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Tomorrow

Por Márcio Ribeiro
Postado em 07 de novembro de 2002

Eu queria tirar a oportunidade para falar sobre uma ótima banda, embora pouco conhecida, chamado Tomorrow. Uma das bandas na vanguarda do que se costuma chamar de rock psicodélico, Tomorrow surgiu na rebarba do Pink Floyd e Soft Machine enquanto essas bandas ainda tocavam em clubes menores. Infelizmente, por escolhas errôneas e um atraso crítico para o lançamento de seu álbum de estréia, a banda viu seu momento passar e, amargurada, se desfez. Hoje, quando muito, Tomorrow é lembrada como a banda do Steve Howe antes dele ajudar a formar o Yes.

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Surgiram como a evolução de uma banda de rhythm & blues e soul chamando The In Crowd. Apesar de conseguirem atrair o interesse da Parlophone, de gravar e lançar alguns compactos, jamais tiveram um 'hit' nas paradas que sustentasse a confiança da gravadora a ponto de investir em um álbum inteiro. Com mudanças, os novos integrantes injetaram novas perspectivas à banda, e o som foi mudando. Após o baterista assistir um show do Pink Floyd, incentivou todos a seguir a corrente deste 'novo som'.

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A esta altura, The In Crowd era composta por Keith West (vocal), Steve Howe (guitarra), Junior Wood (baixo) e Twink Alders (bateria). O repertório, que era essencialmente r&b e soul, com dezenas de covers de Ray Charles e Otis Redding, mudou, passando a ser composto de canções próprias, as letras sendo sempre responsabilidade de Keith West. Steve Howe, que gostava de solar e dificilmente repetia o mesmo solo duas vezes, levou a banda a improvisar mais, proposta muito incentivada pelo baterista Twink. Quando tentaram se apresentar em um novo clube psicodélico chamado UFO, foram recusados simplesmente pelo nome e pela aparência. Foi quando compraram roupas mais na moda e mudaram o nome da banda para Tomorrow.

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Ao tentar novamente uma audição no UFO Club, agora trajando toda uma nova roupagem, no corpo e no som, não só ganharam a oportunidade de uma audição, mas o som do Tomorrow impressionou tanto que foram logo colocados para abrir os shows do Pink Floyd. A receptividade da banda ao vivo foi tanta, que quando o Pink Floyd fez a transição de clubes para teatros, foi Tomorrow a banda escolhida para substituí-lo.

Boa parte do ano de 1967 pode ser considerado como a fase gloriosa do Tomorrow. Abriram para bandas como Pink Floyd, Soft Machine e até Jimi Hendrix, que, certa noite, foi assisti-los e subiu no palco para tocar com eles. Com o contrato com a Parlophone ainda valendo, foi escalado o produtor Norman Smith, mesmo do Pink Floyd, para cuidar do primeiro compacto de estréia da banda. No entanto, a banda e o produtor não se entenderam muito bem e Norman foi afastado, entrando no lugar o alemão Mark Wirtz, que já havia trabalhado com Steve Howe.

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De fato, a alquimia entre Wirtz e o resto da banda funcionou muito bem e em maio o selo lançou o primeiro compacto da banda, "My White Bicycle/Claramount Lake" que não chegou a ser um hit. "My White Bicycle" é um dos melhores representantes do que foi o som psicodélico daqueles tempos. Outro convite veio por parte do cineasta Michelangelo Antonioni que estava filmando Blow Up e precisava de uma banda para uma cena em particular. Keith West chegou a compor algumas músicas para o filme, entre elas "Blow Up" e "Am I Glad To See You", no entanto nenhuma seria aproveitada e Antonioni acabaria usando a banda The Yardbirds. Tomorrow no entanto acabou fazendo sua estréia no cinema ao participar de um filme de menor expressão chamado "Smashing Time" do diretor Lynne Redgrave. Nele, são apresentados com o nome de The Snarks, e fazem mímica para um tema já pré-gravado por outra banda.

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Paralelamente às sessões do que poderia render o próximo compacto da banda, Keith West estava trabalhando em um outro projeto que lhe veio à mente. Com a assistência de Mark Witz, os dois passaram a escrever e aprontar o que seria a primeira ópera rock da história, chamada apropriadamente de "A Teenage Opera." A gravadora se interessou pelo projeto e apoiou a gravação e lançamento de um compacto para testar a aceitação do público. Assim, em meio a trabalhos com a banda Tomorrow, saiu o compacto "Excerpt From A Teenage Opera" como projeto solo de Keith West.

Teoricamente um trabalho não conflitaria com o outro, pois eram estilos e perspectivas de público distintos. Todavia, na prática, houve uma tremenda interferência. Quando o compacto inesperadamente atingiu um sucesso estrondoso, chegando a No. 2 nas paradas Londrinas, a gravadora investiu em promover a imagem de Keith West. Lançamentos do Tomorrow foram suspensos para não confundir o público, uma vez que a imagem de Keith West estava toda associada com a opereta. A imprensa especulava que a grande ópera seria um álbum duplo com lançamento até o final do ano. Tamanha atenção foi dispensada ao trabalho que há quem especule que a noticia desta opereta teria o efeito de fazer Kit Lambert, então empresário do Who, instigar Pete Townshend a compor a sua própria opereta, que resultaria primeiro na canção "A Quick One While He's Away" e depois no álbum "Tommy".

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No entanto, Keith West ainda iria aprontar algumas outras composições para a opereta, o compacto "Sam" sendo o próximo lançamento investido pela Parlophone, conseguindo, porém, um sucesso moderado, chegando apenas a No. 38 nas paradas de sucesso. Embora o assunto fosse praticamente restrito a Londres e Inglaterra, quem chegasse à cidade não estava imune. Quando Frank Zappa esteve em Londres em setembro, ele foi levado à casa onde a banda toda morava, exclusivamente para conhecer os detalhes da proposta de West e sua opereta. Embora pouco impressionado com a falta de diretriz de West, Zappa depois teria comentado que achou os membros do Tomorrow um dos mais simpáticos grupos de pessoas que havia conhecido até então.

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Em setembro, Tomorrow lança finalmente o seu segundo compacto, "Revolution/Two Jolly Little Dwarfs". Este Revolution nada tem haver com a música homônima dos Beatles. A banda porém continuava com agenda cheia para shows dentro de Londres. Fora da capital Inglesa, poucas foram as excursões. Entre elas, rodaram o interior do país junto com bandas como Traffic, Move e Vanilla Fudge. A única apresentação no exterior foi na Irlanda, e mesmo assim, promovido como Tomorrow de Keith West. A sua fama pela Teen Age Opera obriga a banda a ficar em segundo plano. Em janeiro o disco da banda finalmente chega às lojas, no entanto, já existe um mal estar no grupo. O psicodelísmo já é noticia velha e não demorou muito para que o desinteresse no disco acabasse reforçando um desinteresse da própria banda em trabalharem juntos.

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Produzido por Mark Wirtz, o disco em si é um excelentemente trabalho, com arranjos psicodélicos e musicalmente ambicioso. Inclui ainda uma interessante versão para "Strawberry Fields Forever" dos Beatles. A versão chamou a atenção de John Lennon, que telefonou procurando saber da possibilidade da banda assinar com sua gravadora recém formada, a Apple Records. Infelizmente, estavam ainda amarrados a um contrato com a EMI/Parlophone, o que impossibilitou qualquer arranjo imediato.

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O disco poderia ter sido um marco, caso fosse lançado uns seis meses antes. Os fãs compraram o álbum e a crítica especializada falou bem do 'produto', porém o grande público aparentemente estava em outra. Tomorrow se tornara passado e em abril de 1968, quatro meses após o lançamento do disco, a banda estava oficialmente desfeita.

Twink convida Junior Wood para juntos formarem a banda Aquarian Age. Nela, além de Wood no baixo, Nicky Hopkins cuida do piano e Clem Cattini da bateria, enquanto Twink cuida das demais instrumentações. Embora a banda tenha durado não mais que um ano, e estando ainda sob contrato com a Parlophone, lançaram pelo selo seu único compacto, "10,000 Words In A Cardboard Box" com lado B, um conto de fadas chamado "Good Wizard Meets Naughty Wizard". Este compacto também seria produzido pelo alemão Mark Wirtz e está disponível como bônus na atual versão em CD da banda Tomorrow. Como também está a canção "Me", até então inédita do Aquarian Age.

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Twink seguiria depois para a banda The Pretty Things, e mais tarde, em 1970, se associaria ao The Deviants, os convencendo a mudar de nome, se tornando então The Pink Fairies. Voltaria mais tarde a tocar no Pretty Things, banda a que é geralmente mais associado. Wood se tornaria um crupiê em casinos na costa do Mar Mediterrâneo, conseguindo considerável fortuna através dos anos.

Keith West e Steve Howe continuariam trabalhando juntos, formando uma banda de suporte para a carreira solo de West. Esta banda sem nome, na prática, seria uma espécie de The Keith West Band. Entre os integrantes contam-se as colaborações de Ron Wood no baixo e Ansley Dunbar na bateria. O CD do Tomorrow também inclui quatro faixas desta banda. Keith West depois trabalharia como produtor de algumas bandas pequenas, entre os quais um dos projetos envolvendo Steve Howe antes dele ser convidado a se juntar ao Yes.

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O disco do Tomorrow, mesmo em tempos de vinil, continuou aparecendo e reaparecendo em diversas reprensagens. Como CD, ele pode ser encontrado, assim como também uma coletânea de outtakes e ao vivos que saiu recentemente em 2000. Este novo CD tem o colorido nome de "50 Minute Technicolor Dream" e tem faixas com qualidade auditiva duvidosa. Todavia o disco original da banda, simplesmente intitulado Tomorrow, realmente vale a pena procurar.

Tomorrow é:

Keith West: vocal
Steve Howe: violão e guitarra
Junior Wood: baixo
Twink Alder: bateria
+
Mark Wirtz nos teclados e produção.

Tracklist:

01. My White Bicycle (Hopkins-Burgess) [3:16]
02. Colonel Brown (Hopkins-Burgess) [2:51]
03. Real Life Permanent Dream (Hopkins) [3:15]
04. Shy Boy (Hopkins-Burgess) [2:25]
05. Revolution (Hopkins-Howe) [3:48]
06. The Incredible Journey of Timothy Chase (Hopkins) [3:16]
07. Auntie Mary's Dress Shop (Hopkins-Burgess) [2:43]
08. Strawberry Fields Forever (Lennon-McCartney) [3:57]
09. Three Jolly Little Dwarfs (Hopkins-Burgess) [2:25]
10. Now The Time Has Come (Hopkins) [4:50]
11. Hallucinations (Hopkins-Burgess) [2:37]

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Sobre Márcio Ribeiro

Nascido no ano do rato. Era o inicio dos anos sessenta e quem tirou jovens como ele do eixo samba e bossa nova foi Roberto Carlos. O nosso Elvis levou o rock nacional à televisão abrindo as portas para um estilo musical estrangeiro em um país ufanista, prepotente e que acabaria tomado por um golpe militar. Com oito anos, já era maluco por Monkees, Beatles, Archies e temas de desenhos animados em geral. Hoje evita açúcar no seu rock embora clássicos sempre sejam clássicos.
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