: andamentos Thrash, explosões Black/Death e... solos de guitarra! Sim... o WATAIN conseguiu uma coisa respeitável nesse "STTD", que é a utilização de guitarras dobradas, solos e outros elementos melódicos, sem que o álbum perdesse o "coração" e o intuito de ser cru e ríspido! Prestem atenção no refrão carregado e cadenciado da faixa de abertura, esperem alguns segundos para a volta da brutalidade e se perguntem: perdeu a potência?

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"Satan’s Hunger" vem atropelando e dando a impressão de que será muito mais direta que a antecessora, mas com o passar dos minutos (a faixa tem 6’45’’) começam as mudanças de andamento, as passagens intrincadas de bateria (quase Thrash!) e... um solo de Forsberg ‘coberto’ pelo bumbo de Jonsson! Tudo isso sem perder o clima tenso e caótico da composição.

"Withershins" é a melancólica e sombria instrumental que serve como introdução ao massacre intitulado "Storm of the Antichrist", começando de forma violenta com a punição de bumbos e pratos, riffs cortantes e certeiros. A faixa acelera até atingir o refrão que é matador, seja na brutalidade instrumental quanto na parte lírica:

"Storm of the Antichrist!
The poles collapse, the heavens die
A world in spasms, a god in tears
The levee of Jehova breaks,
Unleash the burning flood of Satan

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Storm of the Antichrist!
Legions of Azazel rise!
Signs of evil in the sky
Foretell the giant coming"

O álbum segue com a hipnótica e cadenciada (de novo as passagens Thrash!) "The Light that Burns the Sun", seguida pela faixa título "Sworn to the Dark". Trata-se de mais um murro no queixo, recheada de blasfêmias! As letras falam da fidelidade ao "lado negro da Força", empurrando mais uma vez todo o conteúdo anticristão do WATAIN goela abaixo do ouvinte. Após cerca de dois minutos, a faixa desacelera e a cadência das guitarras mais uma vez entra em cena, servindo apenas como uma ponte para a pancadaria voltar no refrão, seguido de mais um solo interessante.

Depois da rápida "Underneath the Cenotaph", entra em cena a "The Serpent’s Chalice", que em minha opinião é uma das melhores do álbum. Mais uma vez a banda mostra que consegue aliar passagens melódicas à sua brutalidade usual, mas sem dúvida alguma o grande destaque da faixa são as letras:

"An abortion of the cosmic bride,
Shunned like death and cast aside
Cross starless skies now let us ride"

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"Serpent’s Chalice" já nasceu épica, no alto de seus 6’42’’ de duração, com muitas variações de andamento, adição de partes melódicas e brilhantismo lírico. Destaco a última estrofe urrada por Danielsson:

"Black flames from the deeps aspire,
As in the chambers of my heart’s desire
I limn the brilliant potency in fire!"

O álbum continua com a direta e veloz "Darkness and Death" e a atmosférica Instrumental "Dead but Dreaming", que serve como introdução para o que em minha opinião trata-se da melhor faixa de "STTD", "Stellarvore".

Logo no começo, o WATAIN surpreende mais uma vez o ouvinte, pois utiliza um coral! Sim... um coral! Este ajuda a dar todo o clima épico que a faixa tenta passar, algo que podemos chamar de uma levada (obviamente mais tensa e macabra) tipo Manowar.

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Sabem aquele refrão em que os bangers levantam os punhos e se esgoelam junto com o vocalista, como se estivessem sendo chamados para a batalha? É isso o que acontece em "Stellarvore"; refrão pausado, carregado e de fácil assimilação (God of Death, Manifest! / God of Doom, Move and appear!) e definitivamente fará a cabeça dos fãs brasileiros que geralmente adoram esse tipo de passagem.

Definitivamente um álbum que empolga pela qualidade de suas composições e pela excelente produção.

Tá de saco cheio de teclados? Quer uma dose de (inteligente) blasfêmia? Quer ver como uma banda pode ser bem produzida, possuir passagens melódicas e AINDA ASSIM soar brutal e suja?

Respondeu sim pra todas as perguntas?

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"Sworn to the Dark" irá te agradar assim como agradou a mim.

TRACK LIST

1. Legions of the Black Light
2. Satan's Hunger
3. Withershins (Instrumental)
4. Storm of the Antichrist
5. The Light that Burns the Sun
6. Sworn to the Dark
7. Underneath the Cenotaph
8. The Serpent's Chalice
9. Darkness and Death
10. Dead but Dreaming (Instrumental)
11. Stellarvore

FORMAÇÃO

* Erik Danielsson - Vocal e baixo
* H. Jonsson - Bateria
* P. Forsberg - Guitarra

DISCOGRAFIA

*ÁLBUNS DE ESTÚDIO

* 2000 - Rabid Death's Curse
* 2003 - Casus Luciferi
* 2007 - Sworn to the Dark

*AO VIVO E OUTROS

* 1998 - Go Fuck Your Jewish "god" (Demo)
* 1998 - Black Metal Sacrifice (Live)
* 1999 - The essence of black purity (EP)
* 2000 - Rabid death's curse (Demo)
* 2000 - The ritual macabre (Live)
* 2001 - The misanthropic ceremonies (Split)
* 2002 - Promo 2002 (Demo)

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SITE OFICIAL: www.templeofwatain.com

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Sobre Marcelo Ferraresso

Do Blues norte-americano, passando pelo Jazz Fusion, Rock Progressivo e chegando até o Metal Extremo, acredita que a música possui apenas dois rótulos importantes: boa e ruim.
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