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Resenha - Sanctus Diavolos - Rotting Christ

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 28 de outubro de 2004

Rotting Christ é, sem a menor sombra de dúvida, a mais importante banda da segunda geração do black metal. Formado na Grécia em 87 e lançando demos, mini-LPs e splits até 1991, ano em que lança seu debut e, a partir daqui, o que começou como puro black metal foi, com o passar dos anos, sendo moldado em arte de sonoridade única, acrescentando elementos de metal tradicional, industrial e principalmente o dark. E mesmo com tantos incrementos em sua música, o Rotting conseguiu manter o respeito no fechado grupo dos apreciadores do estilo black e melhor ainda, adquiriram a admiração de bangers menos radicais.

Rotting Christ - Mais Novidades

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Com Sanctus Diavolos, seu nono disco de estúdio, o grupo volta a ser um trio, contando com Sakis nas vozes, guitarras e teclados, seu irmão Themis na bateria e Andreas no baixo. Desta vez gravado por Sakis em sua terra natal e mixado no famoso estúdio Fredman por Fredrik Nordstrom na Suécia, o álbum figura provavelmente entre os melhores discos do conjunto.

Atualmente rotular o Rotting Christ como sendo black metal é, na opinião deste que vos escreve, limitar em muito a capacidade criativa do conjunto. É claro que aquela aura obscura é o ponto-comum em todas as faixas do álbum, que possui uma forte e intensa atmosfera, com algumas melodias produzidas pelos teclados que evocam um sentimento de inconformismo, em certos momentos épico, por vezes melancólico e sufocante. A interpretação peculiar e expressiva de Sakis em sua performance vocal, os sintetizadores, os pesadíssimos riffs das guitarras e o excelente trabalho na seção rítmica estão em perfeita harmonia, num exemplo de extremo bom gosto no trabalho de composição, sem contar a inclusão de cordas, que gerou ótimos resultados.

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Destacar algo neste disco é covardia, pois assim como os últimos trabalhos do Rotting Christ, vêm cheio de influências muito bem distribuídas, mas pode-se citar a velocíssima faixa "Visions Of A Blind Order", que possui ainda alguns pequenos efeitos eletrônicos estranhos, com um belo solo de guitarra de Gus G. (Firewind, Nightrage). A seguir vem "Thy Wings Thy Horns Thy Sin", com grande preocupação nos trabalhos de vozes e sintetizadores. Já as canções "Serve In Heaven" e "Doctrine", possuem aquela cadência sombria que não tem como ficar parado.

A mistura da língua grega antiga foi feita de maneira bastante inteligente, se encaixando perfeitamente no contexto de "Athanati Este" e "Shades Of Evil". A inclusão de cordas em "Sanctimonius" aumentou a carga de dramaticidade desta canção, porém, na faixa "Sanctus Diavolos", o Rotting Christ consegue atingir seu ápice criativo: as cordas deram uma dose épica nesta música que destoa do resto do álbum, com seu início simples, somente na bateria e sintetizadores, para ir crescendo até atingir puro heavy metal.

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Com certeza o Rotting Christ somente não consegue atingir ainda mais apreciadores aqui no Brasil pelo fato de ter um nome bastante profano que, aliado à formação cristã da grande maioria da população, inibe de maneira até mesmo inconsciente muitos headbangers a procurar conhecer esta grande banda. E o mais curioso é que a própria banda possui uma postura anti-religiosa, e sua grande preocupação é focar o ser humano e a mostrar a realidade de suas ações (muitas vezes de maneira figurativa). Podem ter uma visão sombria desta realidade, mas a mesma é realmente absurda em muitos momentos...

Rotting Christ - Sanctus Diavolos
(2004 – Century Media)

01. Visions Of A Blind Order
02. Thy Wings Thy Horns Thy Sin
03. Athanati Este
04. Tyrannical
05. You My Cross
06. Sanctimonius
07. Serve In Heaven
08. Shades Of Evil
09. Doctrine
10. Sanctus Diavolos

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Website - www.rotting-christ.com


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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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