The Police: uma idéia criada e visionada por Stewart Copeland
Por Márcio Ribeiro
Postado em 09 de março de 2003
The Police foi uma idéia criada e visionada totalmente por Stewart Copeland. Ele supostamente já tinha o nome, a concepção de som e imagem antes mesmo de ter músicos para esta banda de seus sonhos. Mas quais foram os caminhos tomado por cada um dos seus três componentes?
Stewart Copeland é o americano do grupo, nascido no estado de Virginia no dia 16 de julho de 1952. Seu pai trabalhava para o governo, mais especificamente para a CIA, o que explica o fato de seus três filhos terem sido criados em lugares tão exóticos como Cairo no Egito e Beirute no Líbano, antes de se fixarem em Londres, na Inglaterra. Stewart ainda iria morar alguns anos em San Diego, Califórnia, onde fez faculdade, largando pelo meio para voltar a Londres. Passou a trabalhar com os irmãos, sendo que o mais velho, Miles Copeland, era empresário de bandas como Wishbone Ash e Renaissence, entre outras. O irmão do meio, Ian Copeland, gerenciava a firma. Stewart foi empregado como roadie, optando por largar a profissão e voltando a estudar, desta vez em Berkley. Quando voltou a Londres de vez no Natal de 1974, foi apresentado ao pessoal da banda Curved Air, que estava se reformulando.
Stewart permaneceu com o Curved Air por três anos, até a banda finalmente se desfazer. Neste tempo, teve um forte relacionamento com a cantora principal da banda, Sonja Kristina. Cruved Air fez sua ultima apresentação no dia 23 de dezembro de 1976. Sonja seguiria em busca de uma carreira solo enquanto Stewart começava a trabalhar em convencer pessoas a apostar em sua visão.
Gordon Sumner nasceu em Newcastle no dia 2 de outubro de 1951. Passou a se interessar no violão desde cedo e já um adolescente, passou a freqüentar clubes noturnos, onde pode assistir shows de bandas como The Graham Bond Organization e The Jimi Hendrix Experience, entre outros tantos. Alias, um desses outros tantos seria a banda Zoot Money's Big Roll Band, cujo guitarrista era Andrew Summers. Gordon também ouvia muitos conjuntos da gravadora Stax e Tamla, um selo pertencente à Motown. Quando completou a escola no verão de 1969, trabalhou como motorista de ônibus entre outras coisas até o verão de 1971, quando então voltou a estudar, se formando em 1974 como professor de inglês. Durante a faculdade, tocou em algumas bandas de jazz como The Earthrise, The Phoenix Jazz Band, River City Jazz Band e The Newcastle Big Band. Levando jazz a sério, se esforçou a aprender a ler e escrever música, e aperfeiçoar sua técnica no contrabaixo. Foi durante uma apresentação que uma abelha entrou em sua calça pelas pernas. Na gozação dos colegas, nasceu seu apelido, Sting (Ferroada).
O agora Prof. Gordon Summer deu aula de inglês para alunos do primário entre 5 e 10 anos de idade, enquanto paralelamente, à noite, tocava jazz com The Newcastle Big Band que passaram a se chamar Last Exit. Não só o nome, mas também o repertório mudou, incluindo agora, além de jazz, cada vez mais números de soul e blues, sempre com Sting cantando. A banda gravou um compacto através de um selo local, "Whispering Voices / Evensong".
Gordon casou em maio de 1976 com a atriz Frances Tomelty que logo engravidou (não necessariamente nesta ordem). Apesar de sua situação financeira ser estável, era minima para se viver. Gordon sonhava com a possibilidade de conseguir alguma coisa a mais através da música. Seu raciocínio dizia que, se os Beatles conseguiram, mesmo sendo apenas garotos do interior que acreditavam em seu potencial, então ele poderia conseguir.
Em julho Sting deixou seu emprego de professor para se dedicar à banda. Propôs que Last Exit se mudasse para Londres e tentasse lá fazer um nome. Somente o tecladista Gerry Richardson topou a idéia e seguiu com ele. Last Exit acabaria logo em seguida, embora fosse remontada, continuando a atuar em Newcastle. Em Londres, Sting passou a dormir no chão da casa de um amigo. Stewart Copeland o havia visto tocando em Newcastle com Last Exit. Ao saber que ele estava em Londres o procurou e lha falou de suas idéias. Copeland explicou que ele e um amigo guitarrista precisavam de um baixista bom que soubesse cantar, e que Sting estaria perfeito para o papel. Foi assim que Sting se tornou o terceiro membro do trio que passava a se chamar Police.
Era janeiro de 1977 e o movimento punk estava tomando a cidade de Londres a mais de um ano. Copeland acreditava que o mercado estava bom para novos grupos e desta forma, se a banda pudesse entrar pela janela em meio ao movimento, acabaria tendo melhores chances de persistir no mercado, mesmo sem serem necessariamente punks. Mas para conseguir os shows, precisariam cortar o cabelo curto e tentar abafar ao máximo qualquer currículo maior que seus membros podessem ter. A opção pelo nome Police se dava por Stewart acreditar que assim, teriam publicidade gratuita diariamente em qualquer jornal do mundo. A primeira pessoa que Stewart procurou para formar a banda, foi seu amigo guitarrista, Henry Padovani.
Henry Padovani nasceu em Córsega na França, em 1952. Quando Henry assistiu uma apresentação dos Flamin' Groovies, o impacto da apresentação foi tanta, que ele largou a faculdade de economia, e seguiu para Londres para montar uma banda. Apresentado a Stewart por um amigo em comum, Copeland o levou para assistir um show do The Damned. Lá, ele explicou sua filosofía. Henry então cortou o cabelo e raspou a barba. Contudo, Padovani não era um guitarrista muito habilidoso, o que acabou sendo perfeito para a era punk. Esta formação permaneceria durante os primerios sete meses de 1977.
Andrew Summers nasceu em Poultanie Fylde, perto de Blackpool em 31 de dezembro, o último dia do ano de 1942. Viveu e cresceu em Bournemouth e passou a se interessar pelo violão aos 16 anos com o surgimento do skiffle. Passou a tocar em Cafés locais acabando por fazer boa amizade com outros pretensos músicos, entre os quais, o organista e cantor Zoot Money. Através de Zoot, Andrew acabou se juntando à banda The Don Robb Band, que mantinha um repertório basicamente de jazz, r&b e soul. Zoot deixaria o grupo seguindo para Londres e fazendo parte de uma das formações do Alexis Korner Blues Incorporated.
Ao voltar a Bournemouth em 1964, rapidamente procurou Summers e montou o sexteto Zoot Money's Big Roll Band. Andrew Summers, neste ínterim, havia criado para si o nome artístico de Andrew Somers, passando a ser conhecido assim pelo restante da década de sessenta. O Big Roll Band colheu certo sucesso, excursionando por todo o país durante os três anos de existência, como também gravou e lançou dois LPs. São eles "It Should've Been Me" de 1965 e "Zoot! Live At Klocks Kleep" de 1966. Uma série de compactos também chegou às lojas, dos quais apenas "Zoot's Sermon" conseguiu alcançar, no máximo, o No.35 das paradas de sucesso.
Durante o verão de 1967, após experimentarem com ácido, Zoot e alguns membros da banda resolveram se atualizar com o novo som da moda. Assim, formam o quarteto Dantalion's Chariot, um quarteto com Zoot Money, Andy Somers, Colin Allen e Pat Donaldson. Se apresentam sempre todos vestidos de branco, portando instrumentos brancos e equipamentos de som brancos. Lançam o compacto "The Madman Running Through The Fields / The Sun Came Bursting Through My Cloud " pela Columbia como testamento de sua existência, e terminam em abril de 1968.
Com o fim dos Chariots, Andrew se juntou à segunda formação da banda Soft Machine. Sua contribuição durou três meses e em meio à excursão americana, ele foi dispensado. Como Andy sabia que seu amigo Zoot Money estava em Los Angeles com Eric Burdon, o procurou. Money então serviu de intermediario para a sua entrada na segunda formação do Eric Burdon and the New Animals. Foi o tempo de pegar a participação da banda no Monterey Pop Festival, além de gravar um álbum duplo, "Love Is". Ao terminar o ano de 1968, após uma excursão no Japão, Eric Burdon desfez a banda voltando a trabalhar com War.
Andy Somers preferiu ficar nos Estados Unidos, morando em San Fernando durante os próximos cinco anos. Neste tempo ele passou a estudar teatro, como também estudar violão clássico por três anos e meio. Casou com a atriz Robin Lane e nas horas vagas tocava em uma banda Mexicana. Ao retornar para Inglaterra no final de 1973, já voltara a usar seu nome verdadeiro, Andrew Summers. Andrew, agora casado, concluíra que até agora tinha se divertido muito, todavia, a hora chegara para se dedicar a conseguir montar uma carreira séria como músico. A sorte lhe ajudaria, ao se encontrar acidentalmente com Robert Fripp, um velho conhecido seu dos tempos de Bournemouth. Fripp lhe apresentaria a Neil Seddaka que, curtindo uma volta à popularidade graças ao seu novo hit "Laughter In The Rain", estava em meio ao processo de montar uma banda para uma excursão Européia.
O ano de 1974 certamente foi de grande produtividade para Summers. A excursão de Neil Sedaka além de rentável, renderia também o álbum "Live At The Royal Festival Hall". Andrew ainda teria a oportunidade de colocar seu aprendizado de ator para teste ao participar da montagem inglesa da peça "The Rocky Horror Show". Andrew então fecharia o ano em outra excursão, desta vez pelo Reino Unido, como parte da banda de David Essex que gozava sucesso graças ao seu hit internacional de '74, "Rock On."
[an error occurred while processing this directive]O ano de 1975 começou com a imprensa promovendo Andrew Summers como sendo o melhor nome para substituir Mick Taylor como guitarrista dos Rolling Stones. Como nenhum convite foi efetivamente recebido, Summers preferiu se juntar ao Kevin Coyne Band, trocando o certo pelo duvidoso. Permaneceu com Kevin Coyne participando de dois discos da banda, "Matching Head And Feet" de 1975 e "Heart Burn" de 1976. Summers ainda participaria como músico de estúdio, dos discos de Joan Armatrading, "Back To The Night"; David Bradford, "The Odyssey"; e Jon Lord, "Sarabande".
Em janeiro de 1977, ainda seria lançado o disco "The Kevin Coyner Band In Living Black And White". Mas a esta altura, a banda já teria sido dispensado e Summers já estava fazendo parte de outro grupo, The Kevin Ayres Band. A banda não gravou nenhum álbum enquanto juntos, porém se manteve ativa com vários shows, embora apenas por um ano. Ayres em maio de 1977 resolveu então ir à França para curtir umas férias e nunca mais voltou.
Foi durante uma festa que Andrew Summers conheceu Mike Howlett, ex-guitarrista da banda Gong. Howlett estava contratando músicos para montar uma banda provisória que iria lhe ajudar a promover sua carreira solo. Summers aceitou as condições da proposta e Howlett imediatamente lhe apresentou aos outros dois membros da banda. Eram eles Sting e Stewart Copeland, que como Andrew, foram atraídos ao projeto pelo dinheiro. Assim nasce Strontium 90, um quarteto que durou entre maio e julho, com duas apresentações ao vivo como currículo.
Copeland não perdeu tempo em passar a tentar convencer Andrew de suas teorias sobre o mercado e as reais chances que sua outra banda, The Police, poderiam oferecer. Sem melhor oferta no momento, Andrew Summers se juntou ao Police em julho de 1977, a banda agora tomando uma formação de quarteto. Se apresentaram desta maneira apenas duas vezes. A larga diferença em habilidade e técnica entre os dois guitarristas tornou Henry Padovani visivelmente dispensável. Sua saída se deu em agosto, um mês após a entrada de Summers.
[an error occurred while processing this directive]O novo trio teve sua estreia no bar Rebecca's em Birmingham no dia 18 de agosto de 1977. A esta altura, Stewart está seguro que a banda estava pronta para gravar um material demo. Alugam um pequeno estúdio e iniciam em agosto mesmo as sessões com a assistência de John Cale como produtor. Infelizmente houve desentendimentos artísticos entre a banda e o produtor e tudo acabou cancelado. Em janeiro de 1978, tentaram novamente, desta vez com Nigel Grey como produtor. Com as sessões bem adiantadas, Stewart convida o empresário e irmão mais velho Miles Copland para ouvir o resultado. Ao ouvir a canção "Roxanne", Miles imediatamente reconheceu o potencial comercial e passou a considerar justificável o entusiasmo do seu irmão caçula. Não demorou muito e Police estava com um contrato com a A&M Records.
Em um ano, The Police seria uma das bandas mais bem conceituadas da Inglaterra. Não demorariam para conquistarem depois America, Europa e o mundo.
The Police – Discografia:
Outlandos d'Amour (1978)
Reggatta de Blanc (1979)
Zenyatta Mondatta (1980)
Ghost in the Machine (1981)
Synchronicity (1983)
Every Breath You Take - The Singles (1986)
Pé de Página
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