Guns N' Roses: Um grande show na FIERGS de Porto Alegre
Resenha - Guns N' Roses (FIERGS, Porto Alegre, 03/04/2014)
Por RUDSON XAULIN
Postado em 04 de abril de 2014
A segunda passagem do GUNS N’ ROSES pela capital gaúcha marcou o que todos esperavam: Um grande show! O espetáculo foi realizado na FIERGS, inicialmente era para ser no Gigantinho, mas a produção mudou o local do evento, e o abrigou no mesmo local da primeira passagem da banda por aqui, porém agora dentro do pavilhão da FIERGS e não a céu aberto como anteriormente.
O entorno do evento ganhou reforço policial, congestionamento, centenas de vendedores ambulantes e linhas especiais de transporte. Tudo estava preparado para receber, mais uma vez, AXL ROSE e sua trupe. Mesmo com ingressos pra lá de salgados, o público era bem expressivo desde o inicio do dia, e quando se deu a abertura dos portões, a fila era gigantesca, aquela de "dobrar o quarteirão". Era um sinal claro de que o show prometia.
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A apresentação de abertura ficou a cargo da GUNPORT, banda que era completamente desconhecida do grande público, mas que fez uma apresentação muito consistente e foi muito aplaudida, mas principalmente respeitada. Infelizmente informações sobre a abertura do evento demoraram a surgir, e a apenas dois dias antes do show é que rumores sobre a GUNPORT ser a abre alas começavam a pipocar na internet. Se fosse divulgado com mais antecedência, o publico teria ido atrás dos sons do grupo e estaria mais familiarizado. Mas mesmo assim, a GUNPORT fez um belo show e ganhou o público ali, na marra e no palco. Não houve hostilidade com a banda, o que nunca deve ocorrer quando se tem um trabalho de qualidade e feito com muita dedicação. Então a GUNPORT está de parabéns.
Ainda durante a apresentação de abertura, a plateia foi agraciada com a chegada do GUNS N’ ROSES a um camarote que ficava na parte mais alta do local. Mas a cada aparição de algum integrante do grupo norte americano, o publico ia ao delírio. A única certeza que todos tiveram era de que um novo atraso de quase cinco horas não iria se repetir em Porto Alegre, o que era justo! Águas passadas...
O GUNS N’ ROSES subiu ao palco um pouco atrasado, claro, se não, não iria ser o GNR. Mas nada que pudesse atrapalhar o espetáculo ou deixar o público demasiado irritado. Quando tudo teve início, os telões acenderam e mesclavam a imagem de uma caveira, cravada com duas rosas, o logo da "South American Tour 2014" era visto por todos. AXL ROSE surgiu no escuro, e logo se recolheu a uma espécie de camarim montado ao lado do palco. Depois foi a vez do atual logo do grupo aparecer em todos os telões e a introdução de CHINESE DEMOCRACY foi ouvida, era a hora que todos esperavam. Lá em cima da bateria de FRANK FERRER, em um local que ficava a uns dez metros do chão, surgiu DJ ASHBA e sua cartola esquisita. Quando os riffs da guitarra começaram, AXL ROSE surgiu no palco com sua jaqueta azul, calça jeans decorada, seu tradicional chapéu e óculos escuros. O simples passar do vocalista pelo palco era um momento de frenesi geral. E com isso, AXL ROSE deu um simplório sorriso.
Logo de inicio ficou visível que AXL tem uma banda muito competente ao seu lado, onde escolheu músicos de alto nível para partilharem do palco e dos velhos sucessos do GUNS N’ ROSES ao seu lado, isso é inegável. O primeiro momento de grande explosão do show veio já na segunda música, WELCOME TO THE JUNGLE, clássico absoluto do grupo e um ícone do HARD ROCK dos anos 80’, um hino. Ali a FIERGS veio abaixo e não havia ninguém parado por lá. Era possível sentir que tudo tremia, bem abaixo dos seus pés. Com WELCOME TO THE JUNGLE e seu berro inicial, vimos que AXL ROSE estava mesmo por ali. Os mesmos trejeitos, as mesmas danças desengonçadas que encantaram uma geração inteira, o mesmo frontman, tudo ainda esta presente no já veterano vocalista.
Depois tivemos IT’S SO EASY, onde TOMMY STINSON se destaca no baixo, canção essa que é outra pedrada do divisor de águas APPETITE FOR DESTRUCTION. Na sequencia foi à vez de MR. BROWNSTONE, onde se percebia um problema de equalização do som, mas para os presentes, o show seguia sem delongas. Nessa faixa também tivemos um momento engraçado, onde o baixista TOMMY STINSON deixou de fazer suas partes nos backing vocals em um momento da música, percebendo que seu companheiro não cantava junto, AXL ROSE olhou para os lados procurando pelo baixista, e o encontrou papeando com algum membro da equipe perto do canto esquerdo do palco. Depois, tudo normalizado.
Quando ESTRANGED ecoou por lá, deixou os marmanjos com o coração na mão. Uma das músicas mais belas e emblemáticas do grupo, hoje só é realizada ao vivo graças a uma campanha feita por fãs para que a mesma fosse executada no ROCK IN RIO de 2011. AXL ROSE atendeu a aquele pedido, e desde então, ESTRANGED esta quase sempre presente no atual set list do grupo californiano. Mas foi um grande presente poder ouvir uma das músicas mais aclamadas da banda ao vivo, foi um momento muito bonito do show.
O baterista FRANK FERRER fez as honras e ROCKET QUEEN foi a próxima a dar as caras, e com ela, imagens de mulheres de todos os tipos, sabores e modelos percorriam os telões. Telões esses que se destacaram no decorrer do show. Eram dois grandes nas laterais, mais dois grandes ao fundo do palco, e ao centro, uma média de doze telas de led complementavam a arte visual do palco. Conforme o tipo de imagem que eles reproduziam, um efeito muito bonito era apreciado. Como em BETTER, com letras japonesas para todo o lado, que pareciam que iriam cair dos telões a qualquer momento. Mas, foi nessa faixa que o grupo enfrentou mais um problema técnico, e AXL ROSE interrompeu o show com seu já clássico: "Stop, stop, stop". Um calafrio percorria a espinha dos fãs, pois o frontman é imprevisível. AXL reclamou do som, que foi ajustado e a canção foi tocada desde o inicio. Só assim AXL se dirigiu ao publico, para pedir desculpas pelo ocorrido.
Porto Alegre foi agraciada por mais um presente, USED TO LOVE HER foi tocada e tirou todo mundo do chão. Com uma versão que lembrava a de LIVE ERA, a música foi concebida ao publico pela primeira vez nesta turnê. É um fato raro ouvi-la diretamente do GNR se não fossem por suas apresentações acústicas que circularam a internet há alguns anos, com todas as guitarras como presenciamos, não é uma coisa que acontece todos os dias. Depois ainda tivemos NICE BOYS, pedrada dos tempos de outrora e que fez os fãs saudosistas tremerem. Ali AXL mostrou um vocal rasgado e potente, e diferente do que ouvíamos ou lemos por aí, o líder do grupo ainda mostra uma vitalidade impressionante para alguém com mais de meio século de existência.
Depois do solo de guitarra de RICHARD FORTUS, tivemos LIVE AND LET DIE, mais um momento de agitação do publico, e AXL a finalizou como sempre fez, levando o seu pedestal do microfone na altura do peito, e ficando imóvel ate o apagar das luzes. Mais uma das "novatas" apareceu no set, foi à vez de THIS I LOVE, que deixou o publico mais morno, mas mesmo assim a maioria cantou com AXL, mostrando que pelo menos em Porto Alegre, o ultimo trabalho do grupo foi bem recebido. Depois espaço para TOMMY STINSON se destacar mais uma vez, assumindo os vocais para HOLIDAYS IN THE SUN, cover de SEX PISTOLS, e assim temos mais um baixista punk no GNR. Depois foi DIZZY REED quem fez seu solo de teclado, dando mais tempo para AXL ROSE recuperar seu fôlego, como sempre fez, desde que o GNR é o GNR.
CATCHER IN THE RYE também teve espaço entre os clássicos do grupo, e dentre as novas canções, foi uma das mais bem recebidas pelo público. AXL ROSE usa do seu tempo "livre" para ir ao camarim para fazer suas já típicas trocas de figurino. Mas nesta turnê ele se restringe a trocar de jaquetas e chapéus. A troca de figurino é uma marca do vocalista, e isto já é habituado ao universo dos fãs do grupo, ou seja, AXL ROSE sendo AXL ROSE. Depois foi a vez de FRANK FERRER destruir tudo com YOU COLD BE MINE, um dos carros chefes do GUNS N’ ROSES, mas ficou claro nessa canção que AXL usa mais o falsete para seguir com o cantar da velha música. Em uma "recente" entrevista, ele mesmo se fez a pergunta do porque de ter gravado a canção em um timbre tão alto. Hoje, AXL sente a falta do seu drive, mas lembrando que ele esta acima dos cinquenta anos, então ele se esforça para dar o melhor que ainda tem.
Depois foi a vez de DJ ASHBA fazer seu solo de guitarra e todos sabiam que a próxima canção era a que faria a FIERGS ser apenas um grande coração pulsante. Assim a lendária SWEET CHILD O’MINE veio à tona, e foi o segundo momento de explosão da noite. AXL ROSE ficou abafado pelo publico, e não havia ninguém lá que não estivesse cantando e berrando a plenos pulmões verso por verso da música. Destaque para um menino, que estava na grade e ficou lá, chorando muito quando ouviu possivelmente a música que queria ao vivo, uma nova safra de fãs do grupo estava por toda parte do local. E isso mostra que o GNR vai ainda conquistando novos fãs e mantendo seu nome, como pode, no mural da historia do rock n’ roll.
[an error occurred while processing this directive]O terceiro momento de explosão veio na sequencia, quando o piano de AXL surgiu debaixo da bateria de FRANK FERRER, todos mais uma vez sabiam o que estava por vir, mas quando NOVEMBER RAIN ecoou, foi um dos momentos mais belos do show. E lá estavam pessoas chorando, braços ao ar, isqueiros, luzes de celulares e toda a magia de uma balada sagrada do rock n’ roll, momento inesquecível. Depois foi a vez de RON THAL se destacar no show, e assim tivemos ABNORMAL com o guitarrista nos vocais. Depois, mais um presente, o tema da vitoria de AYRTON SENNA na guitarra, e ali, o músico foi ovacionado pelo público. Tiro certo com uma homenagem a um saudosista herói de nossas terras. DON’T CRY apareceu de mansinho, com RON THAL pedindo para que o público cantasse os versos da música, só depois que AXL surgiu e fez todo mundo se emocionar mais uma vez. RON THAL merece certo destaque, pois sua técnica com a guitarra é incrível, um excelente músico, talvez ficando apenas atrás de BUCKETHEAD (ex-guitarrista) em termos técnicos, e veja bem eu disse, técnicos...
Mais um clássico pairou no ar, foi à vez do cover para KNOCKIN’ ON HEAVEN’S DOOR de BOB DYLAN fazer todo mundo cantar com a banda. Uníssono, um clássico e um cover refinado, ingredientes infalíveis para mais um belo momento do show. Terminando a primeira parte do espetáculo, tivemos NIGHTRAIN, que ficou marcada mais uma vez pelo falsete. Mas mesmo assim, a pegada da canção levantou o publico e a poeira do chão, deixando um pequeno espaço para o bis que certamente viria.
Com RON THAL e RICHARD FORTUS com violões, ficou obvio quem viria para alegrar a noite dos gaúchos no começo do bis. E assim, PATIENCE e seu assovio inconfundível levaram milhares de pessoas a cantar mais uma vez com AXL no comando dos versos. Ao final da canção, AXL fez sua voz lembrar mais uma vez os velhos tempos, e tivemos um vocalista se esforçando para dar aos seus fãs uma boa recordação da noite: Que ele ainda tem lenha para queimar e fez o possível para nos dar um bom show. Depois mais um espaço para cover, desta vez do THE WHO, com a música THE SEEKER e para finalizar, como era esperado, PARADISE CITY e tudo veio abaixo mais uma vez. Tivemos a chuva de papel picado, sentimos falta de CIVIL WAR, mas foi um final muito festejado e barulhento. Sorte do fã que conseguiu segurar o microfone que AXL jogou ao final do show. Depois o grupo voltou apenas para ser saudado e agradecer ao carinho público, e com luzes acesas, fim de show.
[an error occurred while processing this directive]O GUNS N’ ROSES fez uma apresentação superior a de 2010, com um público menor e em um local que não permitia o uso dos fogos como da ultima vez. AXL e sua trupe tiveram que se esforçar e muito para darem aos fãs uma apresentação que consistia apenas em música ao vivo, longe de truques, fogos ou fumaça, e eles conseguiram. Que a espera não demore mais quatro anos e que logo o próximo disco saia, não demorando mais uma década, assim quem sabe o velho megalomaníaco não passa por aqui de novo? É esperar e torcer.
NOTA 1: A produção do show por parte da HITS ENTRETENIMENTO pecou bastante com o público. O primeiro erro foi na falha e demorada divulgação da banda de abertura, ainda bem que a GUNPORT fez um show de grande respeito. Depois, a confusão para a venda de ingressos para a "Jungle Zone", que chegavam a quase R$ 600,00. Isso porque no mapa de divulgação do evento, o grupo que comprava a "Jungle Zone" ficaria em frente ao palco, em uma área que abrangeria 40% do palco, dividindo o saldo disto com a pista "Paradise". Mas o que se viu foi que a pista "Paradise" (mais barata que a "Jungle Zone") estava 100% a frente do palco, deixando as pessoas que pagaram pela "Jungle Zone" em um ponto lateral, com visibilidade abaixa do esperado, divulgado e pago pelo serviço. Acredito que a HITS ENTRETENIMENTO pecou ao achar que o público da "Jungle Zone" estava indo naquela pista pela bebida e comida liberada, o público queria mesmo um bom lugar para ver o show, e isso, infelizmente, não foi o que recebeu.
O pessoal da "Jungle Zone" que chegou ao local assim que os portões se abriram, viram o erro, e logo reclamaram. Assim foram acomodados a frente do pessoal da "Paradise", o que já implica no direito de quem pagou pela "Paradise" estar onde queria. Ou seja, foi ruim para todo mundo. E quanto aos "comes e bebes", servir macarrão com mortadela e um pouco de balas de cinco centavos, não faz disso um evento com "foods", e sim lembra mais uma festa de aniversario mal feita para crianças. E foi tanto desrespeito, que o pessoal da "Jungle Zone" estava passando cerveja de graça para o pessoal da pista "Paradise" por meio da cerca que dividia as duas plateias, e aos berros gritavam "não estou pagando mesmo". A HITS foi muito vaiada, e com razão.
NOTA 2: Preços abusivos no entorno de eventos, até para estacionar, estamos "acostumados". Mas na rua, uma garrafa de 500 ml de água era R$ 5,00. Dentro do evento, era R$ 10,00. Ou seja, tivemos pessoas passando muito mal, desmaiando, sendo carregadas e foi preciso que AXL visse isso, jogasse água para as pessoas, saísse do palco, xingar alguém, e só assim a produção deu um jeito de distribuir água DE GRAÇA para as pessoas, até o final do show. Ou seja, as coisas por aqui estão longe de funcionarem como queremos, mas principalmente, como pagamos.
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