Resenha - Rush In Rio - Rush
Por Thiago Sarkis
Postado em 17 de dezembro de 2003
Nota: 10
Foram necessários muitos e sofridos anos de espera para que o Rush saísse do avançado e bem sucedido Canadá – em termos sócio-econômicos – e vir encarar a América do Sul, com suas dificuldades e má divisão de renda. Porém, parece que a demora e a viagem foram certamente válidas para eles, e certamente para nós também!
O trio descobriu, no Brasil, uma terra que definitivamente colocou-os lado-a-lado a Pink Floyd e Peter Gabriel, no estreito e pequeno hall das poucas agrupações e artistas capazes de trazer, com genialidade, a música progressiva a uma quantidade imensa de pessoas, fazendo com que o estilo pareça popular.
Alguns ainda podem dizer que o prog é um estilo elitista, porém as bandas citadas provam que há, no mínimo, considerável equívoco em tal colocação. Esta vertente do rock, às vezes flertando também com o pop moderno, e tantas outras possibilidades, podem sim ser acessível e estar ao alcance do conhecimento e poder popular.
Quarenta mil pessoas no Maracanã, o maior estádio de futebol do mundo, brilharam e incrivelmente puderam trazer novas perspectivas e sensações a um grupo com mais de trinta anos de existência e uma bagagem impressionante de shows e experiências.
Neil Peart tem total razão ao dizer no encarte do DVD que aquele não era um público ordinário, qualquer. De fato, basta ouvi-los cantando cada nota de YYZ, uma instrumental variada, com freqüentes variações rítmicas e atmosféricas, com se estivessem acompanhando uma simples melodia.
O público de lado agora, e constatamos Alex Lifeson, Neil Peart e Geddy Lee, após cinco anos de pausa, regressando como três músicos jovens em início de carreira. Dedicação total, somada a uma sonoridade fantástica, adquirida ao longo dos anos, e execuções perfeitas.
Quando "Vapor Trails" saiu muitas dúvidas flutuaram por aí. Vá então a "One Little Victory", e sofra o impacto imediato. Não apenas pelos efeitos especiais magníficos, mas também pela intensidade e musicalidade da performance.
O que falar então dos clássicos? "Bravado", "The Big Money", "2112", "Limelight", "Tom Sawyer", "Driven" e muito mais, explodindo o local, colocando sorriso e tirando suor dos membros do conjunto.
O documentário (CD 2) traz tudo o que os fãs do Rush poderiam querer e atesta os músicos de instância maior coabitando suas formas humanas. Muitos detalhes e imagens de suas personalidades tão místicas e misteriosas, não só para os admiradores comuns, como também para músicos consagrados como Mike Portnoy (Dream Theater), o qual rendeu um bom texto elogiando o DVD.
O trio superou os problemas pessoais, as dificuldades impostas pela vida e hoje, cada um deles, parece mais maduro e humilde, além do conhecimento musical extenso que possuem e todos sabem. Este registro ao vivo é uma prova de tudo isto e, ao mesmo tempo, configura-se como um dos melhores, senão o número um, dentre todos os DVDs já lançados na cena progressiva. Para ver e ouvir do primeiro ao último segundo de toda a apresentação às entrevistas e cenas de backstage.
Formação:
Geddy Lee (Vocais – Baixo – Teclado)
Alex Lifeson (Guitarra)
Neil Peart (Bateria)
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