Resenha - Back In Black - AC/DC
Por Alisson dos Santos Cappellari
Postado em 03 de maio de 2003
Adolescente. Irresponsável. Odiado por alguns, consagrado pela maioria. Um dos maiores álbuns da história, Back In Black traz em seu conteúdo a essência original do Rock’n’Roll, com um pouco mais de distorção nas guitarras. Sucesso de público e crítica, a pedra filosofal do rock oitentista, resultado da alquimia de letras que exaltam o que seria o ideal juvenil (sexo, festas, irresponsabilidade) com alguns dos maiores riffs de guitarra da história, foi concebida no início da década, em meio a um cenário turbulento.
Saídos da longínqua Austrália para alcançar o estrelato na Europa e Estados Unidos, o grupo sofreu um grande trauma com a perda do vocalista Bon Scott. Ele era o símbolo da banda que durante os seus seis anos de carreira fez sucesso com obras como Let There Be Rock e Highway to Hell. Scott morreu em fevereiro de 1980, em Londres, em meio à preparação para as gravações do disco. Foi um duro golpe que teve de ser rapidamente absorvido.
Passado um rápido processo de seleção, cerca de um mês após a tragédia e depois de várias audições, Brian Johnson, então vocalista da banda local Geordie, foi anunciado como sucessor de Scott. Em abril eles partiram para as Bahamas, onde, após cerca de 40 dias trancados no Compass Point Studios, finalizaram aquela que seria a obra-prima da história da Banda.
São evidentes as referências a Scott. O nome do disco, a capa toda preta, tendo apenas uma simples inscrição do nome da banda e do álbum, e, principalmente, as duas músicas que abrem cada um dos lados do LP, Hell’s Bells e Back In Black são os exemplos mais explícitos da homenagem, embora muitas outras se encontrem no decorrer da obra. A reação à morte do vocalista, no entanto, foi uma surpreendente resposta aos que achavam que o fato se abateria sobre os demais integrantes do grupo. Back in Black é um álbum que, apesar do nome, demonstra um salto na carreira do AC DC, respondendo, com muito bom humor àqueles que questionavam sua capacidade ou tentavam boicotar o trabalho sob a acusação de satanismo.
Hell’s Bells, a faixa inicial, começa sombria, com os sinos do inferno tocando, como se a receber Scott. Surge aos poucos um dos clássicos riffs de autoria de Angus Young, construindo aos poucos um dos maiores clássicos do rock pesado. Seguem a ela outras de mesmo peso e intensidade. Destaque para What do You do for Money Honey, lançado juntamente ao single de Back In Black nos Estados Unidos.
Já o lado B do álbum tornou-se uma lenda pelo desfile de clássicos presentes. A faixa título traz uma das mais perfeitas atuações dos irmãos Young em sua carreira, aliado a um vocal inspirado de Johnson. Segue-se a ela You Shook Me All Night Long, uma das mais executadas da história do rock. Uma letra adolescente, uma batida que mistura rockabilly com rock pesado conduzido por Phil Rudd, duelo de guitarras dos Young e um dos refrões mais famosos de todos os tempos fizeram da música a sonora de toda uma geração de aficcionados. Sem interrupção, emenda-se Have a Drink on Me, música no melhor estilo da fase de Bon Scott nos vocais, lembrando outro clássico da banda, Problem Child. Shake a Leg, na trilha das grandes obras do hard rock, traz outra excepcional composição, seguindo a linha histórica da banda. O disco acaba com a canção-manifesto Rock and Roll Ain’t a Noise Pollution, música em estrutura bluesística, um verdadeiro hino de todos os que pregam a ideal roqueiro. A canção também foi uma resposta a todos aqueles que consideravam, ou ainda o fazem, o rock’n’roll como uma música inferior.
O resultado desta mistura não poderia ser diferente. A crítica aclamou sua concepção, considerando uma das principais obras do gênero até hoje. O disco bateu também todos os recordes de vendagem da história do hard rock, superando a marca de cinco milhões de cópias somente nos Estados Unidos e 12 milhões em todo o mundo somente no primeiro ano após o lançamento. Estima-se que até hoje mais de 40 milhões de cópias tenham sido vendidas.
Os fãs brasileiros puderam conferir no Rock In Rio, em 1985, todo o poderio da banda em seu apogeu, já na turnê do disco 74 Jailbreak, lançado no ano anterior. No final da década passada foi lançado, para deleite dos mais aficcionados um box edition, de tiragem limitada, com as últimas sessões de estúdio de Bon Scott nos ensaios do disco. Trata-se de um dos grandes clássicos da música mundial, indispensável na discografia de todos que gostam do bom e verdadeiro rock’n’roll.
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